segunda-feira, 28 de abril de 2008

... coisas que eu sei....

Tenho alguns medos agora. Problemas. Previstos e imprevistos. Mas nada disso me impede de sorrir. Nada me impede de acreditar que as coisas estão voltando pro seu lugar. Eu estou no meu lugar. Que é comigo. Com amigos que entendem que eu não sou perfeita, não me julgam mesmo quando não me entendem, me matam de rir e param de fazer perguntas quando sentem que eu não sei as respostas. Como eu poderia não sorrir sabendo que tenho tão poucos amigos, mas que eles são tão bons, e tão meus?

Não é fácil se conhecer. Olhar pra si mesmo e entender os seus defeitos. Pra mim, sei que ainda falta muito. Mas eu não estou com pressa, tenho o meu tempo. Que corre conforme a minha música. Nos últimos anos o ritmo foi um pouco difícil de acompanhar. Minha música saiu do compasso e acelerou demais. De um jeito que eu não conseguia entender. Vivi várias vidas em alguns meses. Surtei, fiz loucuras, sofri e me acabei.

Muitas vezes acordei sem saber quem eu era. Sem gostar de quem eu era naquele momento. E sem ninguém pra segurar minha mão, olhar pra mim e dizer que eu só era alguém normal, passando por uma fase difícil. Doeu. Mas só por isso agora eu posso me olhar e me sentir mais mulher, mais adulta e começar a me entender. Eu não preciso posar de boa moça pra ninguém. Nem pra mim. Agora eu sei que têm algumas coisas aqui dentro que não são muito legais. Mas que são minhas e que eu tenho que aceitar. Mesmo sabendo que eu continuo errando, tropeçando nos meus próprios pés, eu me aceito. Por inteiro.
Quando me aceito, me sinto livre. Liberdade todo mundo tem. Mas se sentir livre, é outra coisa. Não tem explicação. Depois de ouvir tanta gente me julgar sem entender e pensar que eram essas pessoas que me faziam sofrer, eu consegui, finalmente, entender qual era o problema. Podem falar o que for, podem jogar meus erros na minha cara como se nunca tivessem errado. O problema está aqui, comigo. Eu só posso ser vítima de mim mesma. Ninguém mais tem esse poder. O que dói não é o julgamento dos outros, mas o meu julgamento. Eu não quero mais me julgar. Por que entendi que me perdoar é mais difícil do que perdoar as outras pessoas.

Agora eu me perdôo pelas vezes que eu não me respeitei e passei dos meus limites. Por que fui eu que me machuquei. Mais ninguém. E sabe do que mais?? Não aceito mais julgamentos. Ofensas e críticas sem sentido já não me afetam mais como antes. Não engulo mais que falem de mim como se me conhecessem. Minha garganta já fechou de tanto engolir sapos. E as pessoas que me importam são aquelas que me trouxeram um copão cheio de água pra engolir tudo de uma vez e respirar de novo.
Só eu posso saber como é ser eu. E não adianta vir aqui e tentar me parar. É perda de tempo. Nem tudo está bem, mas eu tenho forças pra correr atrás do que eu preciso. Pode demorar. Posso errar a mão. Posso bater com a cara na porta mil vezes. Cair, me machucar, me quebrar em mil pedacinhos. Mesmo assim eu vou. E não adianta. A dor é minha e a cura quem tem sou eu.


segunda-feira, 7 de abril de 2008

... escolha...

Amor a gente não consegue escolher. Acontece. Talvez fosse mais fácil se tivéssemos escolha. Mas a verdade é que, se eu pudesse escolher, ainda assim escolheria você. Sem hipocrisia. Escolheria você naquele momento mesmo. Que era o nosso. Não tinha jeito. No meio de toda aquela confusão a gente se encontrou como tinha que ser.
Tudo bem, a gente sabia que não seria fácil. Mas também não dava pra saber lidar com tanta coisa ao mesmo tempo. Intensidade, problemas, felicidade, dores, algumas certezas e muitas dúvidas. E o meu coração, que não sabia muito dessas coisas de amor, se juntou ao seu, que se sentia pequeno diante de um sentimento gigante e desconhecido. Aconteceu. Mesmo depois das nossas tentativas de fuga. Mas e se existisse escolha, será que a gente mudaria alguma coisa? Afinal, ninguém gosta de sofrer, de errar como a gente errou. Mas foi errando e sofrendo que a gente aprendeu. A gente entendeu que o que a gente teve quase ninguém consegue ter. E a gente aprendeu uma dura verdade: nada que é bom demais vem de graça.
Nos tempos mais difíceis tivemos um ao outro. Nos ajudamos. Nos apoiamos. E tivemos momentos que fizeram tudo valer a pena. Momentos, cheiros, gostos e frases perfeitas que eu não troco por nada. Que são só nossos e nos fazem cúmplices de um crime perfeito. E cumplicidade, meu bem, não é pra qualquer um não. É pra quem pode. 'Bonnie and Clyde' que nada! Nós que sobrevivemos a uma rajada de balas, eles não. Saímos dessa história machucados, mas vivos. E ainda cúlplices.
Quem eu sou hoje tem muito de você. E eu sei que quem você é hoje tem muito de mim. E também sei que hoje a gente gosta da gente. Eu gosto de mim e você gosta de você. Essa não foi uma conquista fácil. Gostar de alguém é muito mais fácil do que gostar de si mesmo. E foi gostando um do outro que a gente aprendeu que não dá pra amar ninguém sem se amar primeiro. Ainda estamos aprendendo, é verdade. Mas os primeiros passos, aqueles mais difíceis, a gente já deu.
E é por isso que ainda sobrou muita coisa aqui. Sobrou uma parte de nós que quer o melhor pro outro. Não importa como, nem com quem, nem quando. O que sentimos é mais do que amizade. Isso é verdade. Não temos interesses escondidos e não somos parte de nenhuma estatística. Não dá pra colocar a gente num pacote e rotular como todo mundo faz. Não tem a resposta mais simples. Aquela que todo mundo entende ou espera. O melhor é que gente percebeu que não importa o que o resto do mundo pensa. O que importa é o que só nós dois sabemos, entendemos e sentimos. E é inútil tentar explicar.
Temos nossos limites. Mas também temos algumas vantagens sobre alguns amigos. Sabemos muito um do outro. Informações privilegiadas. Coisas que quase ninguém sabe. E a intimidade que a gente teve nos dá liberdade pra conversar sobre assuntos que outras pessoas não conseguiriam entender.
Parece complicado, mas pra mim é só uma questão de sorte. Muita sorte. A gente sentiu coisas demais. Doeu. Aí o tempo passou. Vieram fases, mal-entendidos, brigas, amigos... E hoje, depois da tempestade, a gente ainda consegue conversar por horas e se re-conhecer. Lembrar da parte que tínhamos esquecido no meio do turbilhão. Do quanto a gente se diverte e se dá bem, independente de tudo. Do quanto é bom rir de coisas que só a gente sabe. Entendemos que não tem sentido ocupar espaço dentro da gente com coisas que já perderam a validade e que nos impedem de fazer o que temos vontade.
Hoje não existe nada que nos impeça de cultivar uma amizade que nos faz bem. Por mais improvável que possa parecer. Pode ser improvável, difícil e estranho pra muita gente, mas somos a prova de que não é impossível.
Não dá pra explicar a delícia que é te olhar e ver que hoje você me entende de um jeito que não entendia antes. E como é bom te entender também. A gente cresceu e aprendeu a ouvir o outro. A ouvir sem ruídos. Sem egoísmo. E sem confundir os sentimentos. Não, não tem jeito de saber de tudo, entender tudo. Não precisa ter pressa. A gente ainda tem tempo pra entender o que ainda não entendemos agora. Mas o mais importante a gente já percebeu: o que vale a pena nessa vida é ter coisas lindas pra lembrar e alguém com quem contar. Isso tudo a gente têm.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

... quando explicar perde o sentido...

Queria explicar isso aqui que está dentro de mim. Mas não sei se existem palavras que me traduzam agora. Hoje é um daqueles dias em que nada acontece. As horas demoraram a passar. Saí do trabalho e fui pra casa quase como um robô. Não me lembro muito bem do caminho que fiz. Mas cheguei. Cheguei e me lembrei de você. Liguei a TV, mas não consegui me concentrar em nada daquilo. Parecia que você estava ali. Do meu lado. Eu estava cansada, te contando o meu dia estressante. Você me ouvindo e dizendo que adorava me ver vestida de executiva.
Fecho os olhos e coloco minha cabeça no seu peito. Você segura o meu rosto e me cala com um beijo. E aos poucos eu deixo de ser uma jornalista vestida de executiva. E me transformo numa menina boba, apaixonada e louca. E depois, com as nossas roupas todas emboladas no chão, a gente ri. O mundo pára. A gente não fala mais nada. E você encaixa o meu corpo todo no seu abraço forte. Eu estou nua, exposta, aparentemente vulnerável, mas inexplicavelmente segura. Com a certeza de que aquele era o único lugar em que eu queria estar.
Mas a verdade é que eu estava sozinha. Sozinha no meu quarto ouvindo palavras desconexas que pareciam estar vindo da TV. Fiquei lá, meio inconsciente, meu lúcida. Sem entender direito quem eu era. E o que o seu cheiro estava fazendo lá, no meu quarto. Queria sair, enlouquecer, jogar tudo pro alto, beber e esquecer você. Não deu. Fiquei lá. Procurando alguma coisa em mim que eu não sabia o que era. Alguma coisa só minha, que não tivesse você. E o que encontrei foi uma meia barra de chocolate Hershey's e uma camisa larga que você me deu por que eu gostava de dormir com ela. Ali, no chão. E eu me senti assim. Perdida no meu próprio quarto.
Estaria mentindo se dissesse que não senti raiva. Não gosto de me perder. De não ter controle. E eu percebi que não estava conseguindo lutar. Eu já estava caída na lona. Fui a nocaute no primeiro assalto. Você veio, e de um jeito insuportavelmente despretensioso tirou a chance de todas as bocas, abraços e cheiros. Me tomou como sua sem me dar chance de defesa. E me proibiu de ser de qualquer outro.
Eu precisava falar. Mesmo sem você estar lá pra ouvir. Precisava falar que nenhum beijo tirou o meu fôlego como o seu. Nenhuma língua soube percorrer todos os caminhos do meu corpo como a sua. Não adianta usar o mesmo perfume. O seu cheiro, ninguém tem. Até tentam dizer as palavras certas. Mas, você sabe, comigo palavras certas não funcionam. Gosto da surpresa. De uma cantada ruim, que me deixe com cara de boba. Por que quando alguém te rouba o chão, as palavras simplesmente saem. Parecem não ter sentido. E a gente percebe que o lindo da vida, o que faz diferença, é aquilo que a gente sente, mas não consegue entender.
P.S.: Antes que alguém me pergunte, o que escrevo aqui não reflete necessariamente o que eu sinto agora. Esse texto (além de vários outros) foi escrito muito tempo atrás. Mas, como diz a Fê Mello, o bom de escrever é que as palavras não têm prazo de validade. E sempre vão fazer sentido pra alguém.

terça-feira, 1 de abril de 2008

...Ok, você venceu. Chega de batata frita...

Entre as coisas que eu não entendo no mundo estão as pessoas que gostam de academia. Aqueles que malham por prazer. Na verdade, além de não entender, sinto uma pontinha de inveja. Como alguém pode deixar de lado tantas opções junkie existentes na vida para malhar e depois comer uma maçã?? Já tive minha fase de malhadora compulsiva. Aí cansei e decidi ser sedentária forever. Mas diante da pressão das amigas, da sociedade e das minhas calças jeans antigas me rendi e decidi entregar os pontos.

E olha, não é fácil. Depois de meses cultivando o sedentarismo regado a baladinhas durante a semana, cervejas, petiscos e chocolates, eu parei e pensei: é, não estou mal. Meus músculos não são aparentes, minha bunda não é super durinha, mas ainda to bem. Ainda. Aí que a coisa pega. Quando a gente começa a chegar perto dos 30 nossos hormônios começam a gritar. Se antigamente eles gritavam: corre lá ficar grávida que você nasceu pra ser mãe, hoje em dia eles gritam: se você não correr atrás agora, quando fizer trinta vai ser a mais caída do mundo e aí a sua pose de mulher-vaidosa-inteligente e independente vai pro brejo.

Quando você fica muito tempo parada, voltar a fazer exercícios é altamente desanimador no começo. Aí tudo que você quer é ser transparente. O melhor seria ficar invisível naquele ambiente cheio de mulheres que não comem sobremesa, nem carboidratos à noite. Isso sem falar no medo da avaliação física. Quando eu sei que vou ficar ofegante com 10 minutos de bicicleta e vou querer quebrar tudo quando aparecerem com aquela pinça enorme de medir pneus. Se até nossas amigas mais magrinhas conseguem achar algum pneu apertando suavemente com a mão, imagina quando um profissional aparece com uma pinça gigante que consegue encontrar cada centímetro do pneu. E eu nem achava meus pneus tão grandes assim.

Pra mim virou uma questão de honra. Nem tanto pela cara de “não acredito que você está aqui” de todas as pessoas que eu conhecia na academia, mas por que eu preciso fazer alguma coisa mesmo. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo, mas meu corpo pedia pela ginástica e eu não tinha mais pra onde fugir.

Depois da sensação de dever cumprido (não adianta, mas o melhor da academia sempre vai ser a hora que eu estou indo embora) o corpo inteiro começa a doer. Tem gente que diz que é comum, é um sinal de que está funcionando. Na verdade pode ser uma substância anti-ginástica liberada pelo meu cérebro, tentando me fazer desistir. Junto com a dor, escuto vozes bem baixinhas dizendo: “pára com isso, abre uma cerveja e um saco de salgadinho-isopor-com-sal, depois come um chocolate e vai dormir feliz”.

Ainda não sei o que vai acontecer. Provavelmente vou insistir. As vozes estão menos radicais agora e estão chegando a um denominador comum entre o sedentarismo e a malhação. Não, não dá pra me transformar numa mulher-salada com complexo de Barbie do dia pra noite. Mas dá pra maneirar um pouco. Cervejinha agora só no final de semana. Mas alguém aí me explica: final de semana pode começar na quarta-feira se eu for pra academia todo dia?