...Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho....
Eu amo o Cazuza. Podem dizer o que for. Que ele era mimado, egoísta, teve a segurança de um pai rico e vivia para satisfazer as suas vontades. Eu não o amo pelo seu estilo de vida. Amo porque o que ele canta parece sair de dentro de mim. Porque ele entende as mulheres e o amor. Ele era ariano. Eu, leonina, assim como ele, não gosto muito de pedir licença. Entro e arrombo a porta. Medo de me mostrar? Não tenho. Nem de parecer boba, infantil ou ridícula. Como ele disse uma vez: “Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho”.
E é assim que funciona. Não dá pra viver sem se expor, sem amar demais, sem um pouco de loucura. Não sei viver mais ou menos, dizer meias palavras, tomar leite morno, entrar na água sem molhar os cabelos ou andar nas pontas dos pés. Sei que não sou fácil. Mas também sei que sou melhor quando posso ser eu mesma. Quando posso me perder e me encontrar do meu jeito meio torto.
Tem algumas coisas em mim que quero mudar sim. Quero ser mais saudável e não só vegetariana. Quero gostar da academia, ser mais organizada e menos desligada. Ter mais cuidado com as palavras que falo e ganhar um pouco mais de “malandragem” talvez. Mas tenho alguns defeitinhos que fazem tão parte de mim. Que se ficar sem eles vou me sentir pelada andando pela rua. Também não vou falar deles agora. Não estou afim. E eles são meus. Quem quiser sentir o gosto não pode ter medo de se queimar. Ou de se surpreender.
É uma coisa estranha essa de ter orgulho de defeitos. O nome já diz. Defeito. Não parece bom. Mas eu, leonina, gosto de alguns dos meus. E chego até a cultivá-los. Meus defeitos me aproximam de mim.
Desculpe. Mas como disse o poeta: ando muito egoísta e centrada em mim mesma para me incomodar com os outros.