quarta-feira, 28 de maio de 2008

... distância imaginária...

Coisa boba essa que a gente tem de fingir estar distante. De se fazer de forte. De mostrar pro mundo que não se importa quando tudo o que se queria fazer era o contrário: gritar bem alto o quanto certas coisas, e pessoas, são importantes. Fingir não se importar é muito mais difícil, exige muito mais esforço. A verdadeira proeza não é enganar os outros com a pose de forte, mas conseguir enganar a si mesmo. E quem consegue, se sente vencedor. O dono do mundo por acreditar na sua própria mentira e tomá-la como verdade. Só que, no final das contas, forte mesmo é quem consegue ser fiel ao que se sente. Mesmo quando parece ridículo. Mesmo quando parece absurdo. Porque o que a gente realmente quer é estar perto de todos aqueles que a gente gosta. E admitir isso é coisa pra quem não tem medo.

A gente escolhe algumas pessoas. E quando escolhemos não tem mais volta. Queremos estar perto. Não importa o quanto essas pessoas nos magoem, ou o quanto nós magoamos essas pessoas. As pessoas que continuam ali, de um jeito ou de outro, depois de tudo, são aquelas que valem a pena. Aquelas que têm que estar lá.

E quando estão por perto, não há muito que se falar. Elas nos deixam seguras, mesmo fingindo não se importar. A verdade é que as barreiras que a gente cria não conseguem manter quem realmente importa longe. Mas uma hora a gente tem que escolher. Ou ficamos perdendo tempo traçando linhas imaginárias que bloqueiam nossos passos, ou decidimos atravessar Passar por cima. E perceber que a vista que está ali, bem na frente da nossa barreira imaginária, é tudo o que a gente queria ver. E é tão simples. Só o que temos que fazer é passar pro outro lado. Às vezes, basta abrir os olhos.


segunda-feira, 19 de maio de 2008

... só uma certeza no meio de muitas contradições...

Vem cá. Volta pra cama. Volta pra esquentar meus pés e o meu peito. A gente passa o dia inteiro aqui. Sentindo o cheiro de mato e de terra molhada. Tudo o que a gente precisa hoje tá nesse quarto. Eu, você. O nosso cheiro. Nossos beijos. O seu braço me segurando forte. Seu cabelo bagunçado. Uma cama grande. Um edredom quentinho. O pijama rasgado que você adora. O som que a gente gosta. Nossas roupas jogadas no chão. Pra que mais? A gente se basta.
Você que sempre cuida de mim, me deixa cuidar de você hoje. Me deixa te ajudar a esquecer o mundo lá fora. O que eu quero hoje é te mostrar que você é muito maior do que você pensa. Mais especial. Mais importante. Mais amado e mais querido. Você é mais. Você é do tamanho da minha vida. Do meu mundo. Do tamanho de todos os meus sonhos. É a minha verdade.
Eu sei, tá tudo muito difícil. Às vezes a gente olha e parece que os problemas não têm fim. Que isso não vai passar. Mas no fundo você sabe. E eu também. Não é tudo que a gente consegue mudar. Vai doer. E pode ser que não passe nunca. Mas aí temos que aprender que, na vida, algumas dores vão estar sempre dentro da gente. E isso não nos impede de viver. Por que tudo vale a pena quando temos pessoas com quem contar. Eu estou aqui pra você. Sempre vou estar. Eu e mais algumas pessoas que te amam incondicionalmente.
E mesmo quando a vida é injusta, não tem problema ser feliz. Você merece. Eu também. Aí a gente fica aqui. Onde tudo parece seguro. E aproveita a única certeza que a gente tem, nesse mundo cheio de contradições, absurdos e injustiças: o nosso momento é agora.

maio/2006

terça-feira, 13 de maio de 2008

... falha na comunicação...

Eu não sou pretensiosa a ponto de acreditar que, um dia, vou entender os homens. E também não acho que eles vão nos entender. Mas de uma coisa eu tenho certeza. Todos nós pecamos por ignorarmos as diferenças. E o que tenho notado é que muitos homens perdem momentos que poderiam valer a pena por nos considerarem todas iguais.
O fato é que eles sempre acham que a gente quer namorar. Noivar. Casar. Eles acham impossível uma mulher sair mais de uma vez com alguém sem nenhuma intenção de fazer o cara se comprometer com ela. Vou contar. Sim é possível. Meninos, a gente já aprendeu a separar as coisas faz tempo. Embora muitas digam que não, eu duvi-de-o-dó. Isso não quer dizer que basta ser homem pra gente ficar com vontade de ficar. Não é nada disso. Para a maioria de nós, é preciso uma sintonia. Química. E pelo menos um pouco de conversa. Mas não necessariamente um sentimento que vai virar compromisso.
Não saio por aí ficando com vários caras, embora não condene esse comportamento. Já tive uma fase dessas e vi que não combina comigo. O fato é que, quando fico com alguém, seja lá quem for, me dedico. Mesmo se for só por um dia. Acho que a vida é feita de momentos e a gente tem que aproveitar todos eles. Do melhor jeito possível. Eu sou transparente. Não sei fingir. Mas calma lá. Isso não quer dizer que você me conhece. Não me conformo com homens que têm a pretensão de me analisar logo de início. Não custa deixar passar um tempo. Não precisa ter medo de surpresas. Por que elas vêm. Mesmo quando você acha que já viu de tudo.
Se você tem medo de mulheres que manifestem suas vontades, pode dar meia volta. Comigo não dá mesmo. Tomo a iniciativa de vez em quando, mas gosto de ser conquistada. Gosto de homens que não têm medo de se mostrar e de ligar quando sentem vontade. Mas tem uma coisa, tudo tem limite. Você nunca vai me vencer pelo cansaço. E eu também não vou tentar isso com você. Tenho bom senso.
Cuidado quando for tentar me interpretar. Sou diferente mesmo. Não sou mulher de passar vontade e odeio fazer joguinho. Não gosto de pegação no pé. Mas se eu quiser te ligar eu ligo. Se eu ligar no dia seguinte, sorte sua, isso é muito raro. Mas não exagere, não quer dizer que você é o cara mais importante do mundo. Ou que eu estou apaixonada. Quer dizer simplesmente que eu quis ligar pra você no dia seguinte. E liguei. Simples assim.
A gente gosta de beijar. De conversar. Dar risada e se divertir. Igualzinho a vocês. Quer dizer, a muitos de vocês. Então, se as coisas vão bem no primeiro dia, a gente pode querer mais sim. E isso, definitivamente, não quer dizer que queremos engatar um relacionamento. E é aí que está o perigo. Pronto! Basta a gente dar uma mínima demonstração agradável pro cara achar que te conquistou. E aí ele sai correndo que nem uma criancinha assustada.
Quer dizer, ele pode fazer o que bem entender. Mas se você toma qualquer iniciativa que demonstre que quer manter contato e ele imediatamente pensa: ih, essa aí já se apaixonou, melhor pular fora. Aí ele diz: “somos amigos, né?”. Que amigos o que? Amizade se conquista. E não é beijando na boca. Juro, essa palhaçada me emputece. A gente pode, simplesmente, só querer uma companhia legal, dar uns beijos de vez em quando. E podemos até ficar amigos depois. Nada demais. Mas atropelar as coisas e discutir relação quando ela não existe realmente estraga tudo.
Às vezes a gente diz exatamente o que queremos dizer. Se eu falo: "estava pensando em você hoje", quer dizer, simplesmente, que eu estava pensando em você, só isso, mais nada. Não tem mensagens subliminares. Chega um momento em que a gente pára de se preocupar e faz o dá vontade. Se quero ligar, ligo. Se quero falar, falo. Se tenho vontade de ver, vejo. Isso é praticidade. Só isso e nada mais.
É uma delícia quando a gente alcança esse status super desejado de mulher bem resolvida. Que simplesmente faz o que tem vontade e não se preocupa com as traduções mal feitas das nossas frases. E assim ficamos, por um longo período. Por que a gente também tem medo de se envolver. Assim como vocês. Mas não temos medo de tentar. De aproveitar bons momentos com alguém legal.
Até que um dia, felizmente, alguém consegue quebrar essa barreira enorme que a gente construiu pra não deixar ninguém entrar. É difícil. Mas uma hora aparece um cara que tem coragem de chegar mais perto. Que não tem medo das nossas esquisitices e nem das nossas frases mal colocadas. E a gente deixa. Porque somos livres. Porque temos o direito de acreditar de novo. O direito de ser brega, boba e bem mulherzinha.
* Esse texto já foi postado por aqui, mas foi modificado e atualizado, com novas informações. Por que a gente sempre aprende com eles.

terça-feira, 6 de maio de 2008

...conto de fadas ao contrário...

Era uma vez uma menina que sonhava muito. Sonhava alto. Estudou, batalhou e estava trabalhando onde queria. Onde ela queria naquele momento. Ganhava bem e adorava comprar. Roupas, sapatos, perfumes, maquiagens, tudo de grife de preferência, e sempre com o seu dinheiro. Aí ela arrumou o namorado perfeito. Eles se davam bem, ele tinha um futuro brilhante pela frente. As famílias se adoravam e as coisas corriam como ela queria. Namoraram bastante tempo . Depois se mudaram para um apartamento com uma vista linda pra cidade e uma decoração de revista.
E ela começou a planejar o casamento. Uma festa com tudo aquilo que tinha direito. Vestido de princesa (clean, por favor), festa de arromba, cardápio sofisticado, DJ da moda, 300 convidados e um ano de organização. Ele concordou. Era a festa dela. Dos sonhos de criança. E tinha tantas revistas de noiva e festa pra comprar, tanta coisa pra escolher e decidir que ela meio que parou de pensar nele. No cara que vivia com ela, com quem ela iria casar. Ela parou um pouco e pensou que não sabia o que ele queria. E, com certeza, ele não queria tudo isso. Mas ela nunca tinha ouvido de verdade. Também começou a ter dúvidas sobre o que, realmente, importava pra ela. E foi aí, bem nesse momento, que ela teve um estalo e entendeu que casamento não é uma festa. Não era a festa dela. Pra casar tinha que estar apaixonada. E ela descobriu que não estava. Descobriu que estava pensando tanto nela, que não sabia direito o que era amar alguém.
A menina percebeu que as coisas não eram tão fáceis como ela pensava. Ela viu que tinha roupas de todos os tipos, sapatos e maquiagens pra dar e vender, mas não tinha nenhum centavo guardado. Não tinha nenhuma coisa que era só dela. Carro pra quê? Ela sempre tinha carona. O apartamento era alugado. Depois de trabalhar cinco anos ganhando um salário de dar inveja, ela não tinha nada. Nada além das roupas, sapatos e alguns móveis que não combinavam mais em nenhum lugar.
E só pra complicar mais um pouco, apareceu um moço. Diferente. Dela e da maioria das pessoas que conhecia. Ele não fazia a barba, detestava cortar o cabelo, não ligava pra grife nenhuma, usava chinelo de hippie e calça larga. Ela olhou e, sem entender por que, achou lindo. Ele tocava violão de olhos fechados, tinha covinhas e sabia falar as palavras certas, ou palavras que pareciam erradas, mas, pra ela, faziam todo o sentido do mundo. Ele parecia livre. E ela perdeu o chão por que achou que ser livre era muito mais interessante do que ter uma vida de comercial de cartão de crédito.
Ela descobriu que estava perdida no meio daquela vida que pra todo mundo, parecia quase perfeita. E estava começando a entender quem era. Ela queria ser livre. Poder sentir tudo sem limites. E ela foi. Largou tudo e resolveu começar de novo. Ela não podia mais comprar todas as coisas que queria. Gastou com mudanças, dividiu os móveis da casa e percebeu que ela podia ter comprado só um pouquinho menos de roupas e guardado algum dinheiro.
Teve sorte também. Sem esperar, contou com ajuda de amigos, que ofereceram casa, comida e roupa lavada quando ela não sabia pra onde ir, nem o que fazer ainda. Depois morou sozinha e viu o quanto é difícil se organizar e ser independente. Dividiu a casa com algumas amigas e viu que se já não é nada fácil conviver com os seus próprios defeitos, mais complicado ainda é conviver com os defeitos e problemas dos outros. Se decepcionou, caiu e se quebrou em pedacinhos várias vezes. De repente, tudo tinha ficado difícil.
Mas, nesse meio tempo, ela também viveu uma história linda com o moço do violão. Uma história cheia de música, sensações e sentimentos que nenhum dos dois conhecia. Era tudo colorido, com direito a frio na barriga e beijos de perder o ar. Assim, igualzinho nos filmes. Só que não tinha meio termo. Era tudo muito intenso. Ou muito bom, ou muito ruim.
E além da confusão da cabeça dos dois, a vida tratou de complicar mais um pouquinho. Além do turbilhão de emoções, eles passaram por alguns dos momentos mais difíceis que alguém pode ter. Coisas que doeram de matar, que não têm explicação. Coisas que fizeram a menina entender que a gente pode ter tudo na vida, mas sem saúde e sem as pessoas que a gente ama por perto, fica bem difícil viver. Ela percebeu o quanto dói ver pessoas queridas sofrerem e o quanto é frustrante ser impotente diante de algumas situações que a vida impõe. Eles se ajudaram, sofreram e aprenderam. Depois se separaram.
O moço foi embora. Mas ela ficou e decidiu reescrever a sua história. Depois de mais uma dúzia de novas decepções e outros vários erros que ela cometeu, a menina descobriu que, aquela lá, do começo, era só um esboço da protagonista que ela queria ser. Aquela menina que gostava de roupas caras, baladas e namorados perfeitos é agora uma mulher simples. Que adora se arrumar, ficar bonita e não gasta mais rios de dinheiro pra isso. Ela ainda arruma o cabelo, adora passar lápis preto no olho, não vive sem rímel e blush. Mas acredita que a beleza está na simplicidade e na felicidade de se aceitar como é.
Ela descobriu que não sonha com uma festa de casamento de arromba. Ela não quer nem casamento, muito menos festa com buffet. Ela quer festa sem motivo. Rir com os amigos. Ela quer alguém que tire o chão dos seus pés. Que goste de coisas bobas e mulheres complicadas.
Alguém que acredite em conto de fadas, mas que seja realista também. Que adore noites estreladas... A lua. E que entenda quanta poesia existe nas coisas simples. Alguém que goste de surpresas. Que não tenha medo (por que ela tem muito medo às vezes).
Ela quer parar de se preocupar e rir até a barriga doer quando achar que não tem outro jeito. Chorar junto com alguém quando sentir vontade. Ela quer sentir os cheiros do mundo. O gosto das coisas, das pessoas...Confessar segredos absurdos. Ela quer uma casa cheia de árvores. Grama e terra pra andar descalça. Com vários cachorros. Jardim e lago.
Quem ela quer, é alguém que acredite, como ela, que um dia tudo vai dar certo. No fundo ela sabe, que se as coisas não acontecerem do jeito que ela sonha agora, podem acontecer de um jeito ainda melhor. Por que a história dessa mulher, ainda não chegou nem na segunda página.