A gente vive no meio de milhões de regras que muitas vezes existem sem um porquê. A sociedade cobra uma postura, o chefe cobra desempenho, a tia cobra o casamento... Mas as piores cobranças são aquelas que fazemos a nós mesmos. São as coisas que precisamos para sermos quem somos.
Se eu sei quem eu sou? Olha, pra falar a verdade eu acho que nunca vou saber. Às vezes não sei se quero escrever, ler, viajar, ter uma banda de rock ou ser dona de uma produtora de TV. Não sei se quero prosa ou poesia. Lápis preto ou cara lavada. Carro ou avião. Cerveja ou vinho. Salto 15 ou rasteirinha.
Mas sei que esse esboço de mim precisa de muitas coisas. Eu preciso ser competente nos meus dois empregos e não deixar meu trabalho voluntário de lado. Preciso dar atenção para os meus bichos além da comida. Na verdade mesmo um dia de 45 horas resolveria muitas coisas pra mim.
Preciso trabalhar muito, não me alimentar direito, não ir à academia e, ainda assim, ter um corpinho razoável. Ah preciso também ter 30 com carinha de 25, no máximo e vestir calça 40.
Preciso ser mimada pelos meus amigos. Preciso que o meu namorado me dê alguns limites e me ensine a ser melhor. Preciso aprender a fazer planos. Preciso ficar perto de pessoas diferentes de mim, porque odeio lidar com os meus próprios defeitos estampados nos outros.
Preciso pensar mais e parar de só sentir. Preciso controlar a minha boca, que insiste em falar quando deveria calar e em calar quando deveria falar. Preciso não gaguejar quando fico nervosa e também conseguir mentir de vez em quando.
Além disso, eu preciso acordar com hálito de hortelã. Preciso de uma cerveja que não tenha calorias. Ou de um chocolate que cure a TPM e seja emagrecedor.
Mas a verdade-verdadeira é que eu tô precisando de dinheiro, de perfume importado e de umas boas férias...