segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O fato é que eu preciso de limites. Enquanto você quer, pirar, enlouquecer e fazer tudo o que dá na telha, eu não passo de uma criança que precisa de limites. E eu preciso. Preciso de amigos chatos, de namorados ou de pais ciumentos que saibam exatamente onde estão os meus limites. E me parem.
Às vezes eu preciso de um breque. Por que senão eu vou. E só páro quando eu der com a cara em uma parede. Daí dá um trabalho. Pegar todos os pedacinhos espalhados no chão e colar. Um por um. E nunca fica igual antes. Todas às vezes que me quebro, tem sempre um pedacinho que insiste em sair do lugar e me incomodar. E é aí que eu vejo que preciso de alguém que me pare. Por que ninguém precisa quebrar a cara sempre.
Eu sou assim. Estranha. Louca. Impulsiva. E livre. Liberdade pra mim é isso. É poder ser todas as pessoas que eu quiser. É me aceitar. Respeitar também tudo aquilo o que eu não gosto em mim. É ser livre pra entender que eu tenho fases. E que às vezes eu simplesmente preciso de limites. De alguém que cuide de mim. Que me proteja. E que me ensine. Dá licença? Eu posso.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

...se acaba, não é amor....

Não acredito em amor que acaba. O amor, quando é de verdade, continua sempre lá, mesmo quando o ser amado foi embora. E isso acontece por um motivo simples. A gente ama sem motivos. Sem explicação e sem condições. Não dá pra escolher. E a gente não ama só por que a pessoa está do nosso lado. A gente ama e ponto. Não tem controle. No amor não cabem vinganças, nem ciúme doentio e nem humilhação. Mas cabem mudanças. O amor é tão grande que cabem muitas mudanças dentro dele. Essa é uma das coisas mais lindas sobre o amor. Ele pode ter mil cores, gostos e formas.
Quando a gente encontra alguém que ama de verdade, não tem medo de dizer que vai amar pra sempre. Por que a gente tem certeza. Absoluta. Se o relacionamento acaba, o amor fica. E muda. Por que geralmente não deixa mágoas. Deixa tristeza. Mas uma tristeza que passa e dá lugar ao seu novo amor. Pela mesma pessoa.
É normal a confusão que fica quando quem a gente ama não está mais do nosso lado. A gente sofre, sente saudades e às vezes faz besteira, lógico. Mas isso passa. E o amor, que continua lá, muda. No começo é difícil. Funciona assim: a gente sente uma coisa, mas não sabe como, nem porquê e tem uma dificuldade enorme em lidar com isso.
E é nessa hora que a gente começa, finalmente, a entender que o amor é um sentimento que transcende. Que não existe pra ser entendido. Não precisa de provas concretas. É maior do que aquilo que se vê. É esquisito, intenso e incondicional. A gente não quer a pessoa de volta. Mas ama. Ama e quer que ela seja feliz. Como e com quem ela quiser. Não dói mais. Não existe mais ciúme. Existe preocupação. Carinho. E um monte de outras coisas que cabem dentro do amor. O amor é infinito, não tem prazo de validade. E muda quantas vezes forem necessárias.
Então eu percebi que eu te amo. Talvez falar isso pareça muito forte pra algumas pessoas. Mas não é. Pra mim parece muito simples. Nosso amor mudou. Nós mudamos. Eu tenho a minha vida. Você tem a sua. E temos algumas coisas, pessoas e sentimentos que nos unem. De uma forma que não faz mal. Nem nos prende. Nosso amor é livre.
E o meu coração é grande. Ele é grande e tem uma capacidade de regeneração impressionante. Tanto que dentro de mim cabem vários outros amores além do seu. Inclusive aquele que eu ainda não conheço e que vai fazer o meu mundo girar de novo. Ainda amo minha casa, meus amigos, minha família, meus cachorros. E cada amor é um. Nenhum é igual ao outro. Mas todos eles, todos os meus amores, valem a pena e não têm fim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

... histórias e cicatrizes....

As pessoas têm cicatrizes. De todos os tamanhos, e dos tipos mais absurdos. São elas que contam as histórias. Algumas cicatrizes estão curadas, não doem mais, viraram só cicatrizes. Mas algumas não. Algumas cicatrizes que a gente carrega são fortes. O corte não está mais lá. Mas a dor, a dor fica.
A gente pode ignorar o quanto for. Tomar morfina, colocar band-aid, cobrir com corretivo. Mas essas cicatrizes, e as histórias que vêm junto com elas, sempre arrumam um jeitinho de doer. Num momento em que a gente resolve tirar o curativo só pra ver como ela está. Aí começa a latejar. Também, quem mandou mexer?? E a gente, que já tinha se acostumado com ela quietinha fica sem saber o que fazer. Que remédio tomar.
Bom, eu acho que sem história, nossa vida acabaria num nada. A gente não teria nada que valeria a pena contar. Ou escrever. E às vezes, ter uma cicatriz que dói de vez em quando pode ser um privilégio. Pode significar que o que se viveu é especial e que nem todos têm essa sorte. E não é vergonha nenhuma ter uma cicatriz que quase todo mundo sabe que ela ta lá. Mesmo quando você não mostra. Isso é pra quem pode.
É difícil não ser assombrado por essas marcas que o nosso passado deixou. De tempo em tempo elas sempre voltam. Mas um dia a gente chega num ponto em que temos que escolher. Entre voltar ou seguir em frente. Entre viver de verdade ou ficar parado esperando uma cura para aquela cicatriz que pode não chegar nunca.
Eu escolho seguir em frente. Por que eu não sei o que me espera. Não sei quantos outros machucados eu vou ter que curar. E nem por quanto tempo ainda vou cultivar aquela cicatriz. Mas sei viver, sei tentar. Sei quebrar a cara, consertar e começar tudo de novo. Continuo sem medo de sentir e de amar sem limites. E acredito que a história mais importante de todas é aquela que eu estou começando hoje.

...dia seguinte...

Ela tira a roupa e se olha no espelho. O cabelo estava do jeito que ele deixou. A maquiagem borrada. O corpo dela ainda tinha o cheiro dele. E as marcas que ele deixou. Mas ela estava sozinha. Sozinha, no seu banheiro, olhando o próprio rosto no espelho. Tentando descobrir quem era. Quem ela era depois dele.

Então entrou no chuveiro e chorou baixinho. Se perguntou por que aquilo estava acontecendo. Por que é tão difícil se despedir. Por que as coisas têm que ser assim. Tão complicadas. Tão doloridas. Tão sem explicação.

Tirou a maquiagem. Lavou o cabelo, o corpo e deixou a água correr. Correr e lavar aquele sentimento estranho de não se encontrar mais.

Depois, voltou ao espelho. Se olhou, e não se encontrou. Só ele. Ele ainda estava lá. Banho definitivamente não lava a alma.