As pessoas têm cicatrizes. De todos os tamanhos, e dos tipos mais absurdos. São elas que contam as histórias. Algumas cicatrizes estão curadas, não doem mais, viraram só cicatrizes. Mas algumas não. Algumas cicatrizes que a gente carrega são fortes. O corte não está mais lá. Mas a dor, a dor fica.
A gente pode ignorar o quanto for. Tomar morfina, colocar band-aid, cobrir com corretivo. Mas essas cicatrizes, e as histórias que vêm junto com elas, sempre arrumam um jeitinho de doer. Num momento em que a gente resolve tirar o curativo só pra ver como ela está. Aí começa a latejar. Também, quem mandou mexer?? E a gente, que já tinha se acostumado com ela quietinha fica sem saber o que fazer. Que remédio tomar.
Bom, eu acho que sem história, nossa vida acabaria num nada. A gente não teria nada que valeria a pena contar. Ou escrever. E às vezes, ter uma cicatriz que dói de vez em quando pode ser um privilégio. Pode significar que o que se viveu é especial e que nem todos têm essa sorte. E não é vergonha nenhuma ter uma cicatriz que quase todo mundo sabe que ela ta lá. Mesmo quando você não mostra. Isso é pra quem pode.
É difícil não ser assombrado por essas marcas que o nosso passado deixou. De tempo em tempo elas sempre voltam. Mas um dia a gente chega num ponto em que temos que escolher. Entre voltar ou seguir em frente. Entre viver de verdade ou ficar parado esperando uma cura para aquela cicatriz que pode não chegar nunca. Eu escolho seguir em frente. Por que eu não sei o que me espera. Não sei quantos outros machucados eu vou ter que curar. E nem por quanto tempo ainda vou cultivar aquela cicatriz. Mas sei viver, sei tentar. Sei quebrar a cara, consertar e começar tudo de novo. Continuo sem medo de sentir e de amar sem limites. E acredito que a história mais importante de todas é aquela que eu estou começando hoje.
4 comentários:
Oi Mari!!! Estou adorando o seu blog...depois vou te linkar no meu...
Beijos!!
Mari..liiindo o texto...nessa minha nova fase, cai como uma luva! Ah, coloquei um link do seu blog no meu...bjocas! Juju
Eu ando de muleta e bebendo arnica, de tanta cicatriz, mas me orgulho delas e até desfilaria nua no SPFW para exibir uma a uma, com bandaids coloridinhos.
Oi Mari!!!!
Adorei seu texto, é lindo!!!
Tem tudo a ver comigo.
Pareçe que escreveu sobre mim, sem mesmo antes de me conhecer.
Adoro tudo que vc escreve.
Beijos
Tati Jundiaí
Postar um comentário