segunda-feira, 5 de outubro de 2009

...Cazuza e eu....

...Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho....

Eu amo o Cazuza. Podem dizer o que for. Que ele era mimado, egoísta, teve a segurança de um pai rico e vivia para satisfazer as suas vontades. Eu não o amo pelo seu estilo de vida. Amo porque o que ele canta parece sair de dentro de mim. Porque ele entende as mulheres e o amor. Ele era ariano. Eu, leonina, assim como ele, não gosto muito de pedir licença. Entro e arrombo a porta. Medo de me mostrar? Não tenho. Nem de parecer boba, infantil ou ridícula. Como ele disse uma vez: “Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho”.

E é assim que funciona. Não dá pra viver sem se expor, sem amar demais, sem um pouco de loucura. Não sei viver mais ou menos, dizer meias palavras, tomar leite morno, entrar na água sem molhar os cabelos ou andar nas pontas dos pés. Sei que não sou fácil. Mas também sei que sou melhor quando posso ser eu mesma. Quando posso me perder e me encontrar do meu jeito meio torto.

Tem algumas coisas em mim que quero mudar sim. Quero ser mais saudável e não só vegetariana. Quero gostar da academia, ser mais organizada e menos desligada. Ter mais cuidado com as palavras que falo e ganhar um pouco mais de “malandragem” talvez. Mas tenho alguns defeitinhos que fazem tão parte de mim. Que se ficar sem eles vou me sentir pelada andando pela rua. Também não vou falar deles agora. Não estou afim. E eles são meus. Quem quiser sentir o gosto não pode ter medo de se queimar. Ou de se surpreender.

É uma coisa estranha essa de ter orgulho de defeitos. O nome já diz. Defeito. Não parece bom. Mas eu, leonina, gosto de alguns dos meus. E chego até a cultivá-los. Meus defeitos me aproximam de mim.

Desculpe. Mas como disse o poeta: ando muito egoísta e centrada em mim mesma para me incomodar com os outros.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

... eu, você, canetinhas coloridas e a minha esquisitice...

Acordei esquisita. Sem palavras. Palavras pra dizer, palavras pra sentir. Logo eu, que sou dependente delas. Que preciso escrever pra ser melhor. Me entender melhor. Sentir melhor. Pode ser só TPM. Ou uma mania estranha de olhar pessoas tristes e me colocar no lugar delas.
É que são tantas outras coisas que eu não sei. Coisas que eu não entendo e mesmo assim me roubam o ar e me fazem engolir palavras que estão na ponta da língua. Por isso às vezes me perco de mim e fico espalhada por aí, em vários pedacinhos. Várias sílabas soltas sem sentido.
Não é tristeza. Nem você. Não poderia ser. Hoje começaram suas férias novas e acabamos de acordar juntos. Eu apertando insistentemente a soneca do celular. Sempre querendo “mais cinco minutos”. Adiar o dia em mais cinco preciosos minutinhos. Aí você, me chacoalha e mostra que a gente tem que abrir os olhos e encarar o dia chuvoso.
Talvez seja difícil pra alguém dividida em pedacinhos entender certas coisas. Não entendo como você pode gostar tanto de mim. De todos os meus pedacinhos. E entender todas essas sílabas soltas que eu não entendo.
Acho que as palavras que me fazem falta estão aí, com você. E aí você diz. Diz todas as coisas que eu quero ouvir. Me entende quando parece que eu não sei nada de mim. Principalmente agora, que era eu quem tinha que te entender. Te apoiar e te dar aquele chacoalhão. Me explica como você pode ser tão forte às vezes? Não consigo acreditar.
De qualquer forma você sabe. Eu sou boba. Muito criança. Fico estranha à toa e também feliz com coisas bobas. Mesmo assim, esquisita, tento colorir aquele dia cinza. Então, não se esqueça: estou aqui. E ainda tenho aquela sacola cheia de canetinhas e papéis coloridos.
Volta aqui que eu te pinto de azul.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

... Meu mundo pintado de azul...

Hoje o dia nasceu frio. Nublado e cinza. No trabalho: bagunça. Estranhamente o cheiro da tinta me faz lembrar daquele cheiro de praia. Acho que se morasse perto do mar, as coisas seriam mais fáceis. Talvez fosse viciada em endorfina e não precisaria nunca tomar remédios para dormir. Adoraria o sol e não teria mais essa cor de escritório. Andaria mais descalça, usaria menos maquiagem e salto alto. Precisaria comprar menos roupa e talvez nem me preocupasse muito em ganhar dinheiro.
Se vivesse com o pé na areia acho que seria menos ansiosa. Meus medos seriam todos engolidos assim como uma onda engole a outra. No final do dia, meus problemas sumiriam conforme a maré. Ia me sentir mais bonita, mais feliz e mais mulher. Usaria brincos de hippie e aposentaria a calça social, já que eu estaria chique de short e havaianas. Meus vários óculos escuros teriam uma função social. Ouvir rock me daria a calma de uma bossa nova.
Eu iria fazer coisas normais como ir ao mercado, tomar banho e cozinhar de um jeito mais divertido. A cerveja seria mais gelada. Eu seria uma pessoa do dia, sem insônia. Iria dormir leve, como se não existissem os barulhos do mundo.
Mas agora eu estou com pressa. O asfalto me cansa, olhar o computador o dia todo me estressa. Queria que o meu mundo tivesse gosto de azul e sal. Com momentos perfeitos e uma paz que inunda. Eu, ele, o sol, o mar, meu caderninho, caneta e uma inspiração que não tem fim.
Cheguei à conclusão de que eu sou o mar. Inconstante. Intenso. Não nasci para a terra firme. Quero seguir à deriva, ser levada pela maré. Sentir a areia quente, o sol batendo no rosto com a brisa fria. E estar tranqüila por fora mesmo com um turbilhão de coisas acontecendo aqui dentro.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

... perto do mar ela não está só...

O mundo está se tornando um lugar cada vez mais solitário. Os psicólogos e psiquiatras estão cheios de trabalho, as pessoas vivem estressadas, com depressão, síndrome do pânico e milhares de outras coisas que pra mim têm só uma explicação: a solidão. Uma série de circunstâncias e atitudes nos fazem sozinhos. O trabalho nos ocupa demais, os sonhos parecem estar muito longe, falta dinheiro, falta paciência. As amizades se tornaram superficiais, romance virou brega.
São tantos problemas que o coração cansa. E a gente começa a racionalizar tudo. Pára de acreditar. E se convence de que o amor só serve de inspiração para filósofos, poetas, músicos e escritoras de meia tigela como eu. Quando a gente sofre, tudo o que mais espera é a chegada desse momento. Aquele em que a gente começa a enxergar as coisas mais claramente e toma um tapa na cara da realidade. Aí, pára de acreditar. Pára de esperar que as coisas aconteçam. Pára de fingir que está tudo bem.
Eu posso dizer que já amei demais. Fui amada demais. E não estou falando no bom sentido. Era um amor que não cabia. Não cabia e doía. Difícil de entender. Então, quer dizer que amor não basta? Não. Definitivamente não basta. E, além disso, amor demais faz mal. Faz a gente perder o controle. Esquecer quem a gente é. E se perder no meio do sentimento. Não é a toa que um dia esse amor transbordou. E acabou escorrendo pelo ralo no meio de tantos problemas. E pasmem, entendi que isso não era amor.
Depois de sofrer, me perder, ficar sem saber quem eu era, me encontrei dentro do caos. Vi que inventar amores e casos não era pra mim. Beijos sem dia seguinte também não. Sabe qual é a verdade? Quando a gente consegue se encontrar sozinha, estamos prontas e abertas para um amor de verdade. Que entenda o nosso mundo louco cheio de compromissos. E que tenha o seu lugarzinho especial dentro da gente. Nem mais, nem menos. É um encaixe quase perfeito dentro da vida.
Amar demais não dá. Não existe. Não pode ser certo amar alguém mais do que a si mesmo. Vai ver que além de cheque especial, cartão de crédito e trabalho, o amor também precise de limites. Mas os sonhos não. Eu quero mais do que um amor bonito. Meu amor tem que caber dentro de mim. Dentro da minha vida. Dos meus sonhos, dos meus planos e dos meus problemas. Quero ser feliz.Quero ser inteira e não a metade de alguém.
E mesmo assim, quando tudo parece encaixado, não tem problema quando as peças saem do lugar. O amor é livre. De vez em quando é bom, de vez em quando é difícil. E é preciso coragem pra deixar de ser sozinha quando a tristeza passa. O mundo tá cheio de gente. Gente legal, inteligente, linda e sozinha. Sabe-se lá porque. Os motivos são muitos. Às vezes essas pessoas só estão de olhos fechados. Quando abrirem irão ver que pode ter muita gente por perto querendo fazer parte dos seus dias. De várias formas. Afinal, ninguém gosta de ser sozinho. Quem diz que gosta é louco ou está mentindo. Todo mundo merece acreditar de novo. Ser livre como é o amor. Ter liberdade pra ser brega, romântico, bobo... E estar nem aí pro resto do mundo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O que cabe em um ano?



12 meses, 365 dias, 8.760 horas...
Uma mudança, duas casas, mesmo emprego... Milhares de beijos, várias brigas e iguais reconciliações... Dezenas de maratonas de Lost, cerca de 50 garrafas de vinho, 40 de keep cooler, sei-lá-quantas mil cervejas e muitos gramas de tremoço... Algumas-muitas noites mal dormidas com um “cachorrinho” ciumento que insiste em ficar ali, bem no meio da cama... Muitos sonhos e planos... Um fim, um recomeço e o meu primeiro vaso de tulipas vermelhas...

Tenho que admitir que ainda não sei muita coisa que preciso saber para ser a namorada do meu namorado e assim formarmos um casal, digamos, como deve ser. Já aprendi a levantar de muitos tombos diferentes, aprendi a dar com a cara na porta e continuar andando, aprendi a sonhar, a chorar quando os sonhos se desfazem e que pra isso existe rímel a prova d’água e corretivo. Agora tenho um probleminha. Faltou aprender a ser feliz. Mas eu não tenho medo. Nem de ser feliz e nem de aprender. Estou aprendendo a crescer, a fazer planos, a não ter medo do futuro e da estabilidade. Olha, não vou dizer que é fácil. Eu não sou fácil. Digamos que ele também não seja. Mas estamos aqui. Hoje, nossas confusões e contradições já têm muitas certezas. E ainda temos a vida toda pela frente.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Foto: http://www.dinagoldstein.com/

Logo que aprendi a ler ganhei minha primeira coleção de livros. Eram todos coloridos, cheios de detalhes e desenhos elaborados. Tinha a história da cachinhos dourados, Rapunzel, Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida... Eu lia e acreditava em finais felizes. Mas não entendia porque era tão difícil. Elas eram lindas, loiras, cantavam bem e sofriam o tempo todo, até a última página.
Mas os finais... Eu adorava. Não sabia nada sobre o amor, mas achava que, com certeza, devia ser alguma coisa mágica. E que ele só chegava para os puros de coração. Assim como aquelas princesas. Todas puras, altruístas, doces e perfeitas.
Aí eu cresci. Li vários outros livros e conheci muitas histórias. O tempo foi passando e, mesmo depois de muitas desilusões e tapas na cara da realidade, eu tive a certeza que achei estar perdida lá na minha infância. O amor é realmente mágico. Afinal, eu não tenho a pureza das princesas. Não sou doce. Muito menos perfeita. Eu fujo, faço mil besteiras e mesmo sem esperar o amor me encontra.
Assim como eu, as princesas de hoje tropeçam, caem, se machucam e prometem nunca mais se apaixonar. As princesas de hoje não acreditam mais em contos de fadas. Elas não querem mais encontrar um príncipe, nem chegar de carruagem na igreja, casar e viver feliz pra sempre. Elas não têm só uma história pra contar. Têm várias. Muitas pessoas, amigos, amores. As princesas de hoje têm que trabalhar. Se cuidar. Ninguém nasce com os lábios rubros como a rosa, cabelos lisos, loiros e escovados, pele fina como a de um bebê e um corpo naturalmente perfeito. Temos que fazer academia, dieta, limpeza de pele, cortar os cabelos, usar maquiagem...
E como não existe maquiagem para o coração, as princesas de hoje carregam muitas cicatrizes. É verdade que estes machucados as fizeram fortes. Elas aprendem a usar escudos, espadas e se colocam numa torre sem a imposição de uma bruxa. Elas estão lá por vontade própria, ou por cansaço talvez. Ou ainda por falta de espaço para novas cicatrizes. Mas no fundo, bem lá no fundo, elas esperam um resgate. Não do príncipe. Elas querem de volta aquela menina que acreditava na pureza e na magia do amor. Aquela menina que está perdida em algum lugar dentro delas.
Muitos anos depois de ter conhecido os contos de fadas, eu ainda não sei muito sobre o amor. Acredito que não exista definição para ele, muito menos explicação. E não é que quando eu achava que tinha perdido a capacidade de sentir, de acreditar em histórias românticas e finais felizes, me peguei escolhendo fotos de bolos de casamento? Isso só pode ser mágica!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

... aqui é a vida real...

Em alguns momentos a gente percebe que vida real mete mais medo do que qualquer filme de terror (essa metáfora vale para mim, é lógico, que tenho medo de qualquer filminho). Assusta mesmo. Mas demora pouco até percebermos o quanto um susto pode ser bom na vida da gente. O quanto uma mudança repentina pode trazer coisas boas. Coisas novas. O quanto é bom errar. Não ser perfeita. Não ser o as pessoas esperam de você. Não poder prever as coisas.
Eu sou desorganizada. Gastona. Não sou apegada a dinheiro, mas eu sei que preciso dele. Gosto de ajudar os outros mesmo quando não consigo ajudar a mim mesma. Por isso, nos últimos anos, perdi muita coisa neste sentido. Tenho 30 anos e não tenho nada que seja meu. Não tenho casa, terreno, carro. Nada. Mas eu tenho muita sorte. Muita mesmo. Sempre que tenho medo, vem alguém e me salva. Mesmo que esse alguém seja eu mesma. Daí eu vejo que as coisas sempre estão melhores do que eu tinha visto.
Me deixa feliz saber que agora estou mais perto das pessoas que eu amo e que estão do meu lado SEMPRE. Aconteça o que acontecer. Não tenho casa com piscina, lareira, carro pra dar carona, dinheiro sobrando pra pagar baladinhas pros amigos. Mas, mesmo assim, algumas pessoas estão sempre comigo. A gente marca na conta.
Posso contar com você. Na nossa conta, eu te devo muito. Material e espiritualmente. Eu sei. E como. Preciso aprender a agradecer de todas as formas que você merece. Obrigada por ser meu. Por ser perfeito pra mim. Quero ser assim também, tudo o que você quer. Perfeita pra você, no meio de toda a minha imperfeição. No meio de toda a minha confusão e dos meus erros. Sei que me importo com bobagens. Sei que tenho medos injustificáveis. Instabilidades e TPMs insuportáveis. Mas perco o ar cada vez que você fala da “nossa” casa. Do quarto a mais que teremos que ter. Que você não se importa com o fato de que eu não posso ajudar em muitas coisas. E que eu estar aqui é o que importa. Eu estou, aqui, sempre. E você? Será que existe mesmo?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

... formação e vocação...


Estou há algum tempo pensando em escrever um texto sobre o assunto. Mas está difícil. Falta vontade, inspiração... Faltam palavras. Ou talvez me falte qualificação. Já que sou apenas uma jornalista com diploma e registro profissional, o que parece um contra-senso em uma terra que tem um presidente-semi-analfabeto. Não é preconceito, existem muitas pessoas que não precisaram de um diploma, ou de qualquer estudo para realmente fazer a diferença. Mas é muito triste investir dinheiro, dias e noites da sua vida por uma qualificação melhor e depois dizerem que não precisava de nada disso.
Gilmar Mendes, que tanto defendeu a derrubada do diploma, comparou jornalistas a cozinheiros. Ele disse que não é preciso fazer faculdade de gastronomia para cozinhar bem e que seria injusto exigir que todo restaurante tivesse um chef de cozinha para funcionar. É óbvio que não existe discussão quanto à qualidade de um restaurante que possui um chef se comparado a outro que não possui. Não consigo entender a comparação, uma vez que lidamos com informações, compromisso com a verdade e não com verduras e legumes.

Gostaria de saber o que Gilmar Mendes, que é um famoso jurista, acharia se disséssemos a ele que qualquer presidiário que tenha cumprido alguns anos de pena, tem condições de ser advogado.

Não sou jornalista apenas por formação. Sou por vocação e realmente acredito que muita coisa se aprende na prática mesmo. Mas é impossível pensar que quatro anos de investimento em educação tenham sido em vão.Também sei que muitos diplomas são apenas pedaços de papel e que a qualidade de ensino nas universidades não é das melhores. Mas, retirar a obrigatoriedade do diploma é o mesmo que aprovar universidades que vendem diplomas. Se, mesmo com a obrigatoriedade de curso superior, existem muitos jornalistas que não sabem a diferença entre artigo e verbo, imagina se não existir mais nenhuma exigência?

Estou desanimada. Sinceramente, em alguns momentos, tenho vontade de largar tudo e vender bijuteria na praia. Mas não acredito no fim da minha profissão. E acredito que algumas empresas, empresários sérios que primam pela qualidade e veracidade das informações, irão pensar nisso na hora de contratar jornalistas. Eu ainda acredito na informação de verdade e com qualidade. Mas, sei lá, eu também acredito nos filmes da Julia Roberts.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

... amigos ....

Amigo que só me quer quando eu estou bem e faço tudo certinho não me interessa. Amigo tem que estar do meu lado. Tomar partido. Do jeito que eu sou. E aceitar também o que não é bom em mim. Eu erro. Faço bobagem. Surto e tropeço nos meus próprios pés. Eu não quero ser julgada. Quero colo. Compreensão. E consideração. Por que eu sou assim. Se é pra amar tem que amar tudo. O bom e o ruim do pacote. Meus amigos não são perfeitos. Não sabem tudo e não podem exigir que eu saiba. Amizade não é uma rua de mão única. Vale errar, borrar o papel, apagar com borracha e começar a escrever uma história nova.
Com amigos de verdade acho que a gente não tem muita alternativa. Fomos escolhidos e escolhemos, não importa o que aconteça. Quase igual família, que a gente sabe que não tem jeito e vai ter pra sempre. Alguns amigos são assim, a família que a gente escolheu. Mesmo quando, às vezes, dá vontade de não ter escolhido.
E depois de escolhidos é difícil voltar atrás. A gente ama e ponto. Eu amo mesmo. Faço de tudo para não julgá-los pelos seus erros, assim como espero não ser julgada pelos meus. Mas sofro cada vez que percebo que estão lá, correndo na direção contrária, tendo a certeza de que estão certos.
Lógico que aqui também vale uma regrinha simples. Todo mundo tem o seu limite. Eu tenho, meus amigos também têm. Não tem mal nenhum em dar segunda chance. Mas segundas chances também têm limites. Porque passar dos limites sempre é muito complicado. Cansa demais.
Eu falo. Grito. Uma, duas, três, até quatro vezes. Sou chata mesmo, insistente. E tenho uma mania insuportável de achar que dá pra consertar tudo. E acho que as pessoas precisam ter a certeza de que têm com quem contar. Então aviso mais de mil vezes: olha, eu estou aqui tá?. Quando percebo que não adianta mais falar é difícil. Muito mais pra mim do que pra eles. Não é legal pra uma pessoa como eu que gosta de proximidade, perceber que posso ajudar muito mais estando longe.
Aí eu fico aqui, torcendo e esperando que, depois da cabeçada na parede eles aprendam. E me procurem, porque eu, com certeza, vou estar aqui, esperando, com o ombro pronto e os braços abertos. Afinal, amigo é pra essas coisas.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

... o mundo que vale a pena é o nosso...

Às vezes acho mais cabendo no meu quartinho. Não. Não é só o espaço. É que parece que aquele quarto não sou eu. Tantas coisas pra jogar fora. Tantas coisas que não fazem mais parte de mim. E tantas outras coisas que tem que encontrar seu lugar. Eu tenho que encontrar o meu lugar aqui.
A gente sempre toma um susto quando cai a ficha. Quando precisa começar de novo. Começar a vida de novo. Mais uma vez. Se começar de novo. A vida é muito mais do que a gente pensa. Mais do que a gente vê na TV. Mais do que ter independência. Mais do que ter sempre o seu dinheiro pra comprar todas as besteiras que você quiser. Mais do que querer viver sozinha. Sem a ajuda de ninguém. Viver é correr riscos. É um dia estar super bem e outro nem tanto. Viver é um dia precisar voltar atrás. Viver é precisar dos outros.
E eu tenho sorte. Nunca tive vergonha de precisar de ninguém. Eu preciso. Preciso da minha família, preciso dos meus amigos e aprendi a precisar de novo de alguém. Eu preciso do meu namorado. Preciso dele de um jeito que nunca tinha precisado de ninguém. Preciso dele de um jeito delicioso e saudável. Que simplesmente não dói.
Viver é mudar. Eu tenho mudado muito e visto que tem muita gente aqui que precisa de mim. Eu tive a sorte de encontrar, depois de muitas cabeçadas, um cara sensível, inteligente e que faz de tudo pra me entender. Que me respeita e me ajuda a viver apesar da minha síndrome de “Pollyana no País das Maravilhas”.
Ele é leonino, mas não é egocêntrico. E sabe que aqui dentro existem coisas além dele que eu não entendo. Mas o que eu quero que ele saiba é que ele me faz melhor. Ele me dá vontade de mudar. Ele me faz entender o quanto preciso de algumas mudanças. Pra mim e pra ele. Não. Ele não quer que eu seja outra pessoa. Por incrível que pareça ele gosta de mim como eu sou. Mas sabe que algumas coisinhas precisam se organizar dentro de mim. Eu preciso de oxigênio pra respirar melhor. Sozinha e com ele. Eu estou no caminho. Dói às vezes. De tantos jeitos. Mas eu ainda estou aqui.
E mesmo com tantas coisas estranhas se passando pela minha cabeça, tanta culpa sem razão de ser, tanta vontade de abraçar e cuidar de todo mundo, eu sinto uma calma estranha. Uma calma de quem sabe que fez tudo o que pôde, que amou de diversas maneiras e que não teve medo de dar a cara a tapa pra ajudar quem quer que seja. Me fala, que culpa a gente poder ter por gostar sem medida? Só uma. Sinto muito por ter pensado tanto nos outros e ter esquecido de mim mesma.
Algumas pessoas passam por muita coisa. Algumas situações e perdas dóem de matar. É impossível julgar. Por isso, a gente dá um desconto. Deixa lá a pessoa surtar, enlouquecer e ter ódio do mundo um pouco. Esse mundo é muito injusto mesmo. Mas tem aquele momento da escolha.Na minha opinião este momento é aquele que dá pra notar que estamos fazendo mal pra pessoas que gostam da gente e só querem nos ajudar. E este mal que acabamos fazendo quem escolhe é a gente, talvez mesmo sem querer escolher. E essa culpa não é minha. Queria que não fosse dele também. A verdade é que em grande parte somos culpados pela nossa infelicidade. E a culpa vem daquilo de fazemos para os outros. Eu me permito sofrer, por confiar demais, por dividir demais. Dividir a minha vida demais. Contar segredos demais. Eu me perdôo e isso não me faz infeliz.
Já fiz muitas bobagens, que fizeram mal a mim e a muitas pessoas que me amam. A ficha caiu quando comecei a desrespeitar pessoas que me queriam bem, que tinham sentimentos desinteressados. É assim, de repente, eu entendi que ali, no fundo do poço tem uma cordinha sim. E coube a mim decidir se queria subir por ela. Ninguém veio me dizer que era fácil. E olha não foi mesmo nada fácil. Várias vezes parei no meio e achei que deveria voltar lá embaixo e simplesmente ficar sentada lá, como uma vítima do mundo. Mas eu subi. Tô aqui em cima de novo. Ainda olho pra baixo, é verdade, algumas pessoas ficaram por lá. Mas eu sou uma só. E estou cansada de puxar a corda e nunca vir ninguém.
Cansada de ser aquela amiga desinteressada e sempre ser mal-interpretada. Sinto muito, mas eu sou assim. Uma boba que não dorme depois de um filme de terror, viciada em creminhos, perfumes, maquiagens, roupas e sapatos. Uma menina que tem uma dificuldade enorme de falar o que realmente quer dizer. Que gosta de finais felizes e de histórias bonitas. Se eu fosse candidata a miss ia lá fazer papel ridículo e pedir a paz. Paz entre as pessoas e felicidade geral da nação.
Eu tenho consciência de que não vou conseguir parar de tentar salvar todo mundo, mas tô aprendendo que não dá pra sentir culpa por ser feliz. Eu estou feliz gente!! Demorou, mas eu estou feliz. Eu sofri muito, já gostei demais, já passei por poucas e boas. Sim, sofri e surtei na frente de todo mundo. Delícia né? A galera acompanhou tudo como se fosse uma novelinha. E agora, não tô afim de explicar que, MESMO ASSIM, depois de tanta coisa eu estou bem. Passou. Depois de tanto tempo passou. Porque é tão difícil acreditar? É porque tá todo mundo ainda lá? Acompanhando como se fossem existir cenas dos próximos capítulos? Qual o problema? Minha novelinha acabou e começou de novo. A história foi bem legal, atraiu a atenção de muita gente. E se não deu certo para alguns personagens é uma pena. Existem atores de uma novela só. E existem outros que conseguem se desfazer do personagem antigo. Mesmo quando o público prefere aquele lá, cheio de conflitos, altos e baixos e situações absurdas.
Um recado pro "meu público": eu sinto muito mesmo. Não quero incomodar ninguém e nem decepcionar os fãs daquela história cheia de drama. Agora eu sou uma sem-graça com orgulho. Não tenho mais histórias mirabolantes pra contar, nem cenas de filme pra dividir com as pessoas. Porque eu simplesmente quero casar, ter filhos, ser cafona, chata, recortar revistas pra fazer cartões pra ele e ficar feliz com esse cara que me fez ver outro mundo na minha frente. Um mundo sem platéia e contos de fadas que simplesmente tem final. Ponto final. A gente procura grandes emoções, montanhas-russas... Olha, vivi tudo isso. É lindo, legal, mas dá um enjôo danado no final. E agora eu quero uma coisa tão simples que as pessoas esquecem de procurar. Eu quero uma vida normal. Estável. Assim, aparentemente chatinha para algumas pessoas, mas extremamente feliz. E vou contar um segredo: muito mais excitante que qualquer montanha russa. A diferença: o frio na barriga ainda tá lá, mas não dá enjôo, nem medo de cair o tempo todo.
Eu confesso, estava viciada nessa vida louca. Aí quando eu cansei de ir de um lado pro outro, ser maltratada e entender que não era nada comigo, que era ele quem não estava bem. E depois se transformou num amigo que precisava de ajuda, então sempre me diziam: ah, dá um desconto... Eu encontrei alguém que chegou e me ensinou que, simplesmente, não dá pra sofrer por coisas ou pessoas cujas atitudes não dependem de mim... Não dá pra dar as mãos pra ajudar alguém a se levantar e tomar um tapa como resposta. E dói. Cada palavra mal dita dói muito mais que um tapa. Eu sou legal, boazinha. Mas nem tô afim de ser canonizada. Eu quero falar. Xingar quando tenho raiva. Virar às costas sem culpa quando estou cansada. Mandar todo mundo pro inferno. E ficar aqui. Pensando em mim um pouco. Parar de cuidar e ser cuidada um pouco. Quero escrever. Sentir. Viver pra salvar o meu mundo. Que é MEU e ninguém tasca.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

... será que chegou a hora de ficar mal acostumada?...

Eu não sou normal. Não posso ser. E depois do que estou prestes a escrever todos vão me achar louca de hospício. A verdade é que muitas vezes eu penso que a felicidade não é para mim. Lá estava eu, acostumada a matar um leão por dia, a sofrer por amores impossíveis, borrar o travesseiro com lápis preto e acordar com cara de panda todos os finais de semana. Aí você aparece, começa a facilitar as coisas pra mim e acaba com a aquela angústia constante que morava dentro de mim. E agora? O que eu faço? Pra que lado eu vou? Cadê todas as dificuldades e complicações que eu estou acostumada? Então eu não preciso mais ter medo de ser feliz? Não preciso mais esquecer de mim pra cuidar de alguém? Calma lá, assim eu me perco e a situação sai totalmente do meu controle
Quando eu penso que as coisas não estão tão bem assim, que é impressão minha, você vem e me acorda com uma mensagem bonita. Me diz o que eu quero ouvir antes mesmo que eu pense. Me mostra que eu sou importante sem que eu precise te lembrar o tempo todo. E depois ainda me fala que eu posso ficar mal acostumada porque você não vai mudar.
Peraí, como é que eu vou aprender a lidar com essa realidade? Como é que eu faço pra viver sem o “apesar de”, sem o “mas”? Com você não existe isso. Você me faz feliz e ponto. O “apesar de” não cabe nesta frase. Facilidade e leveza nunca foram a minha especialidade, essa é a verdade. Por isso, me tornei um fracasso como escritora. Parece que felicidade não traz inspiração. Estabilidade não rende poesia. Meus textos sempre acabam se transformando numa baboseira romântica irritante.
A felicidade me faz ser criança, achar graça em tudo me sentindo a pessoa mais sortuda do mundo. Aí, pra ser sincera, tenho um pouco de pena das outras pessoas. Às vezes me sinto mal em esfregar minha vidinha cor-de-rosa na cara de todo mundo. Parece maldade da minha parte. E tem mais, sou egoísta. A felicidade é minha e eu não quero dividir com muitas pessoas. Na maioria das vezes que dividi algum momento feliz com as pessoas não deu certo. Parece estranho falar que é possível ficar feliz num mundo onde tudo é de mentira, as pessoas passam seus dias com medo de sofrer e raiva da felicidade alheia. Mais estranho ainda é o fato de que eu tenho insônia porque não preciso me preocupar.
Acho que junto com a felicidade vem uma preguiça incontrolável. Uma vontade de ficar ali, parada, sem se mexer para não fazer alguma besteira e desandar tudo. Sempre achei que as melhores músicas e as melhores poesias são as tristes. É impossível criar versos geniais estando simplesmente feliz. Quer música mais estúpida do que "Ilariê"?

O que eu poderia imaginar de melhor já está aqui do meu lado, então não preciso mais querer, nem criar nada. É, você me transformou numa menina mimada, preguiçosa, mal-acostumada e extremamente irritante. Desculpem-me todos, mas eu tô adorando.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

... amor de carne e osso ...

Hoje quando acordei ficou difícil pensar em outra coisa. Não lembrava do dia cheio, do trabalho e das matérias chatas que tenho que escrever. O que eu quero mesmo é escrever sobre você. Que está sempre aqui. Mesmo morando longe. Me mostra que tenho tudo o que preciso. Que tenho sorte. Que tenho você. Seu beijo. Seu abraço. Os seus olhos que se fecham quando você ri.
As pessoas vivem de rótulos, julgamentos e amores de mentira. Você não julga. Nunca. Nem a mim nem a ninguém. Muitas vezes sofre por isso. Já que não é todo mundo que tem a alma bonita como a sua. Se eu estou errada me diz, com todas as letras, mas não me julga. Respeita meus erros e me ensina a aprender com eles. Me oferece o ombro e palavras lindas.
Você que sabe tanto de mim, e mesmo assim ainda me quer. Me entende como poucas pessoas e entende que mesmo parecendo transparente demais, o que eu tenho de melhor, não é todo mundo que vê. Era isso que eu queria. É isso que eu preciso agora. Um homem muito maior que eu, em vários sentidos. Que me deixe ser menininha um pouco.
Não estava acostumada com isso. Sempre vivi no meio de gente que não sabe amar. Muitas cobranças e pouca compreensão. Por isso, não acreditava que você existia. Mas você existe. Me mostrou quem eu sou, o que eu quero e me devolveu pra mim. Me encontrou e me ensinou a não ter medo de sentir. De me entregar.
Depois de tanta confusão, meu coração ficou esgotado. Aí eu percebi que contos de fadas não existem. Eles são muito chatos, insustentáveis... Quero um homem como você. Que tem muitas histórias e pessoas antes de mim. Quero ouvir sobre elas e rir junto com você. Aí eu entendo que tudo isso aconteceu para que a gente ficasse junto agora. Tem coisa melhor que isso?? Escrever vários rascunhos pra depois passar a limpo e transformar tudo num texto perfeito?? Agora eu sei que todos que passaram pelas nossas vidas nos ensinaram a sermos um do outro.

Tudo bem, no nosso texto existem algumas exclamações, vírgulas e palavras mal colocadas. Mas não temos muito que corrigir. Eu quero você com todas as letras, acentos e erros de digitação.

Não preciso de demonstrações públicas e palmas da platéia. Quero o som do seu sorriso.Quero maratonas de Lost, filmes de menina, tremoço, queijo, vinho, cerveja e keep cooller. Quero passeios no Parque com o meu filhote, que você adotou, mesmo depois dele deixar seu carro cheio de babas e pêlos. Quero você que entende as minhas crises de TPM insuportável e sabe curá-las com toblerone. Você que sabe o quanto meus poucos amigos são importantes pra mim e gosta deles comigo.

Quero você que me ensinou a fazer planos e me mostrou a casa que a gente vai morar. Fiquei boba. Você pensou no espaço pros meus cachorros e no cantinho onde podemos fazer festa com os nossos amigos. Isso sim é ter sorte. Onde tudo é aparência, o que a gente tem é raro. Raro, lindo e incrivelmente real.

Eu não sei viver amor de mentira. E não quero só uma história bonita para contar. Quero um homem que esteja do meu lado todas as vezes que eu tropeçar. Que me ajude a levantar. Que tenha defeitos, chatices, fraquezas. Mas que seja só meu nesse mundo onde ninguém é de ninguém.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

.... são poucos, mas eles estão lá ...

Não entendo as pessoas. E nem porque algumas coisas acontecem. O porquê de determinadas atitudes. Pode parecer bobeira, até ingenuidade. Mas sempre busco explicações com sentimentos. Sinto muito e sei pouco. Uma das poucas coisas que sei é que tudo acontece por uma razão na nossa vida. Às vezes a gente demora a perceber, mas um dia vê.
A verdade é que as histórias não acabam como a gente acha que deveria ser. E as pessoas não se importam da mesma forma que a gente. O que vale é a teoria. Sentimentos não importam. As pessoas passam por cima das outras e se defendem como se estivessem num tribunal. Afinal nenhuma regra prática foi quebrada. Assim como a legislação tem zilhões de brechas que acabam permitindo qualquer crime, as pessoas também se comportam assim com as relações. Amizade, sentimentos, ética e a confiança são coisas abstratas. Não servem como provas de nada.
Não sou santa. Já devo ter magoado muita gente. Sou extremamente desligada, falo mais do que a boca e tenho mania de tentar me fazer de durona e indiferente (às vezes, só às vezes eu consigo sim). Mas se tem uma coisa que me importa são os amigos. Pra mim eles são a família que eu escolhi. E eles são sempre o item número um da minha listinha de prioridades.
Estava conversando com o meu namorado esses dias. E estávamos pensando o quanto é estranho ver pessoas próximas com tão poucos valores. Ou que se importam tão pouco com os outros sentem e tão mais consigo mesmas. Tenho milhões de defeitos. Mas não entendo a inveja, a vingança, a traição... E essa coisa de não suportar a felicidade alheia. Não preciso estar feliz pra ver pessoas felizes. E quando estou feliz, quero mais que todo mundo fique feliz junto comigo. Mas o pior, é que muita gente passa por cima dos sentimentos dos outros sem pensar que é errado. Eu acho que funciona assim, a gente tropeça tanto, sofre tanto, que, quando menos esperamos, estamos lá, colocando o pé na frente das outras pessoas para que elas tropecem também. E ninguém tem consciência pesada. Dois dias depois, todos são “amigos” de novo.
Acredito que somos culpados pela nossa infelicidade. E a culpa vem daquilo de fazemos para os outros. Eu me permito sofrer, por confiar demais, por dividir demais. Dividir a minha vida demais. Contar segredos demais. Mas me perdôo e acho difícil mudar, na verdade não quero. Por mais decepcionante que possa ser, não quero parar de acreditar nas pessoas. Mas isso não me faz infeliz. Erro, não me respeito às vezes, mas sei me perdoar. O que não consigo é desrespeitar sentimentos dos outros. Por mais bobos e infantis que esses sentimentos possam ser. Por mais que eles sejam contrários a tudo que a gente vê do lado de fora. Tudo que a gente sente tem uma razão de ser. E nossos amigos, que são essas poucas pessoas que sabem o que a gente sente escondido bem lá no fundo, estão com a gente pra entender esses sentimentos, respeita-los e não julgá-los.
Eu tenho sorte. Não, minha vida não está perfeita. Mas tenho quase tudo o que eu preciso. Todas as pessoas que me importam e estão do meu lado. E sabem me amar do jeito que eu sou. Tenho uma família meio maluca, mas unida demais. Dois vira-latas apaixonantes e um boxer babão e atrapalhado que me entende como poucas pessoas. Tenho amigos de verdade, pelos quais eu faço qualquer coisa. Tenho um namorado diferente dos outros. Não, não estou falando isso só porque é o meu namorado. Ele é diferente mesmo. No meio de tanta gente que não se importa com nada nem ninguém, ele não desrespeita os sentimentos alheios. E acredita que a fidelidade e o respeito são coisas tão básicas quanto lavar o rosto pela manhã.
Eu sei que tenho sorte. E sempre agradeço por isso. Já que hoje em dia, não é fácil achar alguém com quem seja possível fazer planos. E hoje eu estou fazendo planos. Alguém acredita? Eu, que não planejava nem meu mês seguinte, estou aprendendo com ele a fazer planos para o futuro. O nosso futuro.
Às vezes parece que eu vivi várias vidas. Tenho milhares de histórias pra contar, já sofri, fiz sofrer. E muita gente passou por aqui. Cada umas destas pessoas tem a sua importância. Adoro estar no meio da galera, rir, falar bobagem. Assim, despretensiosamente. Acho que a gente só precisa aprender a separar as coisas, e as pessoas. Eu sei que ali, no meio da multidão, tenho cada vez menos amigos. Eles são poucos, mas são tão bons, tão verdadeiros. E tão meus. Me desculpem pelo egoísmo. Mas essa vida inteira aqui é minha, tá? Não dá pra ser de mais ninguém.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

...eles não vêm com manual... AINDA BEM!!

Nós mulheres - quase todas nós - temos uma mania insuportável de complicar o que poderia ser muito simples. E também adoramos arrumar justificativas para coisas que o outro faz ou deixa de fazer. Parece mais bonito - e fácil - acreditarmos que, se alguma coisa não aconteceu, foi por alguma manifestação misteriosa do universo. É realmente difícil admitir que alguém simplesmente não quer estar com a gente. Mas... Nem sempre as vontades batem. Isso é fato. Aí, vira e mexe, nos pegamos seguindo manuais. Comprando revistas com “dicas para conquistar aquele cara”, “como fazer o namorado te pedir em casamento”, “como decidir se faz sexo no primeiro, segundo ou enésimo encontro”. É bem verdade que quando a gente se apaixona, o nosso cérebro entra num estado de paralisia temporária. Ou talvez tenhamos necessidade de seguir algumas regras pra não ter a impressão de que estamos fazendo besteira.
Mas é tudo tão simples. As coisas são como são. Não adianta. Essa história de Romeu e Julieta, que se amam e não podem ficar juntos, na prática, não funciona. Tudo bem, existem casos complicados. E eu, mesmo sendo uma boba-romântica, acredito que, em certos momentos da vida, a gente tem que tentar ser um pouco racional. E entender que: o que não tem remédio, remediado está. Enfim, a vida segue.
É fato também que eu sou muito melhor para dar conselhos do para tomar algumas decisões. Mas aprendi muito com tantos tombos que tomei e rasteiras que dei. Tudo é karma pessoal, a gente cai, mas também derrubamos às vezes. Não sou nenhuma grande pensadora para compartilhar pérolas de sabedoria com vocês. Mas têm algumas coisas que eu posso falar.
Olha, sinceramente acho uma idiotice essa história de ficar esperando o cara ligar como uma princesinha mimada. Se o encontro foi legal e as coisas rolaram como você queria, qual o problema em ligar? Tenho certeza de que os homens não ligam pra isso. Pelo contrário. Até gostam de uma iniciativa. Só é preciso uma dose de discernimento. Se a pessoa não atende, o melhor é parar de ligar.

Homens não gostam de mulher que faz tipo. Tenho muitos amigos e isso é unanimidade entre eles. Não adianta fingir ser quem não é. Um dia a máscara cai. Antes do que se espera. É melhor já dizer a que veio no começo. Se o cara te quiser não vai desistir. E vão por mim, a técnica “vou fingir que não tô nem aí, até ele se apaixonar”, raramente, mas raramente meeesmo dá certo. Não se faça de solteira-convicta-moderna se esse não for de verdade o seu caso. É decepção na certa. Claro, também não vai assustar o menino falando, no segundo dia que vocês saíram, que sonhou com seu vestido de noiva, casa com cerquinha branca e os filhinhos brincando no quintal. Bom senso é a chave. Mentir não adianta, mas falar tudo o que se passa na nossa cabecinha de menina é suicídio social.
E não adianta impor um compromisso. Se o cara quiser você, as coisas vão rolar naturalmente. Será que é tão difícil não forçar uma situação??? Isso nunca funciona. Não tem coisa mais humilhante do que ter que convencer um cara, usando de subterfúgios, a gostar de você ou te querer.
Se você está com vontade de transar no primeiro encontro, ou no segundo, ou no terceiro... Faça isso de uma vez e pare de ficar imaginando o que ele pode pensar de você. É assim: se o cara não quiser continuar com você por que transaram no primeiro encontro ele é simplesmente um imbecil. Eu não iria mesmo querer namorar um cara assim. Quer dizer que a mulher tem que segurar sua vontade só pra fazer um doce sendo que a vontade real dela era outra? Caras assim são preconceituosos e guardam, com certeza, muito mais surpresas desagradáveis.
Outra coisa, homens odeiam mulher que quer impor sua presença a qualquer custo. Sabe daquelas que larga roupas na casa dele, faz questão mostrar pra todos que é a namorada, de deixar marcas? Credo, ninguém agüenta. Se eu fosse homem não agüentaria. Todo mundo precisa de espaço. É muita responsabilidade para um cara ter toda a nossa vida nas mãos. E é muita irresponsabilidade nossa, ter que depender de alguém para ser feliz. Compartilhar momentos é uma coisa, viver em função do outro é bem diferente. E tem outra: eu preciso. Preciso de mim sozinha às vezes. Do meu espaço, das minhas coisas. Se ele quer um espaço só dele, não quer dizer que gosta menos de você ou que você não tem espaço na vida dele.
Eu garanto. Não existe nada melhor do que um relacionamento equilibrado. Onde você pode ser você mesma. Com menos competição, mais cumplicidade, noites regadas a vinho, beijos de perder o ar e coisas lindas para lembrar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

... do que você precisa pra ser você?? ...

A gente vive no meio de milhões de regras que muitas vezes existem sem um porquê. A sociedade cobra uma postura, o chefe cobra desempenho, a tia cobra o casamento... Mas as piores cobranças são aquelas que fazemos a nós mesmos. São as coisas que precisamos para sermos quem somos.
Se eu sei quem eu sou? Olha, pra falar a verdade eu acho que nunca vou saber. Às vezes não sei se quero escrever, ler, viajar, ter uma banda de rock ou ser dona de uma produtora de TV. Não sei se quero prosa ou poesia. Lápis preto ou cara lavada. Carro ou avião. Cerveja ou vinho. Salto 15 ou rasteirinha.

Mas sei que esse esboço de mim precisa de muitas coisas. Eu preciso ser competente nos meus dois empregos e não deixar meu trabalho voluntário de lado. Preciso dar atenção para os meus bichos além da comida. Na verdade mesmo um dia de 45 horas resolveria muitas coisas pra mim.

Preciso trabalhar muito, não me alimentar direito, não ir à academia e, ainda assim, ter um corpinho razoável. Ah preciso também ter 30 com carinha de 25, no máximo e vestir calça 40.

Preciso ser mimada pelos meus amigos. Preciso que o meu namorado me dê alguns limites e me ensine a ser melhor. Preciso aprender a fazer planos. Preciso ficar perto de pessoas diferentes de mim, porque odeio lidar com os meus próprios defeitos estampados nos outros.

Preciso pensar mais e parar de só sentir. Preciso controlar a minha boca, que insiste em falar quando deveria calar e em calar quando deveria falar. Preciso não gaguejar quando fico nervosa e também conseguir mentir de vez em quando.

Além disso, eu preciso acordar com hálito de hortelã. Preciso de uma cerveja que não tenha calorias. Ou de um chocolate que cure a TPM e seja emagrecedor.
Mas a verdade-verdadeira é que eu tô precisando de dinheiro, de perfume importado e de umas boas férias...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Desespero x romantismo

Em um episódio de “Sex and the city”, a Carrie diz que se um homem toma uma atitude desesperada, tipo aparecer de madrugada na casa da namorada, mandar flores no trabalho ou fazer declarações de amor públicas, todo mundo acha romântico. Agora, se uma mulher fizer uma dessas coisas, todos, todos mesmo, inclusive as outras mulheres, acham simplesmente que ela é desesperada, louca ou psicopata.

Imediatamente lembrei de uma amiga minha. Uma vez, depois de uma baladinha, num momento de carência e bebedeira, ela apareceu na casa do cara que ela gostava. Era madrugada. O portão eletrônico estava fechado. Aí ela empurrou, abriu, e entrou. A porta da casa estava aberta, ela continuou e encontrou o irmão dele com uma menina. O cara tinha saído.

Logo na manhã seguinte ela me ligou contando o ocorrido. Como eu conhecia o cara, ela queria saber como ele reagiria quando soubesse. Eu disse que tinha certeza de que ele iria sumir do mapa. Depois ele me contou e disse que nunca mais queria ver a menina por que ela devia ser completamente louca. Olha, eu concordo que invadir a casa é meio demais mesmo. Mas ela não era louca. Nem psicopata. Era só uma menina normal passando por um momento esquisito. Uma menina normal e muito legal, diga-se de passagem.

Ele não concordou e disse que com certeza ela devia ser louca mesmo. Aí eu lembrei de algumas coisas que esse mesmo cara fez. Que colocam a atitude da menina no chinelo. Esse mesmo cara já foi capaz de gritar numa rodoviária lotada que uma menina era o amor da vida dele, já passou horas plantado num lugar por onde ele sabia que a menina passaria só pra olhar pra ela e sim, ele também já foi na casa dela de madrugada fazendo com que ela acordasse e tivesse que trocar de roupa para ir falar com ele.

Realmente não entendo por que fazemos essa diferença. Porque não adianta, a gente faz. Não é por mal. É cultura, costume. Sei lá. Mas como não sou muito dada a hábitos mal-explicados fica aqui meu protesto. E um clichê-necessário: a vida passa muito rápido para não vivermos tudo que há pra viver.