...As palavras existem para serem ditas, e escritas. Então escrevo para me sentir livre, forte e corajosa. Não tenho medo delas e nem do fato de que, uma vez escritas, as palavras vão estar sempre ali. Isso me faz sentir coisas intraduzíveis. E tudo isso aqui é meu. Tomei posse de todas as letras aqui escritas. Boas? Ruins? Depende de quem as lê. E quer saber a verdade? Não importa. São minhas...
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
...ano novo todo dia...
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
...eu quero ficar... mas também sei ir embora...
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
... eu quero mais ....
E mesmo com milhões de coisas fervilhando dentro de mim, sinto uma calma estranha. Uma calma de quem sabe que fez tudo o que pode. Calma de quem sabe que tem o direito de querer mais. Eu sei que muita gente pode achar que o que eu quero não existe. Pode ser que um dia eu também ache isso. Mas por enquanto... eu quero muito mais.
Quero um amor que me leve jantar. Que me dê presentinhos. Que tenha uma banheira. Que me faça sentir importante. Feliz. Que fale o que eu quero ouvir. E o que eu não quero também. Que colha flores do jardim. Que tenha vários cachorros. Mesmo se nenhum deles gostar de mim. Uma casa cheia de árvores. Jardim e lago.
Quero alguém que me ajude a não fazer besteira e que muitas vezes esteja disposto a fazer besteiras comigo. Um porre homérico. Alguém que acredite em conto de fadas, mas que seja realista também. Quero passear na praia junto. Beber junto. Comer até não agüentar mais. E depois rir de tudo.
Alguém que saiba agir diante da TPM. Entenda meu mau-humor e compartilhe meu bom-humor. Alguém que adore noites estreladas... A lua. E entenda quanta poesia existe nas coisas simples. Alguém que goste de surpresas. Que não tenha medo (por que eu tenho muito às vezes) e me dê colo durante meus momentos de carência.
Alguém que esteja sempre perto de mim mesmo quando estiver longe. Que me faça rir. Que ria das minhas piadas e das vezes que ajo como criança. Alguém que odeie mentir. Que escreva poesias.
Quero rir até a barriga doer quando achar que não tem outro jeito. Chorar junto com alguém quando sentir vontade. Quero poder dizer tudo o que eu penso. Quero pensar antes de falar.
Quero descobrir minha verdade. Quero acreditar menos no que as pessoas falam e mais no que eu sinto. Um abraço apertado. Um beijo de surpresa. No pescoço. Sentir o cheiro das coisas. O gosto das coisas, das pessoas... Quero confessar meus mais secretos segredos... e defeitos. Quero ser ouvida. Querida. Desejada. Fazer parte de alguém. Bom, se souber falar as coisas certas no meu ouvido e devolver aquelas borboletas que um dia voaram no meu estômago, não precisa nada disso. Abro mão dos jantares, da banheira e tudo mais. Só precisa ser você... Mais nada.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
...excesso de informação...
Sabe que eu adoro cozinhar e não me conformo com a sua casa sem fogão. Sabe que eu amo cerveja e que vinho me deixa meio sem noção. Agora você já sabe que eu sou louca pelos meus cachorros. Na verdade sou louca por todos os cachorros do mundo. Cachorrólatra mesmo. Você sabe que eu odeio ir à manicure, mas sou capaz de ir por alguém importante. Posso até pintar as unhas de esmalte escuro se valer a pena.
Já descobriu que eu adoro ser mulherzinha, me sentir importante, usar salto alto, roupas novas e maquiagens coloridas. Percebeu que eu sou desligada, esqueço quase tudo e não enxergo de longe. Já aprendeu a tirar todas as coisas que quebram de perto de mim, mesmo quando eu fico brava por não admitir o quanto sou estabanada.
Você já sabe o meu cheiro e o meu gosto, e tenta entender o medo que eu tenho de dormir com as portas abertas. Já sabe que lado da cama eu gosto de ficar e que tenho dor nas costas toda manhã por causa do monte de travesseiros. Conhece a minha insônia, o meu frio de madrugada e a minha demora pra acordar. Já se acostumou com o meu mau-humor pela manhã e descobriu a receita pra curá-lo de uma vez por todas.
Bom, agora me fala, o que você vai fazer com tanta informação??
terça-feira, 23 de setembro de 2008
....
Tenho um amigo meu, amigo-irmão na verdade, que diz que a minha cabeça tá estragada. Ele acha que eu não sei lidar com caras normais, legais, depois de me envolver com tantos doidos complicados. Coisinha estranha que é a cabeça da gente né? As pessoas colocam a gente pra baixo e a gente começa a acreditar. Porque será que é mais fácil acreditar na coisa ruim? A gente sempre lembra das dores primeiro do que das alegrias. Das ofensas primeiro do que dos elogios. E, no meu caso, assumo a culpa. Eu admito. Eu me deixei diminuir. Sorte, que uma hora cansa. Eu cansei faz tempo. E me quis de volta. Me levantei, colei meus padacinhos e fui. Segui em frente. Curei as feridas. Mas as cicatrizes estão aqui dentro.
Aí eu tropeço nas palavras. Fico insegura. Tenho ciúme bobo. Eu? Logo eu? Tudo bem, não dá pra fazer tudo certo sempre. Seria louco quem esperasse isso de qualquer pessoa. Mas gostar de mim não deve ser fácil. Meus momentos de insanidade alternados com os de perfeita normalidade devem dar um nó na cabeça mesmo. Mas eu me esforço. Eu juro. E sei que uma hora aprendo e a paciência que você tem comigo será recompensada.
Continuo romântica sim. Mas não quero um conto de fadas. Estou longe de ser uma princesa com bons modos e jamais agüentaria um príncipe que nunca erra. Preciso de um homem de carne e osso. Com defeitos chatices e fraquezas. Com histórias e cicatrizes como eu. Mas não vou mentir. Eu cansei de cuidar das pessoas. Agora quero que cuidem de mim pra variar. Talvez, nesse momento, eu esteja precisando mais de cuidados. De colo. E de um abraço que me segure bem forte e não me deixe escapar.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
.... pra quem pensa que sabe tudo...
Não espero perdão de ninguém. De verdade. Porque quando eu erro é em mim que dói mais. E só eu posso me perdoar. Nesses anos eu aprendi uma coisa: perdoar a si mesma é muito mais difícil do que perdoar aos outros. Por isso, acredito na minha consciência quando ela me avisa de alguma burrada que eu fiz. Aí, dou bronca em mim mesma, choro, fico com raiva, faço drama e me perdôo.
O mundo seria um lugar lindo se vivêssemos livres de julgamentos. A maioria das pessoas julga por que tem medo das pessoas livres. A gente se acostuma com limites e passa a vida tentando não ultrapassar essas linhas imaginárias. Tá certo. Eu preciso de limites às vezes, senão vou indo e não páro mais. Mas muitas limitações me fazem perder o gosto pela vida. Não espero que as pessoas entendam esse meu jeito esquisito de tentar viver livre. O que me consola é que tem gente que sabe que sentir é melhor que entender. E eu não sou pra todo mundo mesmo. Sou de quem paga o preço e não tem medo.
Pareço transparente demais e as pessoas acham que sabem muito sobre mim. Vai ver eu sou mesmo só uma criança com conta no banco e cartão de crédito. Uma menina bobinha presa num corpo de mulher. Pra mim, o que vale a pena nessa vida são as pequenas coisas. Fico feliz quando como chocolate, escrevo, compro maquiagens coloridas, ganho beijo de surpresa, abraço apertado, ouço uma música linda, vejo meus amigos, recebo uma mensaginha no celular e me sinto importante pra alguém.
A verdade é que o que tenho de melhor está bem escondido. Não é qualquer um que consegue ver. Se engana quem acredita que sabe tudo o que sinto e penso. Não gosto de quem tem a pretensão de me analisar logo de início. Tem que esperar pra ver. As surpresas sempre vêm. Mesmo quando você acha que já viu de tudo.
E quem continua aqui, do meu lado, provavelmente já desistiu ou vai desistir de me entender. Essas pessoas acreditam, mesmo sem provas concretas, que o que eu tenho de mais bonito tá aqui dentro, é invisível aos olhos. Quem me quer não acredita em pré-conceitos, primeiras impressões e rótulos. Não sei direito qual o meu tamanho, mas tenho certeza que o meu coração é maior que eu.
...Eu e a comida...
Eu gosto de todos os tipos de queijos. Principalmente os fortes. E morro de nojo de carne crua. Eu nunca vou comer buchada. Nem nada feito com miúdos, partes estranhas de bichos. Nunca na vida. Eu tenho pavor de bife de fígado. Não consigo comer ovo. Não entendo pessoas que comem o doce antes do salgado. E nem quem come banana com comida. Mas gosto de molho agridoce. E do tender com molho de laranja que a minha mãe faz. Odeio maionese com abacaxi e maçã.
Só cozinho com luvas cirúrgicas. Queria gostar de vários tipos de frutas, mas gosto de maça, mamão e banana. Aliás, amo banana assada com açúcar e canela. Queria gostar de goiabada, mas odeio. Principalmente com queijo. Romeu e Julieta? Acho que não tem nada a ver.
O café da manhã é a refeição mais importante pra mim. Adoro pão na chapa com manteiga. Depois passo requeijão em cima. Pode ser pão de queijo também ou misto quente. Pra acompanhar: suco de laranja. Só consigo tomar leite desnatado. Mas encho de chocolate. Só tomo refrigerante diet. Com muito gelo. Que eu como depois.
Adoro comer chocolate derretido no microondas. E leite condensado com ovomaltine. Tomo muito café, mas só no trabalho. Eu adoro frutos do mar. Gosto de todos os tipos de cogumelo comestíveis, exceto os alucinógenos. Adoro comida japonesa. Amo salgadinhos. Daqueles bem baratos. Isopor com sal. Adoro pipoca, com fondor, ou queijo ralado. Também amo aquela pipoca cor de rosa, que tem lá na barraquinha da Praça. Não consigo assistir filme sem comer ou beber alguma coisa.
Passo mal se como nozes. Mas adoro castanha de caju, principalmente com chocolate. Não gosto de chantilly. Amo porções de bar. Adoro cerveja. E vinho. Não gosto de whisky e vodka só com suquinho.
Gosto de halls de morango e de uva verde. Odeio bala de iogurte. Algodão-doce tem gosto de infância pra mim. Trident verde tem gosto de beijo. Tô com vontade.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Eu, modo de usar *
Adoro acordar e ser acordada com beijos, ou com um abraço forte. Raramente acordo mal-humorada, só quando tomo susto. Odeio tomar susto. E amo sexo de manhã. Tenho um problema com cabelos. É uma aflição esquisita. Não é todo mundo que sabe os locais certos de tocar nos cabelos.
Segure meu rosto quando for me beijar e depois segure a minha nuca. Me beije como se fosse o último beijo da sua vida e me faça perder o ar. Me segure forte pra não me deixar escapar. E quando parecer que eu tô ali, bem na sua mão, não se iluda. Pode ser uma coisa de momento. Mas se continuar, de tédio você não vai poder reclamar.
Não esteja sempre disponível... Me faça sentir a sua falta e ter uma raivinha de vez em quando. Adoro ser surpreendida. Seja independente, mas precise de mim às vezes. Eu também quero precisar de você. Adoro ser mulherzinha, mas só algumas vezes. Cuide de mim, seja forte e grande quando eu estiver chorando. Ache graça quando for alguma bobagem. E se não for me faça caber direitinho dentro do seu abraço.
Cuidado quando for tentar me interpretar. Sou diferente mesmo. Não sou mulher de passar vontade e odeio fazer joguinho. Não gosto de pegação no pé. Mas se eu quiser te ligar eu ligo. Se você tem medo de mulheres que manifestem suas vontades, pode dar meia volta. Comigo não dá mesmo. Tomo a iniciativa de vez em quando, mas gosto de ser conquistada. Gosto de homens que não têm medo de se mostrar e de ligar quando sentem vontade, assim, sem motivo. Mas tem uma coisa, tudo tem limite. Você nunca vai me vencer pelo cansaço. E eu também não vou tentar isso com você. Tenho bom senso.
Me faça rir. Adoro e preciso rir. Mas não sei fingir gargalhada, nem pelo msn. Só sei rir com vontade. É importante que você conheça muitas outras pessoas e lugares antes de mim. Tenha muitas histórias pra me contar, vou me divertir com elas. Não quero ser a primeira, mas quero ser única. Única e especial em alguma coisa.
Não tenha mais cremes que eu e muito menos mais roupas que eu. Não se preocupe tanto com a aparência. Você precisa de uma calça e uma camiseta, bem largadas. Ternos só são sexies quando usados de vez em quando. Quero te achar lindo de moletom furado e meia em um pé só.
Não se preocupe em ser normal. Eu não sou. Seja louco de vez em quando. Faça algumas loucuras por mim, mesmo se me deixar com vergonha. Mas não muita vergonha.
Goste de música. Não ligue pra TV, mas aceite se eu gostar de novela, Gimenez e outros programas fúteis às vezes. Eu também saberei aceitar seus gostos e vontades, mesmo aqueles totalmente diferentes dos meus, desde que sejam seus de verdade. Não finja ser o que não é. Não faça tipo. Eu tenho mania de acreditar nas pessoas. Então, num primeiro momento vou acreditar no que você disse. E se descobrir que a verdade era outra vou me chatear. E não é muito bom quando isso acontece. Nem pra mim, nem pra você.
Não seja perfeito. Não seja meu pai, nem meu escravo. Erre muito. Chore, tome porres. Alguns porres comigo. Ache engraçado o quanto eu fico doida tomando vinho. E se aproveite disso.
Esqueça a educação às vezes. Tenha muitos amigos e saia pra beber com eles e falar bobagens. Seja cobiçado por muitas mulheres. De vez em quando olhe pra elas pra me provocar, mas volte e me diga que quem você quer sou eu. Não tenha medo de falar. E não fale coisas só pra me agradar. Me critique às vezes. Não me deixe ser a dona da verdade. Me agarre quando eu não estiver esperando. Em qualquer lugar que sentir vontade.
Não é fácil entrar aqui, no meu mundo. Tudo que tem aqui dentro é meu e eu gosto muito, mesmo as coisas chatas. A minha bula também tem contra-indicações. Por isso não basta me beijar do jeito que eu gosto. Mas você vai saber como entrar. E quando estiver aqui, pode ficar tranqüilo. Vai valer a pena.
* Livremente inspirado no texto Eu, modo de usar da Martha Medeiros, porque todo mundo deveria vir com bula. Click aqui para ler o texto da Martha...
quarta-feira, 30 de julho de 2008
... a bagunça e o espelho...
Lá no closet, estava um espelho lindo e grande que eu trouxe da minha antiga casa. Ele estava lá, perdido no meio de um monte de tralhas. Um dia meu irmão disse que queria o espelho pra ele. Minha mãe disse que tudo bem, afinal eu nem ligava praquele espelho. Nossa, fiquei muito brava. Muito mesmo. Tudo aquilo lá era meu e se eu ainda não tinha arrumado era por que, talvez, não estivesse preparada. Não sei explicar como, mas o meu irmão me entendeu. Estranho, por que isso é difícil de acontecer. Mas nesse dia ele me entendeu. E decidiu tomar uma atitude contra esse meu medo de encarar a bagunça que estava naquele closet. E na minha vida também.
Um sábado de manhã ele apareceu. Me acordou. Estava com uma furadeira na mão. “Vamos arrumar aquele closet agora. Vamos tirar toda aquela bagunça de lá e eu vou pendurar o seu espelho”. Eu ri. E fui. Tirei essa manhã pra arrumar tudo e ele me ajudou... Revi fotos, papéis, livros, CDs e toda a minha bagunça que estava lá, escondida. Vi o passado passando por mim em palavras, cheiros, roupas, várias coisas... Parece que tudo virou lembrança. Inofensivas lembranças, mesmo o que já foi ruim. E eu descobri que não tenho medo de bagunça. Nem de começar de novo. Mais uma vez.
Joguei muita coisa fora. Não vou mentir dizendo que foi fácil. Não foi não. Queria manter algumas dessas coisas guardadas. Mas não entendia por que. Aí ele me perguntava: por que exatamente você quer guardar isso? Se eu não tinha explicação, ia pro lixo. Dei várias calças jeans. Muitos sapatos. Encaixotei fotos, cartas. Nesse meio tempo encaixotei também antigos sentimentos e encontrei espaço para os novos. O espelho agora está no lugar dele. Onde eu possa me enxergar. Sem nada pra atrapalhar a minha visão de mim mesma. E eu vi. Meu coração já andou muito, se esborrachou e quebrou em mil pedacinhos. Ficaram alguns arranhões, é verdade. Mas ele é grande. E - mesmo que eu não entenda como - ele ainda tem coragem suficiente pra deixar alguém entrar...
quinta-feira, 24 de julho de 2008
... o primeiro ...
E a gente se acostuma tanto que não vê coisas que estão ao nosso lado. Comigo foi assim. Ele estava ali faz tempo. Mas por alguma razão estranha eu não tinha percebido. Não sei se faltava o alinhamento correto dos planetas, como ele diz. Ou se faltava aquele momento onde a gente vê as coisas com clareza, aquele estalo. Enfim... Não dá pra entender como ele podia estar lá e eu não ter visto. Porque ele não tem medo de mim. Não interpreta errado as minhas frases bobas. Me entende e acredita. Não gosta de nada mais ou menos. Gosta de rock, bares e cerveja. Ele gosta de praia, trilhas, palavras simples e meninas complexas. É viciado em café e em comprar CDs. E, além de tudo, tem cheiro de perfume italiano. Tudo bem que não tem chocolate na casa dele. Nem fogão. Dá pra acreditar numa casa sem fogão? Mas tudo bem. Ele me sentiu. Sim, é isso mesmo. SENTIU. Me chamou de linda, criticou minhas unhas de menino e me fez querer ser mulherzinha. A ponto de achar lindo ele abrir a porta do carro. Como assim? Justo eu???
Eu sei que as coisas nem sempre dão certo, mas a gente tem que ousar e desafiar a razão. A verdade é que eu tô aqui pra sentir. Então, dane-se a razão. O que eu sinto agora é que quero estar com ele. Agora. Depois?? Deixa o Universo decidir.
quinta-feira, 3 de julho de 2008
.... o caderninho preto ....
Li tudo de novo. E pensei no efeito que aquelas palavras, na maioria das vezes escritas em momentos de total confusão, possam ter causado na cabeça dele. Ao longo do tempo aprendi que temos que tomar muito cuidado com as palavras. Principalmente quando escrevemos. Por que aquilo que está escrito, está documentado. E pode ser lido sempre. As palavras têm poder. Imagina só quando as palavras são ruins. O efeito pode ser devastador. Não deve ter sido fácil pra ele conviver por longos meses com essas páginas. Um tempo atrás, sem pensar muito, pedi o caderninho de volta. E deixei lá um outro caderninho. De capa vermelha. Onde estavam nossos melhores momentos. Palavras que eu escrevi sorrindo. Foi uma coisa meio inconsciente. E eu entendi que, uma hora ou outra, o meu coração acerta o passo sozinho. Sem ouvir minha cabeça de melão.
Lendo o caderninho preto eu vi que aquelas palavras tinham que ficar no passado. Aquelas palavras soaram pra mim como uma lição de intolerância. E de descontrole. Eu estava fora de mim quando escrevia. Não foi legal entender que eu acabei levando mais problemas para alguém que já tinha os seus. E olha que os problemas dele não eram coisa pouca não. Eram problemas de verdade. Dores de verdade. Mas o lado bom disso tudo é que eu entendo agora coisas que não conseguia entender antes. Eu podia sim ter sido melhor. Mas não fui. Não foi de propósito. Eu não estava preparada. Não entendia o que estava acontecendo comigo. Não sabia como agir diante do turbilhão de sentimentos que tomava conta de mim. E dele. Então eu me perdôo sim. Me perdôo por que aqueles erros fizeram de mim quem eu sou hoje. E eu tenho certeza. Depois de fazer um monte de coisas que eu não entendia, eu passei a saber quem eu sou. Agora eu sei quem eu sou. E aquela lá que escrevia coisas nada agradáveis no caderno preto não sou eu.
E em mim não cabe mais aquele caderno. Ele ficava sozinho no meio de um monte de outros cadernos coloridos que eu adoro ler. Então, eu li mais uma vez. Pra garantir que tinha tirado todas as lições possíveis daquelas páginas doídas. Aí arranquei página por página. Piquei todas elas. Joguei os pedacinhos no lixo. Encapei o caderno com contact. E foi assim que o meu único caderninho preto nasceu de novo. Agora ele é colorido. E cheio de folhas em branco.
terça-feira, 1 de julho de 2008
... e tudo anda assim, tão complicado....
Eu ainda acredito. Acredito na felicidade. Acredito que a vida vale a pena. E acho que o que faz valer a pena é tão simples que a gente finge que não vê por querermos intensidade em tudo.
Não é suficiente ter saúde, é preciso ser perfeito. Não adianta ter um sapinho bem do interessante. A gente procura o príncipe, que se existisse, assim, igualzinho àquele dos contos de fadas, seria insuportavelmente chato e sem-graça. De que adianta o emprego estável se não é aquele que a gente sonhou?
Mas que fique bem claro, odeio comodismo, conformismo. Gente que se encosta, se acomoda e nunca mais sai de lá. Não acho que basta se contentar com o que se tem e ser feliz. Mas eu acredito que alcança a felicidade aquele que entende suas limitações e não estipula metas impossíveis para aquele momento. Por que o impossível de hoje, pode simplesmente se tornar possível amanhã.
A regra é não forçar a barra. Cada um tem de achar o seu jeito. A sua fórmula. Ninguém é feliz igual. Não existem padrões ou clichês para a felicidade. Você pode casar ou não. Namorar ou não. Ter filhos ou não. Escolher a profissão certa pra você. Ou não. Dá pra ser feliz mesmo assim. Mas não o tempo todo. Por que existem imprevistos. A gente perde. Perde coisas. Perde pessoas. E ninguém gosta de perder. Dói.
Também não dá pra abrir os olhos e encontrar a felicidade lá. Em cima da mesa posta pro café da manhã. A gente não sabe onde ela está. Mas assim, de repente, ela aparece. Ela pode estar onde a gente menos imagina. Pode não ser aquele furacão de sensações, mas pode dar uma paz incrível. Ela pode estar na sala da sua casa, naquele sofá que você ama. No tapete felpudo. Na parede pink do quarto. Numa cervejinha gelada. Num telefonema inesperado. Naquela conversa de horas e horas e horas. Num amor antigo. Nos seus amigos. Numa palavra bonita. Na sua música. Num dia de céu azul. Numa lua cheia. Num beijo bom. Numa gargalhada.
Ser feliz vicia. Mas só é tão bom por que acaba. Pra depois começar de novo. É bom por que a gente sabe que não é feliz. A gente sabe que está feliz. Simples assim.
terça-feira, 17 de junho de 2008
... mais uma sobre insônia ...
O que eu sinto agora, nesse momento, é um frio na barriga. Uma angústia que eu não conheço. Não sei se é boa ou ruim. Tenho poucas certezas agora. Sei que sinto a sua falta, mas não sei porque. Não sei se é de você mesmo, ou se é de mim, quando eu tinha você. Não sei se é da gente, ou da nossa história bonita.
Lembro que a gente tinha medo porque o que sentíamos parecia ser grande demais. E parecia não caber dentro da gente. Agora entendo porquê. O que a gente sabia era que a dor que viria depois era grande demais. Não coube em mim. Sofrer dói. E muito. Mas não dá pra explicar como é bom quando passa. Só tem um problema. É tão bom quando você sente que passa, tão bom, que parece que não é verdade. Parece que é mais um capricho do destino. Ele te mostra o quanto é bom, e de repente, tira isso de você.
Não sei dizer o que está acontecendo. Eu não sei onde você está aqui dentro, nem que espaço você ocupa. Mas sei que me dá raiva cada vez que procuro o seu beijo nas outras pessoas. Procuro seu cheiro. A sua voz. Procuro você e não te acho mais. Não me acho mais.
Será que eu acho que te procuro por que ainda não conheci outro beijo que me tirasse o ar? Será que você virou meu parâmetro de comparação? Será que eu to lutando contra o meu inconsciente? A verdade é que não sei dizer mais nada sobre isso. Me faltam argumentos e não dá pra justificar algo que eu não conheço ainda. A mania de sentir demais e pensar de menos está agora sob controle. Mas às vezes eu escapo de mim. Problema meu. Mas sou assim. Preciso de mais tempo. De ar. E, por mais incrível que possa parecer, preciso do silêncio. Do meu. Do seu. E do resto do mundo.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
... Dia dos Namorados às avessas....
Então hoje é Dia dos Namorados. E observando alguns casais, é bem hoje que eu comemoro o fato de estar solteira. Ironicamente, me sinto privilegiada. Me sinto leve, livre e sem preocupações. E olha, juro que não é despeito. Eu sou romântica sim, e acho uma delícia estar apaixonada. Mas só estando solteira é que a gente consegue se preparar para namorar. Logo faz dois anos que eu estou solteira. Desde que comecei com o primeiro namoro nunca ficava solteira mais de dois meses. Engatava um namoro no outro antes de passar a fase da deprê pelo fim do relacionamento anterior. E é só agora, depois de quase dois anos, que eu entendi o lado bom da solteirice.
Não tem nada melhor do que errar pra aprender certo? Então experimente olhar os erros alheios, assim de fora. Nossa, é um laboratório e tanto. Pior é quando a gente se enxerga nos erros dos outros e pensa o quanto fomos estúpidos. Agora, como observadora, tem algumas coisas que eu não suporto, e acredito que não conseguiria repetir num próximo namoro. Por exemplo: brigas públicas. Credo, que péssimo. Todo mundo acompanhando uma discussão ridícula (geralmente por um motivo idiota) como se fosse novela. Tenho vergonha alheia.
Outra coisa insuportável é a falta de confiança. O medo constante de ser trocado. Sair com os amigos? Não pode. E aqueles casais que trocam senha de email e de orkut? Pra mim isso é o fim da picada. É o cúmulo da falta de identidade. Se tem uma coisa que eu quero levar para os meus próximos namoros é quem eu sou agora, sozinha. Eu não quero mais, de repente, virar a metade de alguém e me perder de mim mesma.
A verdade é que só sendo solteira é que a gente consegue se conhecer. Se entender. Entender quem a gente é quando não é dois. E sabe que eu gostei de quem eu me vi agora? É uma delícia se conhecer. Às vezes dói também, por que nem tudo que tem dentro da gente é legal. Mas a liberdade de poder ser quem eu quiser, de ser espontânea, não tem preço.Não, eu não sou forte o tempo todo. Sou dona do meu nariz, mas às vezes dá vontade de voltar a ser uma menininha boba e apaixonada. A questão é que, agora, não é qualquer um que entra aqui no meu mundo. Tudo que tem aqui dentro é meu e eu não abro mão. Por isso não basta me beijar do jeito que eu gosto. Tá bom, já é um grande passo. Mas não é tudo. Pra entrar aqui, não pode entrar devagarinho. Tem que chegar derrubando tudo. Me invadir e virar meu mundinho no avesso. E aí, pode ficar tranqüilo. Vai valer a pena.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
... distância imaginária...
A gente escolhe algumas pessoas. E quando escolhemos não tem mais volta. Queremos estar perto. Não importa o quanto essas pessoas nos magoem, ou o quanto nós magoamos essas pessoas. As pessoas que continuam ali, de um jeito ou de outro, depois de tudo, são aquelas que valem a pena. Aquelas que têm que estar lá.
E quando estão por perto, não há muito que se falar. Elas nos deixam seguras, mesmo fingindo não se importar. A verdade é que as barreiras que a gente cria não conseguem manter quem realmente importa longe. Mas uma hora a gente tem que escolher. Ou ficamos perdendo tempo traçando linhas imaginárias que bloqueiam nossos passos, ou decidimos atravessar Passar por cima. E perceber que a vista que está ali, bem na frente da nossa barreira imaginária, é tudo o que a gente queria ver. E é tão simples. Só o que temos que fazer é passar pro outro lado. Às vezes, basta abrir os olhos.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
... só uma certeza no meio de muitas contradições...
maio/2006
terça-feira, 13 de maio de 2008
... falha na comunicação...
terça-feira, 6 de maio de 2008
...conto de fadas ao contrário...
E só pra complicar mais um pouco, apareceu um moço. Diferente. Dela e da maioria das pessoas que conhecia. Ele não fazia a barba, detestava cortar o cabelo, não ligava pra grife nenhuma, usava chinelo de hippie e calça larga. Ela olhou e, sem entender por que, achou lindo. Ele tocava violão de olhos fechados, tinha covinhas e sabia falar as palavras certas, ou palavras que pareciam erradas, mas, pra ela, faziam todo o sentido do mundo. Ele parecia livre. E ela perdeu o chão por que achou que ser livre era muito mais interessante do que ter uma vida de comercial de cartão de crédito.Ela descobriu que estava perdida no meio daquela vida que pra todo mundo, parecia quase perfeita. E estava começando a entender quem era. Ela queria ser livre. Poder sentir tudo sem limites. E ela foi. Largou tudo e resolveu começar de novo. Ela não podia mais comprar todas as coisas que queria. Gastou com mudanças, dividiu os móveis da casa e percebeu que ela podia ter comprado só um pouquinho menos de roupas e guardado algum dinheiro. Teve sorte também. Sem esperar, contou com ajuda de amigos, que ofereceram casa, comida e roupa lavada quando ela não sabia pra onde ir, nem o que fazer ainda. Depois morou sozinha e viu o quanto é difícil se organizar e ser independente. Dividiu a casa com algumas amigas e viu que se já não é nada fácil conviver com os seus próprios defeitos, mais complicado ainda é conviver com os defeitos e problemas dos outros. Se decepcionou, caiu e se quebrou em pedacinhos várias vezes. De repente, tudo tinha ficado difícil.
Mas, nesse meio tempo, ela também viveu uma história linda com o moço do violão. Uma história cheia de música, sensações e sentimentos que nenhum dos dois conhecia. Era tudo colorido, com direito a frio na barriga e beijos de perder o ar. Assim, igualzinho nos filmes. Só que não tinha meio termo. Era tudo muito intenso. Ou muito bom, ou muito ruim.
E além da confusão da cabeça dos dois, a vida tratou de complicar mais um pouquinho. Além do turbilhão de emoções, eles passaram por alguns dos momentos mais difíceis que alguém pode ter. Coisas que doeram de matar, que não têm explicação. Coisas que fizeram a menina entender que a gente pode ter tudo na vida, mas sem saúde e sem as pessoas que a gente ama por perto, fica bem difícil viver. Ela percebeu o quanto dói ver pessoas queridas sofrerem e o quanto é frustrante ser impotente diante de algumas situações que a vida impõe. Eles se ajudaram, sofreram e aprenderam. Depois se separaram.
O moço foi embora. Mas ela ficou e decidiu reescrever a sua história. Depois de mais uma dúzia de novas decepções e outros vários erros que ela cometeu, a menina descobriu que, aquela lá, do começo, era só um esboço da protagonista que ela queria ser. Aquela menina que gostava de roupas caras, baladas e namorados perfeitos é agora uma mulher simples. Que adora se arrumar, ficar bonita e não gasta mais rios de dinheiro pra isso. Ela ainda arruma o cabelo, adora passar lápis preto no olho, não vive sem rímel e blush. Mas acredita que a beleza está na simplicidade e na felicidade de se aceitar como é. Ela descobriu que não sonha com uma festa de casamento de arromba. Ela não quer nem casamento, muito menos festa com buffet. Ela quer festa sem motivo. Rir com os amigos. Ela quer alguém que tire o chão dos seus pés. Que goste de coisas bobas e mulheres complicadas.Alguém que acredite em conto de fadas, mas que seja realista também. Que adore noites estreladas... A lua. E que entenda quanta poesia existe nas coisas simples. Alguém que goste de surpresas. Que não tenha medo (por que ela tem muito medo às vezes).Ela quer parar de se preocupar e rir até a barriga doer quando achar que não tem outro jeito. Chorar junto com alguém quando sentir vontade. Ela quer sentir os cheiros do mundo. O gosto das coisas, das pessoas...Confessar segredos absurdos. Ela quer uma casa cheia de árvores. Grama e terra pra andar descalça. Com vários cachorros. Jardim e lago. Quem ela quer, é alguém que acredite, como ela, que um dia tudo vai dar certo. No fundo ela sabe, que se as coisas não acontecerem do jeito que ela sonha agora, podem acontecer de um jeito ainda melhor. Por que a história dessa mulher, ainda não chegou nem na segunda página.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
... coisas que eu sei....
Não é fácil se conhecer. Olhar pra si mesmo e entender os seus defeitos. Pra mim, sei que ainda falta muito. Mas eu não estou com pressa, tenho o meu tempo. Que corre conforme a minha música. Nos últimos anos o ritmo foi um pouco difícil de acompanhar. Minha música saiu do compasso e acelerou demais. De um jeito que eu não conseguia entender. Vivi várias vidas em alguns meses. Surtei, fiz loucuras, sofri e me acabei.
Muitas vezes acordei sem saber quem eu era. Sem gostar de quem eu era naquele momento. E sem ninguém pra segurar minha mão, olhar pra mim e dizer que eu só era alguém normal, passando por uma fase difícil. Doeu. Mas só por isso agora eu posso me olhar e me sentir mais mulher, mais adulta e começar a me entender. Eu não preciso posar de boa moça pra ninguém. Nem pra mim. Agora eu sei que têm algumas coisas aqui dentro que não são muito legais. Mas que são minhas e que eu tenho que aceitar. Mesmo sabendo que eu continuo errando, tropeçando nos meus próprios pés, eu me aceito. Por inteiro.
Quando me aceito, me sinto livre. Liberdade todo mundo tem. Mas se sentir livre, é outra coisa. Não tem explicação. Depois de ouvir tanta gente me julgar sem entender e pensar que eram essas pessoas que me faziam sofrer, eu consegui, finalmente, entender qual era o problema. Podem falar o que for, podem jogar meus erros na minha cara como se nunca tivessem errado. O problema está aqui, comigo. Eu só posso ser vítima de mim mesma. Ninguém mais tem esse poder. O que dói não é o julgamento dos outros, mas o meu julgamento. Eu não quero mais me julgar. Por que entendi que me perdoar é mais difícil do que perdoar as outras pessoas.
Agora eu me perdôo pelas vezes que eu não me respeitei e passei dos meus limites. Por que fui eu que me machuquei. Mais ninguém. E sabe do que mais?? Não aceito mais julgamentos. Ofensas e críticas sem sentido já não me afetam mais como antes. Não engulo mais que falem de mim como se me conhecessem. Minha garganta já fechou de tanto engolir sapos. E as pessoas que me importam são aquelas que me trouxeram um copão cheio de água pra engolir tudo de uma vez e respirar de novo. Só eu posso saber como é ser eu. E não adianta vir aqui e tentar me parar. É perda de tempo. Nem tudo está bem, mas eu tenho forças pra correr atrás do que eu preciso. Pode demorar. Posso errar a mão. Posso bater com a cara na porta mil vezes. Cair, me machucar, me quebrar em mil pedacinhos. Mesmo assim eu vou. E não adianta. A dor é minha e a cura quem tem sou eu.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
... escolha...
Nos tempos mais difíceis tivemos um ao outro. Nos ajudamos. Nos apoiamos. E tivemos momentos que fizeram tudo valer a pena. Momentos, cheiros, gostos e frases perfeitas que eu não troco por nada. Que são só nossos e nos fazem cúmplices de um crime perfeito. E cumplicidade, meu bem, não é pra qualquer um não. É pra quem pode. 'Bonnie and Clyde' que nada! Nós que sobrevivemos a uma rajada de balas, eles não. Saímos dessa história machucados, mas vivos. E ainda cúlplices.
Quem eu sou hoje tem muito de você. E eu sei que quem você é hoje tem muito de mim. E também sei que hoje a gente gosta da gente. Eu gosto de mim e você gosta de você. Essa não foi uma conquista fácil. Gostar de alguém é muito mais fácil do que gostar de si mesmo. E foi gostando um do outro que a gente aprendeu que não dá pra amar ninguém sem se amar primeiro. Ainda estamos aprendendo, é verdade. Mas os primeiros passos, aqueles mais difíceis, a gente já deu. E é por isso que ainda sobrou muita coisa aqui. Sobrou uma parte de nós que quer o melhor pro outro. Não importa como, nem com quem, nem quando. O que sentimos é mais do que amizade. Isso é verdade. Não temos interesses escondidos e não somos parte de nenhuma estatística. Não dá pra colocar a gente num pacote e rotular como todo mundo faz. Não tem a resposta mais simples. Aquela que todo mundo entende ou espera. O melhor é que gente percebeu que não importa o que o resto do mundo pensa. O que importa é o que só nós dois sabemos, entendemos e sentimos. E é inútil tentar explicar. Temos nossos limites. Mas também temos algumas vantagens sobre alguns amigos. Sabemos muito um do outro. Informações privilegiadas. Coisas que quase ninguém sabe. E a intimidade que a gente teve nos dá liberdade pra conversar sobre assuntos que outras pessoas não conseguiriam entender. Parece complicado, mas pra mim é só uma questão de sorte. Muita sorte. A gente sentiu coisas demais. Doeu. Aí o tempo passou. Vieram fases, mal-entendidos, brigas, amigos... E hoje, depois da tempestade, a gente ainda consegue conversar por horas e se re-conhecer. Lembrar da parte que tínhamos esquecido no meio do turbilhão. Do quanto a gente se diverte e se dá bem, independente de tudo. Do quanto é bom rir de coisas que só a gente sabe. Entendemos que não tem sentido ocupar espaço dentro da gente com coisas que já perderam a validade e que nos impedem de fazer o que temos vontade. Hoje não existe nada que nos impeça de cultivar uma amizade que nos faz bem. Por mais improvável que possa parecer. Pode ser improvável, difícil e estranho pra muita gente, mas somos a prova de que não é impossível. Não dá pra explicar a delícia que é te olhar e ver que hoje você me entende de um jeito que não entendia antes. E como é bom te entender também. A gente cresceu e aprendeu a ouvir o outro. A ouvir sem ruídos. Sem egoísmo. E sem confundir os sentimentos. Não, não tem jeito de saber de tudo, entender tudo. Não precisa ter pressa. A gente ainda tem tempo pra entender o que ainda não entendemos agora. Mas o mais importante a gente já percebeu: o que vale a pena nessa vida é ter coisas lindas pra lembrar e alguém com quem contar. Isso tudo a gente têm.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
... quando explicar perde o sentido...
terça-feira, 1 de abril de 2008
...Ok, você venceu. Chega de batata frita...
E olha, não é fácil. Depois de meses cultivando o sedentarismo regado a baladinhas durante a semana, cervejas, petiscos e chocolates, eu parei e pensei: é, não estou mal. Meus músculos não são aparentes, minha bunda não é super durinha, mas ainda to bem. Ainda. Aí que a coisa pega. Quando a gente começa a chegar perto dos 30 nossos hormônios começam a gritar. Se antigamente eles gritavam: corre lá ficar grávida que você nasceu pra ser mãe, hoje em dia eles gritam: se você não correr atrás agora, quando fizer trinta vai ser a mais caída do mundo e aí a sua pose de mulher-vaidosa-inteligente e independente vai pro brejo.
Quando você fica muito tempo parada, voltar a fazer exercícios é altamente desanimador no começo. Aí tudo que você quer é ser transparente. O melhor seria ficar invisível naquele ambiente cheio de mulheres que não comem sobremesa, nem carboidratos à noite. Isso sem falar no medo da avaliação física. Quando eu sei que vou ficar ofegante com 10 minutos de bicicleta e vou querer quebrar tudo quando aparecerem com aquela pinça enorme de medir pneus. Se até nossas amigas mais magrinhas conseguem achar algum pneu apertando suavemente com a mão, imagina quando um profissional aparece com uma pinça gigante que consegue encontrar cada centímetro do pneu. E eu nem achava meus pneus tão grandes assim.
Pra mim virou uma questão de honra. Nem tanto pela cara de “não acredito que você está aqui” de todas as pessoas que eu conhecia na academia, mas por que eu preciso fazer alguma coisa mesmo. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo, mas meu corpo pedia pela ginástica e eu não tinha mais pra onde fugir.
Depois da sensação de dever cumprido (não adianta, mas o melhor da academia sempre vai ser a hora que eu estou indo embora) o corpo inteiro começa a doer. Tem gente que diz que é comum, é um sinal de que está funcionando. Na verdade pode ser uma substância anti-ginástica liberada pelo meu cérebro, tentando me fazer desistir. Junto com a dor, escuto vozes bem baixinhas dizendo: “pára com isso, abre uma cerveja e um saco de salgadinho-isopor-com-sal, depois come um chocolate e vai dormir feliz”.
Ainda não sei o que vai acontecer. Provavelmente vou insistir. As vozes estão menos radicais agora e estão chegando a um denominador comum entre o sedentarismo e a malhação. Não, não dá pra me transformar numa mulher-salada com complexo de Barbie do dia pra noite. Mas dá pra maneirar um pouco. Cervejinha agora só no final de semana. Mas alguém aí me explica: final de semana pode começar na quarta-feira se eu for pra academia todo dia?
quarta-feira, 19 de março de 2008
...Sou branca, mas sou limpinha...
Tá bom, eu não sou a Catherine e nem vivo na Europa. Moro aqui, no Brasil, país tropical, abençoado por Deus. Cheio de garotas de Ipanema, ostentando seu bronze e de mulatas que nem precisam do sol. Elas tem a genética a seu favor. A cor linda é natural, o corpo escultural vem com o pacote e elas quase nunca tem rugas. Pasmem, graças à melanina, nem celulite elas têm. E nós, as pobres-mortais-branquelas, somos alvo fácil do preconceito dos morenos. Por que, vamos combinar, um ser transparente andando numa praia chama atenção. Fica da cor da areia e quando o sol bate dá reflexo. Sabe cocoon? Aqueles ETs brancos e brilhantes? Então, é isso. Ai que saco.
Eu assumo que já tive meus dias de morena. Na verdade algumas tentativas frustradas de me enquadrar na ditadura do bronze. Quando eu era adolescente, cansada de ouvir os meninos me chamarem de “miss polar” (adolescente é cruel mesmo), decidi provar que eu também poderia ter um corpo dourado. Aí fui à praia com aquele bronzeador, super-na-moda da época, “Raquito de sol”. Idéia da minha prima. O máximo que consegui foi ficar com mais de 40º de febre, uma cor linda de camarão rosa e várias noites sem dormir. Também tentei o bronzeamento artificial, quando era hit da indústria de beleza. Só me deu mais sardas. Creme auto-bronzeador? Não funciona, fico cor de laranja. Tipo Ooompa Loompa.
Olha só como são as coisas. Lá, nos tempos coloniais, a galera se enchia de pó de arroz pra ficar com o rosto branco. Era símbolo de status. Hoje, o povo faz bronzeamento a jato pra ficar marrom. Esse mundo é doido mesmo. E os padrões ficam cada vez mais absurdos.
Então, eu assumo e cultivo minha brancura. Não ligo mais pro clamor popular, pros amigos me mandando tomar um solzinho. Danem-se as fotos com flash! Afinal, sou branca, mas sou limpinha. Tenho um bom coração. E vou seguir assim. Eu e meu filtro solar, fator de proteção mil.
segunda-feira, 10 de março de 2008
...
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
... terapia de papel...
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
E foi aí, bem nesse momento, que eu me senti linda. Linda e confiante. Não, eu não tenho aquele corpão, não tenho aqueles olhos, não tenho nada daquilo. Eu tenho quadril largo, uso calça 42, tenho sardas só na bochecha e no nariz, um cabelo que sempre me irrita, unhas que parecem de menino, e três tatuagens. Nunca fiz lipo, não piso na academia, adoro cerveja e como tudo o que me dá vontade. Falo palavrão de vez em quando, não sei me sentar como uma dama e gosto de rir bem alto. Mas eu sou eu. Única. E ali, ao lado de uma mulher perfeita, eu me senti linda. No meio de toda a minha imperfeição.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
... pega na mentira ...
Lá no fundo, talvez ninguém queira ouvir. Às vezes dizemos a verdade por que a verdade é tudo o que temos pra dar. Às vezes dizemos a verdade por que a gente precisa gritar bem alto pra ela chegar aos nossos próprios ouvidos. E aqui está a verdade sobre a verdade: machuca. Então a gente mente.
Eu menti pra você. Menti quando disse que estava tudo bem. Menti quando disse que não me importo mais. Menti quando tentei procurar você em outros beijos. Menti quando disse que não sinto ciúme. Menti quando você me disse que estava confuso e eu respondi que sabia exatamente o que queria. Não, eu não sei. Eu achava que sabia, mas não sei. Eu menti também quando te disse, que ao contrário de você, eu não tenho medo. É mentira. Eu estou apavorada.
Ta bom. Eu me entrego. Sou uma impostora. O que vocês todos estão vendo aqui não é exatamente real. Pra falar a verdade, acho que tudo é mentira nesse mundo. Eu minto pra me sentir mais forte. Pra mostrar que eu sou super bem resolvida e não ligo mais pra todas aquelas baboseiras românticas. Eu minto. Ninguém acredita. Nem eu. Nem você.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
...se acaba, não é amor....
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
... histórias e cicatrizes....
...dia seguinte...
Então entrou no chuveiro e chorou baixinho. Se perguntou por que aquilo estava acontecendo. Por que é tão difícil se despedir. Por que as coisas têm que ser assim. Tão complicadas. Tão doloridas. Tão sem explicação.
Tirou a maquiagem. Lavou o cabelo, o corpo e deixou a água correr. Correr e lavar aquele sentimento estranho de não se encontrar mais.
Depois, voltou ao espelho. Se olhou, e não se encontrou. Só ele. Ele ainda estava lá. Banho definitivamente não lava a alma.