quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

...ano novo todo dia...

Estranho no fim de ano é essa sensação de poder começar de novo. De que um ciclo acabou e que tudo o que tirou o nosso sono nos últimos meses fica oficialmente pra trás. No ano passado. Bobagem. O ano novo é só o dia seguinte. Que importa o calendário? O relógio? Tudo bem, somos dados a essas coisas. Nos apegamos a esses detalhes. Ao tempo. Às datas.
Eu tento não fazer promessas. Mas acabo fazendo. Tenho meus dias de Pollyana. E tenho certeza de que tudo vai melhorar. Espero mais de mim. Acredito que vou conseguir economizar. Pagar as contas atrasadas. Fazer dieta. Me preocupar e sofrer menos com bobagens.
Mas no fundo, o que eu quero mesmo é descobrir a minha verdade. Dizer que esqueci e esquecer. Dizer que perdoei e perdoar. Mesmo. Quero me permitir mais. Viver mais leve... Ser livre. Ser eu. Ser simples. Quero fazer alguma coisa. Ajudar mais. Quero que as pessoas que eu amo se preocupem mais com a saúde. Quero me preocupar mais com a minha também.
Quero ver menos TV e ver mais gente. Quero acreditar menos no que as pessoas falam e mais no que eu sinto. Quero o meu canto. Com a minha cara.
Mas algumas coisas não mudam. E talvez nem tenham que mudar, por enquanto. Eu continuo sendo boba e criança. Continuo tendo pesadelos. Continuo apaixonada pela vida, mesmo quando me decepciono. Continuo acreditando nas pessoas. Continuo desligada. Estabanada. Continuo sem saber dançar. E sem saber mergulhar.
Continuo amando chocolate. Continuo reclamando do meu corpo (sem nem pisar na academia). Continuo odiando usar o mesmo shampoo todo dia. Continuo comprando cremes iguais. Continuo amando lápis preto no olho. E odiando batom.
Continuo no mesmo emprego. Continuo sendo gastona. Continuo sem dinheiro. Continuo adorando experimentar roupas que, provavelmente, nunca vou usar. Continuo amando cerveja. E chopp carioca. Continuo amando calças jeans. E destruindo todos os saltos dos meus scarpins, quando meus cães não o fazem primeiro. Continuo muito preguiçosa e bagunceira. Continuo sendo meio folgada, mas sem intenção... Continuo complicada e cheia de minhocas na cabeça...
E agora, vou continuar querendo ano novo todo dia.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

...eu quero ficar... mas também sei ir embora...

Eu sempre fui muito impulsiva. Romântica. Crédula. Depois aprendi que nem tudo é como a gente quer, ou mesmo como deveria ser. Hoje em dia sou mais racional. E aprendi a me defender do meu jeito. Eu aprendi a fugir. Simplesmente fugir. Essa é a minha única defesa. Parece bobagem? Covardia? Me desculpe, mas têm algumas coisas aqui dentro que só eu conheço. E ninguém pode julgar. Por enquanto, esse é o jeito que eu encontrei de poupar um pouco o meu coração bobo e cansado quando ele começa a acreditar outra vez.
Só que chega uma hora que a gente acha que tem alguém por quem vale a pena se segurar no lugar. E cansa de fugir. Eu cansei. E decidi ficar pra variar. Mesmo contra as probabilidades, mesmo com medo, eu fiquei. Mas não sei fazer tudo sozinha. E eu preciso falar. De algum jeito. Mesmo sem saber se você vai ouvir. Se vai me achar uma louca por escrever uma coisa que, pra mim, é muito difícil dizer. Ou que às vezes eu tento dizer e você não gosta de ouvir. Então, vamos combinar assim: se você aí gosta de mim e acha que isso aqui vale a pena, não me deixa escapar não. Por que eu tenho o péssimo hábito de não voltar mais.
Não me deixa insegura. Eu não gosto de mim assim. Não sei agir quando me sinto desse jeito. Odeio coisas mais ou menos, sou mimada e calmaria demais me cansa. Também não me contento com pouco e odeio me sentir descartável. Quero que você acredite que é o cara que eu quero agora. E eu te mostro isso. Mas também quero sentir que eu sou quem você quer. Parece difícil? Não deveria ser. Na verdade, eu acho que peço muito pouco. Mas tudo bem, digamos que, pra você, não seja fácil. Pra mim também não é. Mas eu estou aqui não estou? E não adiantaria se eu só dissesse que estou aqui. Tem que estar de verdade.
Não me entenda mal. Eu quero você assim. Livre. Como eu. Detesto imposições e cobranças. Mas em alguns momentos, e por algumas pessoas, vale a pena colocar os pingos nos "is". Por isso eu falo essas coisas que, talvez, eu não devesse. Então fica assim: cuida de mim e me mostra o que você sente, mostra que você se importa. Não me deixa tão solta. Não me deixa fugir. Porque eu quero ficar aqui. Eu tô cansada de correr. Mas sei ir embora mesmo quando quero que me peçam pra ficar.
1º de novembro....

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

... eu quero mais ....

Quando a gente pára pra olhar o ano já acabou, tanta coisa aconteceu, acabou, começou de novo. Eu sempre fui muito impulsiva. Sentimental demais. Sem perceber invento histórias, paixões... Com final feliz e trilha sonora. Então preciso do tempo. Eu preciso esperar o tempo passar. Só o tempo pode dizer o que é de verdade. No fundo eu sei. Eu sei onde eu gosto de estar. Sei que não quero um amor inventado. Por que eu não consigo amar mais ou menos. Quero borboletas na barriga e fogos de artifício.

E mesmo com milhões de coisas fervilhando dentro de mim, sinto uma calma estranha. Uma calma de quem sabe que fez tudo o que pode. Calma de quem sabe que tem o direito de querer mais. Eu sei que muita gente pode achar que o que eu quero não existe. Pode ser que um dia eu também ache isso. Mas por enquanto... eu quero muito mais.

Quero um amor que me leve jantar. Que me dê presentinhos. Que tenha uma banheira. Que me faça sentir importante. Feliz. Que fale o que eu quero ouvir. E o que eu não quero também. Que colha flores do jardim. Que tenha vários cachorros. Mesmo se nenhum deles gostar de mim. Uma casa cheia de árvores. Jardim e lago.

Quero alguém que me ajude a não fazer besteira e que muitas vezes esteja disposto a fazer besteiras comigo. Um porre homérico. Alguém que acredite em conto de fadas, mas que seja realista também. Quero passear na praia junto. Beber junto. Comer até não agüentar mais. E depois rir de tudo.

Alguém que saiba agir diante da TPM. Entenda meu mau-humor e compartilhe meu bom-humor. Alguém que adore noites estreladas... A lua. E entenda quanta poesia existe nas coisas simples. Alguém que goste de surpresas. Que não tenha medo (por que eu tenho muito às vezes) e me dê colo durante meus momentos de carência.

Alguém que esteja sempre perto de mim mesmo quando estiver longe. Que me faça rir. Que ria das minhas piadas e das vezes que ajo como criança. Alguém que odeie mentir. Que escreva poesias.

Quero rir até a barriga doer quando achar que não tem outro jeito. Chorar junto com alguém quando sentir vontade. Quero poder dizer tudo o que eu penso. Quero pensar antes de falar.

Quero descobrir minha verdade. Quero acreditar menos no que as pessoas falam e mais no que eu sinto. Um abraço apertado. Um beijo de surpresa. No pescoço. Sentir o cheiro das coisas. O gosto das coisas, das pessoas... Quero confessar meus mais secretos segredos... e defeitos. Quero ser ouvida. Querida. Desejada. Fazer parte de alguém.
Bom, se souber falar as coisas certas no meu ouvido e devolver aquelas borboletas que um dia voaram no meu estômago, não precisa nada disso. Abro mão dos jantares, da banheira e tudo mais. Só precisa ser você... Mais nada.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

...excesso de informação...

A essa altura você sabe muito de mim. Sabe que eu sou cheia de neuras, manias e detalhes. Viu que eu sou transparente mesmo. Que não gosto de joguinhos. Nem de ceninhas. Detesto proibições, obrigações. Fico nervosa quando querem mandar em mim (coisa que você adora por sinal, rs). Já sabe que eu sou boba, infantil e carente. Muito chata às vezes. Que só a combinação “você + toblerone” é capaz de curar minha TPM horrível. Sabe também que, às vezes, minha TPM não tem cura mesmo.

Sabe que eu adoro cozinhar e não me conformo com a sua casa sem fogão. Sabe que eu amo cerveja e que vinho me deixa meio sem noção. Agora você já sabe que eu sou louca pelos meus cachorros. Na verdade sou louca por todos os cachorros do mundo. Cachorrólatra mesmo. Você sabe que eu odeio ir à manicure, mas sou capaz de ir por alguém importante. Posso até pintar as unhas de esmalte escuro se valer a pena.

Já descobriu que eu adoro ser mulherzinha, me sentir importante, usar salto alto, roupas novas e maquiagens coloridas. Percebeu que eu sou desligada, esqueço quase tudo e não enxergo de longe. Já aprendeu a tirar todas as coisas que quebram de perto de mim, mesmo quando eu fico brava por não admitir o quanto sou estabanada.

Você já sabe o meu cheiro e o meu gosto, e tenta entender o medo que eu tenho de dormir com as portas abertas. Já sabe que lado da cama eu gosto de ficar e que tenho dor nas costas toda manhã por causa do monte de travesseiros. Conhece a minha insônia, o meu frio de madrugada e a minha demora pra acordar. Já se acostumou com o meu mau-humor pela manhã e descobriu a receita pra curá-lo de uma vez por todas.

Bom, agora me fala, o que você vai fazer com tanta informação??

terça-feira, 23 de setembro de 2008

....

Tenho uma dificuldade enorme pra falar de sentimentos. Dos meus, pra ser mais específica. Adoro escrever sobre, dar conselhos, mas falar de mim, não dá. Fico esquisita, falo um monte de coisas sem nexo que nem eu entendo, choro quando não encontro as palavras e tenho vontade de sumir. Dificilmente consigo dizer o que eu sinto. E agora, parece que ficou ainda mais difícil. Mesmo depois de bater com a cara na porta algumas vezes, de ver meus sonhos picados em mil pedacinhos eu não consegui perder a mania de acreditar nas pessoas. Tenho orgulho disso por que não foi tarefa das mais fáceis. Mas agora eu enfrento todos os dias um medo que eu não sei da onde vem. Uma insegurança que não se parece comigo.

Tenho um amigo meu, amigo-irmão na verdade, que diz que a minha cabeça tá estragada. Ele acha que eu não sei lidar com caras normais, legais, depois de me envolver com tantos doidos complicados. Coisinha estranha que é a cabeça da gente né? As pessoas colocam a gente pra baixo e a gente começa a acreditar. Porque será que é mais fácil acreditar na coisa ruim? A gente sempre lembra das dores primeiro do que das alegrias. Das ofensas primeiro do que dos elogios. E, no meu caso, assumo a culpa. Eu admito. Eu me deixei diminuir. Sorte, que uma hora cansa. Eu cansei faz tempo. E me quis de volta. Me levantei, colei meus padacinhos e fui. Segui em frente. Curei as feridas. Mas as cicatrizes estão aqui dentro.

Aí eu tropeço nas palavras. Fico insegura. Tenho ciúme bobo. Eu? Logo eu? Tudo bem, não dá pra fazer tudo certo sempre. Seria louco quem esperasse isso de qualquer pessoa. Mas gostar de mim não deve ser fácil. Meus momentos de insanidade alternados com os de perfeita normalidade devem dar um nó na cabeça mesmo. Mas eu me esforço. Eu juro. E sei que uma hora aprendo e a paciência que você tem comigo será recompensada.

Continuo romântica sim. Mas não quero um conto de fadas. Estou longe de ser uma princesa com bons modos e jamais agüentaria um príncipe que nunca erra. Preciso de um homem de carne e osso. Com defeitos chatices e fraquezas. Com histórias e cicatrizes como eu. Mas não vou mentir. Eu cansei de cuidar das pessoas. Agora quero que cuidem de mim pra variar. Talvez, nesse momento, eu esteja precisando mais de cuidados. De colo. E de um abraço que me segure bem forte e não me deixe escapar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

.... pra quem pensa que sabe tudo...

Sou complicada, teimosa e louca o bastante pra agüentar o tranco dos meus impulsos mais absurdos. Eu erro muito e não tenho medo. Passo a borracha e escrevo de novo. A gente precisa de rascunhos, pra um dia escrever o texto perfeito, ou quase perfeito. Tudo bem, tenho coragem bastante pra sentir demais, pensar de menos e não ter medo de errar, mas continuo com medo de barata, filme de terror, de pessoas que não gostam de crianças e animais. Ah, também tenho medo de assalto, de maníacos psicopatas em geral, de mentira e de chuva forte com trovão.

Não espero perdão de ninguém. De verdade. Porque quando eu erro é em mim que dói mais. E só eu posso me perdoar. Nesses anos eu aprendi uma coisa: perdoar a si mesma é muito mais difícil do que perdoar aos outros. Por isso, acredito na minha consciência quando ela me avisa de alguma burrada que eu fiz. Aí, dou bronca em mim mesma, choro, fico com raiva, faço drama e me perdôo.

O mundo seria um lugar lindo se vivêssemos livres de julgamentos. A maioria das pessoas julga por que tem medo das pessoas livres. A gente se acostuma com limites e passa a vida tentando não ultrapassar essas linhas imaginárias. Tá certo. Eu preciso de limites às vezes, senão vou indo e não páro mais. Mas muitas limitações me fazem perder o gosto pela vida. Não espero que as pessoas entendam esse meu jeito esquisito de tentar viver livre. O que me consola é que tem gente que sabe que sentir é melhor que entender. E eu não sou pra todo mundo mesmo. Sou de quem paga o preço e não tem medo.

Pareço transparente demais e as pessoas acham que sabem muito sobre mim. Vai ver eu sou mesmo só uma criança com conta no banco e cartão de crédito. Uma menina bobinha presa num corpo de mulher. Pra mim, o que vale a pena nessa vida são as pequenas coisas. Fico feliz quando como chocolate, escrevo, compro maquiagens coloridas, ganho beijo de surpresa, abraço apertado, ouço uma música linda, vejo meus amigos, recebo uma mensaginha no celular e me sinto importante pra alguém.

A verdade é que o que tenho de melhor está bem escondido. Não é qualquer um que consegue ver. Se engana quem acredita que sabe tudo o que sinto e penso. Não gosto de quem tem a pretensão de me analisar logo de início. Tem que esperar pra ver. As surpresas sempre vêm. Mesmo quando você acha que já viu de tudo.

E quem continua aqui, do meu lado, provavelmente já desistiu ou vai desistir de me entender. Essas pessoas acreditam, mesmo sem provas concretas, que o que eu tenho de mais bonito tá aqui dentro, é invisível aos olhos. Quem me quer não acredita em pré-conceitos, primeiras impressões e rótulos. Não sei direito qual o meu tamanho, mas tenho certeza que o meu coração é maior que eu.

...Eu e a comida...

Eu já comi sanduíche de pão com açúcar, quando era criança, por influência do meu tio. Nunca gostei de carne, mas, quando era criança adorava comer espeto de coraçãozinho. Achava bonitinho. Depois que descobri o que era nunca mais comi. Eu já tomei iogurte no supermercado e guardei o pote vazio na prateleira (coisa feia). Já deixei de almoçar pra tomar um sunday. Eu experimento tudo quando estou cozinhando, depois não consigo mais comer. Já passei dias e noites na cozinha por amor. Adoro cozinhar, fazer bolos de aniversário... Mas odeio arrumar a cozinha e sou extremamente bagunceira.

Eu gosto de todos os tipos de queijos. Principalmente os fortes. E morro de nojo de carne crua. Eu nunca vou comer buchada. Nem nada feito com miúdos, partes estranhas de bichos. Nunca na vida. Eu tenho pavor de bife de fígado. Não consigo comer ovo. Não entendo pessoas que comem o doce antes do salgado. E nem quem come banana com comida. Mas gosto de molho agridoce. E do tender com molho de laranja que a minha mãe faz. Odeio maionese com abacaxi e maçã.

Só cozinho com luvas cirúrgicas. Queria gostar de vários tipos de frutas, mas gosto de maça, mamão e banana. Aliás, amo banana assada com açúcar e canela. Queria gostar de goiabada, mas odeio. Principalmente com queijo. Romeu e Julieta? Acho que não tem nada a ver.

O café da manhã é a refeição mais importante pra mim. Adoro pão na chapa com manteiga. Depois passo requeijão em cima. Pode ser pão de queijo também ou misto quente. Pra acompanhar: suco de laranja. Só consigo tomar leite desnatado. Mas encho de chocolate. Só tomo refrigerante diet. Com muito gelo. Que eu como depois.

Adoro comer chocolate derretido no microondas. E leite condensado com ovomaltine. Tomo muito café, mas só no trabalho. Eu adoro frutos do mar. Gosto de todos os tipos de cogumelo comestíveis, exceto os alucinógenos. Adoro comida japonesa. Amo salgadinhos. Daqueles bem baratos. Isopor com sal. Adoro pipoca, com fondor, ou queijo ralado. Também amo aquela pipoca cor de rosa, que tem lá na barraquinha da Praça. Não consigo assistir filme sem comer ou beber alguma coisa.

Passo mal se como nozes. Mas adoro castanha de caju, principalmente com chocolate. Não gosto de chantilly. Amo porções de bar. Adoro cerveja. E vinho. Não gosto de whisky e vodka só com suquinho.

Gosto de halls de morango e de uva verde. Odeio bala de iogurte. Algodão-doce tem gosto de infância pra mim. Trident verde tem gosto de beijo. Tô com vontade.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Eu, modo de usar *

Se olhar pra mim, olhar de verdade, mesmo pela primeira vez você vai perceber como se aproximar. Se calmamente ou simplesmente me calando com um beijo. É preciso prestar atenção nos sinais. Não tem problema cantada ruim. Acho divertido. Mas você pode se enganar, então, acredite em mim: sim é sempre sim, e não, quando dito pela segunda vez é sempre não. A gente pode jogar um pouco, não precisa ser tudo tão na cara. Pessoas que se mostram de primeira são muito desinteressantes. Eu sou transparente. Não sei fingir. Mas calma lá. Isso não quer dizer que você me conhece. Não tenha a pretensão de me analisar logo de início. Deixe passar um tempo. E não tenha medo de surpresas. Elas vêm. Mesmo quando você acha que já viu de tudo.

Adoro acordar e ser acordada com beijos, ou com um abraço forte. Raramente acordo mal-humorada, só quando tomo susto. Odeio tomar susto. E amo sexo de manhã. Tenho um problema com cabelos. É uma aflição esquisita. Não é todo mundo que sabe os locais certos de tocar nos cabelos.

Segure meu rosto quando for me beijar e depois segure a minha nuca. Me beije como se fosse o último beijo da sua vida e me faça perder o ar. Me segure forte pra não me deixar escapar. E quando parecer que eu tô ali, bem na sua mão, não se iluda. Pode ser uma coisa de momento. Mas se continuar, de tédio você não vai poder reclamar.

Não esteja sempre disponível... Me faça sentir a sua falta e ter uma raivinha de vez em quando. Adoro ser surpreendida. Seja independente, mas precise de mim às vezes. Eu também quero precisar de você. Adoro ser mulherzinha, mas só algumas vezes. Cuide de mim, seja forte e grande quando eu estiver chorando. Ache graça quando for alguma bobagem. E se não for me faça caber direitinho dentro do seu abraço.

Cuidado quando for tentar me interpretar. Sou diferente mesmo. Não sou mulher de passar vontade e odeio fazer joguinho. Não gosto de pegação no pé. Mas se eu quiser te ligar eu ligo. Se você tem medo de mulheres que manifestem suas vontades, pode dar meia volta. Comigo não dá mesmo. Tomo a iniciativa de vez em quando, mas gosto de ser conquistada. Gosto de homens que não têm medo de se mostrar e de ligar quando sentem vontade, assim, sem motivo. Mas tem uma coisa, tudo tem limite. Você nunca vai me vencer pelo cansaço. E eu também não vou tentar isso com você. Tenho bom senso.

Me faça rir. Adoro e preciso rir. Mas não sei fingir gargalhada, nem pelo msn. Só sei rir com vontade. É importante que você conheça muitas outras pessoas e lugares antes de mim. Tenha muitas histórias pra me contar, vou me divertir com elas. Não quero ser a primeira, mas quero ser única. Única e especial em alguma coisa.

Não tenha mais cremes que eu e muito menos mais roupas que eu. Não se preocupe tanto com a aparência. Você precisa de uma calça e uma camiseta, bem largadas. Ternos só são sexies quando usados de vez em quando. Quero te achar lindo de moletom furado e meia em um pé só.

Não se preocupe em ser normal. Eu não sou. Seja louco de vez em quando. Faça algumas loucuras por mim, mesmo se me deixar com vergonha. Mas não muita vergonha.

Goste de música. Não ligue pra TV, mas aceite se eu gostar de novela, Gimenez e outros programas fúteis às vezes. Eu também saberei aceitar seus gostos e vontades, mesmo aqueles totalmente diferentes dos meus, desde que sejam seus de verdade. Não finja ser o que não é. Não faça tipo. Eu tenho mania de acreditar nas pessoas. Então, num primeiro momento vou acreditar no que você disse. E se descobrir que a verdade era outra vou me chatear. E não é muito bom quando isso acontece. Nem pra mim, nem pra você.

Não seja perfeito. Não seja meu pai, nem meu escravo. Erre muito. Chore, tome porres. Alguns porres comigo. Ache engraçado o quanto eu fico doida tomando vinho. E se aproveite disso.

Esqueça a educação às vezes. Tenha muitos amigos e saia pra beber com eles e falar bobagens. Seja cobiçado por muitas mulheres. De vez em quando olhe pra elas pra me provocar, mas volte e me diga que quem você quer sou eu. Não tenha medo de falar. E não fale coisas só pra me agradar. Me critique às vezes. Não me deixe ser a dona da verdade. Me agarre quando eu não estiver esperando. Em qualquer lugar que sentir vontade.

Não é fácil entrar aqui, no meu mundo. Tudo que tem aqui dentro é meu e eu gosto muito, mesmo as coisas chatas. A minha bula também tem contra-indicações. Por isso não basta me beijar do jeito que eu gosto. Mas você vai saber como entrar. E quando estiver aqui, pode ficar tranqüilo. Vai valer a pena.

* Livremente inspirado no texto Eu, modo de usar da Martha Medeiros, porque todo mundo deveria vir com bula. Click aqui para ler o texto da Martha...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

... a bagunça e o espelho...

Eu voltei pra casa dos meus pais, depois de sete anos morando fora. Precisava de colo, limites, grana, enfim... voltei. E meu irmão casou, saiu de casa pela primeira vez. Então virei a filha única. Com dois quartos. Um deles virou closet. O do meu irmão. O outro ganhou uma parede pink, TV, DVD, som, um mural com mil fotos e uma tela cheia de frases escritas pelos amigos que eu mais amo. O closet ficou bagunçado. Cheio de coisas que não cabiam ali, nem em lugar nenhum perto de mim. Eu evitava entrar naquele quarto que também era meu. Não queria encarar aquela bagunça assim, de frente. Resolvi respeitar o meu tempo. E aos poucos, fui jogando fora o que conseguia. Mas era muito pouco.

Lá no closet, estava um espelho lindo e grande que eu trouxe da minha antiga casa. Ele estava lá, perdido no meio de um monte de tralhas. Um dia meu irmão disse que queria o espelho pra ele. Minha mãe disse que tudo bem, afinal eu nem ligava praquele espelho. Nossa, fiquei muito brava. Muito mesmo. Tudo aquilo lá era meu e se eu ainda não tinha arrumado era por que, talvez, não estivesse preparada. Não sei explicar como, mas o meu irmão me entendeu. Estranho, por que isso é difícil de acontecer. Mas nesse dia ele me entendeu. E decidiu tomar uma atitude contra esse meu medo de encarar a bagunça que estava naquele closet. E na minha vida também.

Um sábado de manhã ele apareceu. Me acordou. Estava com uma furadeira na mão. “Vamos arrumar aquele closet agora. Vamos tirar toda aquela bagunça de lá e eu vou pendurar o seu espelho”. Eu ri. E fui. Tirei essa manhã pra arrumar tudo e ele me ajudou... Revi fotos, papéis, livros, CDs e toda a minha bagunça que estava lá, escondida. Vi o passado passando por mim em palavras, cheiros, roupas, várias coisas... Parece que tudo virou lembrança. Inofensivas lembranças, mesmo o que já foi ruim. E eu descobri que não tenho medo de bagunça. Nem de começar de novo. Mais uma vez.

Joguei muita coisa fora. Não vou mentir dizendo que foi fácil. Não foi não. Queria manter algumas dessas coisas guardadas. Mas não entendia por que. Aí ele me perguntava: por que exatamente você quer guardar isso? Se eu não tinha explicação, ia pro lixo. Dei várias calças jeans. Muitos sapatos. Encaixotei fotos, cartas. Nesse meio tempo encaixotei também antigos sentimentos e encontrei espaço para os novos. O espelho agora está no lugar dele. Onde eu possa me enxergar. Sem nada pra atrapalhar a minha visão de mim mesma. E eu vi. Meu coração já andou muito, se esborrachou e quebrou em mil pedacinhos. Ficaram alguns arranhões, é verdade. Mas ele é grande. E - mesmo que eu não entenda como - ele ainda tem coragem suficiente pra deixar alguém entrar...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

... o primeiro ...

É o seguinte: eu sou uma otimista. Às vezes faço pose de forte, indiferente, de descrente. Mas eu acredito. Acredito na surpresa. Acredito que o Universo tem um jeito estranho de impedir que a gente pare de acreditar. E é sempre assim, quando a gente acha que desistiu, ele se manifesta. O Universo. E a surpresa. Não adianta, é a vida. A gente cai, se machuca, chora e esbraveja. Aí cansa, desiste. Pensa que tá tudo comum demais pra você. Pessoas iguais que cometem erros iguais. Até que um dia, surpresa! Muda tudo. É como se o Universo te escutasse dizendo “ai que saco, não agüento mais”. Bem naquela hora que você já tinha se acostumado com a mesmice.

E a gente se acostuma tanto que não vê coisas que estão ao nosso lado. Comigo foi assim. Ele estava ali faz tempo. Mas por alguma razão estranha eu não tinha percebido. Não sei se faltava o alinhamento correto dos planetas, como ele diz. Ou se faltava aquele momento onde a gente vê as coisas com clareza, aquele estalo. Enfim... Não dá pra entender como ele podia estar lá e eu não ter visto. Porque ele não tem medo de mim. Não interpreta errado as minhas frases bobas. Me entende e acredita. Não gosta de nada mais ou menos. Gosta de rock, bares e cerveja. Ele gosta de praia, trilhas, palavras simples e meninas complexas. É viciado em café e em comprar CDs. E, além de tudo, tem cheiro de perfume italiano. Tudo bem que não tem chocolate na casa dele. Nem fogão. Dá pra acreditar numa casa sem fogão? Mas tudo bem. Ele me sentiu. Sim, é isso mesmo. SENTIU. Me chamou de linda, criticou minhas unhas de menino e me fez querer ser mulherzinha. A ponto de achar lindo ele abrir a porta do carro. Como assim? Justo eu???

Eu sei que as coisas nem sempre dão certo, mas a gente tem que ousar e desafiar a razão. A verdade é que eu tô aqui pra sentir. Então, dane-se a razão. O que eu sinto agora é que quero estar com ele. Agora. Depois?? Deixa o Universo decidir.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

.... o caderninho preto ....

Escrever sempre foi uma necessidade básica pra mim. Questão de sobrevivência mesmo. Todas as vezes que o que eu sentia não cabia em mim, eu recorria aos meus caderninhos. Centenas de desabafos estão por aí. Divididos entre meus caderninhos coloridos. Hoje encontrei um de capa preta. Senti uma coisa estranha quando o vi. E lembrei que ali dentro estavam pedacinhos soltos de uma fase muito difícil. Dolorida. Ali estavam palavras que descreviam momentos em que eu não me reconhecia. Eu fui injusta. Falei demais. Fui egoísta. Não vi que não era só pra mim que as coisas estavam complicadas. Não era só eu que estava passando por uma fase de transição.

Li tudo de novo. E pensei no efeito que aquelas palavras, na maioria das vezes escritas em momentos de total confusão, possam ter causado na cabeça dele. Ao longo do tempo aprendi que temos que tomar muito cuidado com as palavras. Principalmente quando escrevemos. Por que aquilo que está escrito, está documentado. E pode ser lido sempre. As palavras têm poder. Imagina só quando as palavras são ruins. O efeito pode ser devastador. Não deve ter sido fácil pra ele conviver por longos meses com essas páginas. Um tempo atrás, sem pensar muito, pedi o caderninho de volta. E deixei lá um outro caderninho. De capa vermelha. Onde estavam nossos melhores momentos. Palavras que eu escrevi sorrindo. Foi uma coisa meio inconsciente. E eu entendi que, uma hora ou outra, o meu coração acerta o passo sozinho. Sem ouvir minha cabeça de melão.

Lendo o caderninho preto eu vi que aquelas palavras tinham que ficar no passado. Aquelas palavras soaram pra mim como uma lição de intolerância. E de descontrole. Eu estava fora de mim quando escrevia. Não foi legal entender que eu acabei levando mais problemas para alguém que já tinha os seus. E olha que os problemas dele não eram coisa pouca não. Eram problemas de verdade. Dores de verdade. Mas o lado bom disso tudo é que eu entendo agora coisas que não conseguia entender antes. Eu podia sim ter sido melhor. Mas não fui. Não foi de propósito. Eu não estava preparada. Não entendia o que estava acontecendo comigo. Não sabia como agir diante do turbilhão de sentimentos que tomava conta de mim. E dele. Então eu me perdôo sim. Me perdôo por que aqueles erros fizeram de mim quem eu sou hoje. E eu tenho certeza. Depois de fazer um monte de coisas que eu não entendia, eu passei a saber quem eu sou. Agora eu sei quem eu sou. E aquela lá que escrevia coisas nada agradáveis no caderno preto não sou eu.

E em mim não cabe mais aquele caderno. Ele ficava sozinho no meio de um monte de outros cadernos coloridos que eu adoro ler. Então, eu li mais uma vez. Pra garantir que tinha tirado todas as lições possíveis daquelas páginas doídas. Aí arranquei página por página. Piquei todas elas. Joguei os pedacinhos no lixo. Encapei o caderno com contact. E foi assim que o meu único caderninho preto nasceu de novo. Agora ele é colorido. E cheio de folhas em branco.

terça-feira, 1 de julho de 2008

... e tudo anda assim, tão complicado....

Sabe qual é a verdade? Quem complica a vida somos nós. Tornamos tudo mais difícil por que temos medo da felicidade. Taí, na nossa cara. Em várias histórias. No amor, no trabalho, na família. Tudo complicado. A gente se desencontra. Corre. Se esconde. Fugimos da felicidade por que ela é boa demais. Mas não dura pra sempre. E o medo do fim paralisa.

Eu ainda acredito. Acredito na felicidade. Acredito que a vida vale a pena. E acho que o que faz valer a pena é tão simples que a gente finge que não vê por querermos intensidade em tudo.

Não é suficiente ter saúde, é preciso ser perfeito. Não adianta ter um sapinho bem do interessante. A gente procura o príncipe, que se existisse, assim, igualzinho àquele dos contos de fadas, seria insuportavelmente chato e sem-graça. De que adianta o emprego estável se não é aquele que a gente sonhou?

Mas que fique bem claro, odeio comodismo, conformismo. Gente que se encosta, se acomoda e nunca mais sai de lá. Não acho que basta se contentar com o que se tem e ser feliz. Mas eu acredito que alcança a felicidade aquele que entende suas limitações e não estipula metas impossíveis para aquele momento. Por que o impossível de hoje, pode simplesmente se tornar possível amanhã.

A regra é não forçar a barra. Cada um tem de achar o seu jeito. A sua fórmula. Ninguém é feliz igual. Não existem padrões ou clichês para a felicidade. Você pode casar ou não. Namorar ou não. Ter filhos ou não. Escolher a profissão certa pra você. Ou não. Dá pra ser feliz mesmo assim. Mas não o tempo todo. Por que existem imprevistos. A gente perde. Perde coisas. Perde pessoas. E ninguém gosta de perder. Dói.

Também não dá pra abrir os olhos e encontrar a felicidade lá. Em cima da mesa posta pro café da manhã. A gente não sabe onde ela está. Mas assim, de repente, ela aparece. Ela pode estar onde a gente menos imagina. Pode não ser aquele furacão de sensações, mas pode dar uma paz incrível. Ela pode estar na sala da sua casa, naquele sofá que você ama. No tapete felpudo. Na parede pink do quarto. Numa cervejinha gelada. Num telefonema inesperado. Naquela conversa de horas e horas e horas. Num amor antigo. Nos seus amigos. Numa palavra bonita. Na sua música. Num dia de céu azul. Numa lua cheia. Num beijo bom. Numa gargalhada.

Ser feliz vicia. Mas só é tão bom por que acaba. Pra depois começar de novo. É bom por que a gente sabe que não é feliz. A gente sabe que está feliz. Simples assim.

terça-feira, 17 de junho de 2008

... mais uma sobre insônia ...

Hoje a insônia me dá medo. Tenho medo de não dormir e de repente começar a pensar em você. Assim. Do nada. Faz tempo. Aconteceu muito, mudou muito. O que me assusta também é não saber o que eu fiz com tudo aquilo que eu sentia. Sumiu. Mas eu não sei se eu simplesmente joguei fora, ou escondi num cantinho dentro de mim que eu não consigo mais encontrar. Aquilo tudo ainda pode estar aqui, dentro de mim, e pode voltar um dia. Assim. Do nada.

O que eu sinto agora, nesse momento, é um frio na barriga. Uma angústia que eu não conheço. Não sei se é boa ou ruim. Tenho poucas certezas agora. Sei que sinto a sua falta, mas não sei porque. Não sei se é de você mesmo, ou se é de mim, quando eu tinha você. Não sei se é da gente, ou da nossa história bonita.

Lembro que a gente tinha medo porque o que sentíamos parecia ser grande demais. E parecia não caber dentro da gente. Agora entendo porquê. O que a gente sabia era que a dor que viria depois era grande demais. Não coube em mim. Sofrer dói. E muito. Mas não dá pra explicar como é bom quando passa. Só tem um problema. É tão bom quando você sente que passa, tão bom, que parece que não é verdade. Parece que é mais um capricho do destino. Ele te mostra o quanto é bom, e de repente, tira isso de você.

Não sei dizer o que está acontecendo. Eu não sei onde você está aqui dentro, nem que espaço você ocupa. Mas sei que me dá raiva cada vez que procuro o seu beijo nas outras pessoas. Procuro seu cheiro. A sua voz. Procuro você e não te acho mais. Não me acho mais.

Será que eu acho que te procuro por que ainda não conheci outro beijo que me tirasse o ar? Será que você virou meu parâmetro de comparação? Será que eu to lutando contra o meu inconsciente? A verdade é que não sei dizer mais nada sobre isso. Me faltam argumentos e não dá pra justificar algo que eu não conheço ainda. A mania de sentir demais e pensar de menos está agora sob controle. Mas às vezes eu escapo de mim. Problema meu. Mas sou assim. Preciso de mais tempo. De ar. E, por mais incrível que possa parecer, preciso do silêncio. Do meu. Do seu. E do resto do mundo.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

... Dia dos Namorados às avessas....

Então hoje é Dia dos Namorados. E observando alguns casais, é bem hoje que eu comemoro o fato de estar solteira. Ironicamente, me sinto privilegiada. Me sinto leve, livre e sem preocupações. E olha, juro que não é despeito. Eu sou romântica sim, e acho uma delícia estar apaixonada. Mas só estando solteira é que a gente consegue se preparar para namorar. Logo faz dois anos que eu estou solteira. Desde que comecei com o primeiro namoro nunca ficava solteira mais de dois meses. Engatava um namoro no outro antes de passar a fase da deprê pelo fim do relacionamento anterior. E é só agora, depois de quase dois anos, que eu entendi o lado bom da solteirice.

Não tem nada melhor do que errar pra aprender certo? Então experimente olhar os erros alheios, assim de fora. Nossa, é um laboratório e tanto. Pior é quando a gente se enxerga nos erros dos outros e pensa o quanto fomos estúpidos. Agora, como observadora, tem algumas coisas que eu não suporto, e acredito que não conseguiria repetir num próximo namoro. Por exemplo: brigas públicas. Credo, que péssimo. Todo mundo acompanhando uma discussão ridícula (geralmente por um motivo idiota) como se fosse novela. Tenho vergonha alheia.

Outra coisa insuportável é a falta de confiança. O medo constante de ser trocado. Sair com os amigos? Não pode. E aqueles casais que trocam senha de email e de orkut? Pra mim isso é o fim da picada. É o cúmulo da falta de identidade. Se tem uma coisa que eu quero levar para os meus próximos namoros é quem eu sou agora, sozinha. Eu não quero mais, de repente, virar a metade de alguém e me perder de mim mesma.

A verdade é que só sendo solteira é que a gente consegue se conhecer. Se entender. Entender quem a gente é quando não é dois. E sabe que eu gostei de quem eu me vi agora? É uma delícia se conhecer. Às vezes dói também, por que nem tudo que tem dentro da gente é legal. Mas a liberdade de poder ser quem eu quiser, de ser espontânea, não tem preço.

Não, eu não sou forte o tempo todo. Sou dona do meu nariz, mas às vezes dá vontade de voltar a ser uma menininha boba e apaixonada. A questão é que, agora, não é qualquer um que entra aqui no meu mundo. Tudo que tem aqui dentro é meu e eu não abro mão. Por isso não basta me beijar do jeito que eu gosto. Tá bom, já é um grande passo. Mas não é tudo. Pra entrar aqui, não pode entrar devagarinho. Tem que chegar derrubando tudo. Me invadir e virar meu mundinho no avesso. E aí, pode ficar tranqüilo. Vai valer a pena.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

... distância imaginária...

Coisa boba essa que a gente tem de fingir estar distante. De se fazer de forte. De mostrar pro mundo que não se importa quando tudo o que se queria fazer era o contrário: gritar bem alto o quanto certas coisas, e pessoas, são importantes. Fingir não se importar é muito mais difícil, exige muito mais esforço. A verdadeira proeza não é enganar os outros com a pose de forte, mas conseguir enganar a si mesmo. E quem consegue, se sente vencedor. O dono do mundo por acreditar na sua própria mentira e tomá-la como verdade. Só que, no final das contas, forte mesmo é quem consegue ser fiel ao que se sente. Mesmo quando parece ridículo. Mesmo quando parece absurdo. Porque o que a gente realmente quer é estar perto de todos aqueles que a gente gosta. E admitir isso é coisa pra quem não tem medo.

A gente escolhe algumas pessoas. E quando escolhemos não tem mais volta. Queremos estar perto. Não importa o quanto essas pessoas nos magoem, ou o quanto nós magoamos essas pessoas. As pessoas que continuam ali, de um jeito ou de outro, depois de tudo, são aquelas que valem a pena. Aquelas que têm que estar lá.

E quando estão por perto, não há muito que se falar. Elas nos deixam seguras, mesmo fingindo não se importar. A verdade é que as barreiras que a gente cria não conseguem manter quem realmente importa longe. Mas uma hora a gente tem que escolher. Ou ficamos perdendo tempo traçando linhas imaginárias que bloqueiam nossos passos, ou decidimos atravessar Passar por cima. E perceber que a vista que está ali, bem na frente da nossa barreira imaginária, é tudo o que a gente queria ver. E é tão simples. Só o que temos que fazer é passar pro outro lado. Às vezes, basta abrir os olhos.


segunda-feira, 19 de maio de 2008

... só uma certeza no meio de muitas contradições...

Vem cá. Volta pra cama. Volta pra esquentar meus pés e o meu peito. A gente passa o dia inteiro aqui. Sentindo o cheiro de mato e de terra molhada. Tudo o que a gente precisa hoje tá nesse quarto. Eu, você. O nosso cheiro. Nossos beijos. O seu braço me segurando forte. Seu cabelo bagunçado. Uma cama grande. Um edredom quentinho. O pijama rasgado que você adora. O som que a gente gosta. Nossas roupas jogadas no chão. Pra que mais? A gente se basta.
Você que sempre cuida de mim, me deixa cuidar de você hoje. Me deixa te ajudar a esquecer o mundo lá fora. O que eu quero hoje é te mostrar que você é muito maior do que você pensa. Mais especial. Mais importante. Mais amado e mais querido. Você é mais. Você é do tamanho da minha vida. Do meu mundo. Do tamanho de todos os meus sonhos. É a minha verdade.
Eu sei, tá tudo muito difícil. Às vezes a gente olha e parece que os problemas não têm fim. Que isso não vai passar. Mas no fundo você sabe. E eu também. Não é tudo que a gente consegue mudar. Vai doer. E pode ser que não passe nunca. Mas aí temos que aprender que, na vida, algumas dores vão estar sempre dentro da gente. E isso não nos impede de viver. Por que tudo vale a pena quando temos pessoas com quem contar. Eu estou aqui pra você. Sempre vou estar. Eu e mais algumas pessoas que te amam incondicionalmente.
E mesmo quando a vida é injusta, não tem problema ser feliz. Você merece. Eu também. Aí a gente fica aqui. Onde tudo parece seguro. E aproveita a única certeza que a gente tem, nesse mundo cheio de contradições, absurdos e injustiças: o nosso momento é agora.

maio/2006

terça-feira, 13 de maio de 2008

... falha na comunicação...

Eu não sou pretensiosa a ponto de acreditar que, um dia, vou entender os homens. E também não acho que eles vão nos entender. Mas de uma coisa eu tenho certeza. Todos nós pecamos por ignorarmos as diferenças. E o que tenho notado é que muitos homens perdem momentos que poderiam valer a pena por nos considerarem todas iguais.
O fato é que eles sempre acham que a gente quer namorar. Noivar. Casar. Eles acham impossível uma mulher sair mais de uma vez com alguém sem nenhuma intenção de fazer o cara se comprometer com ela. Vou contar. Sim é possível. Meninos, a gente já aprendeu a separar as coisas faz tempo. Embora muitas digam que não, eu duvi-de-o-dó. Isso não quer dizer que basta ser homem pra gente ficar com vontade de ficar. Não é nada disso. Para a maioria de nós, é preciso uma sintonia. Química. E pelo menos um pouco de conversa. Mas não necessariamente um sentimento que vai virar compromisso.
Não saio por aí ficando com vários caras, embora não condene esse comportamento. Já tive uma fase dessas e vi que não combina comigo. O fato é que, quando fico com alguém, seja lá quem for, me dedico. Mesmo se for só por um dia. Acho que a vida é feita de momentos e a gente tem que aproveitar todos eles. Do melhor jeito possível. Eu sou transparente. Não sei fingir. Mas calma lá. Isso não quer dizer que você me conhece. Não me conformo com homens que têm a pretensão de me analisar logo de início. Não custa deixar passar um tempo. Não precisa ter medo de surpresas. Por que elas vêm. Mesmo quando você acha que já viu de tudo.
Se você tem medo de mulheres que manifestem suas vontades, pode dar meia volta. Comigo não dá mesmo. Tomo a iniciativa de vez em quando, mas gosto de ser conquistada. Gosto de homens que não têm medo de se mostrar e de ligar quando sentem vontade. Mas tem uma coisa, tudo tem limite. Você nunca vai me vencer pelo cansaço. E eu também não vou tentar isso com você. Tenho bom senso.
Cuidado quando for tentar me interpretar. Sou diferente mesmo. Não sou mulher de passar vontade e odeio fazer joguinho. Não gosto de pegação no pé. Mas se eu quiser te ligar eu ligo. Se eu ligar no dia seguinte, sorte sua, isso é muito raro. Mas não exagere, não quer dizer que você é o cara mais importante do mundo. Ou que eu estou apaixonada. Quer dizer simplesmente que eu quis ligar pra você no dia seguinte. E liguei. Simples assim.
A gente gosta de beijar. De conversar. Dar risada e se divertir. Igualzinho a vocês. Quer dizer, a muitos de vocês. Então, se as coisas vão bem no primeiro dia, a gente pode querer mais sim. E isso, definitivamente, não quer dizer que queremos engatar um relacionamento. E é aí que está o perigo. Pronto! Basta a gente dar uma mínima demonstração agradável pro cara achar que te conquistou. E aí ele sai correndo que nem uma criancinha assustada.
Quer dizer, ele pode fazer o que bem entender. Mas se você toma qualquer iniciativa que demonstre que quer manter contato e ele imediatamente pensa: ih, essa aí já se apaixonou, melhor pular fora. Aí ele diz: “somos amigos, né?”. Que amigos o que? Amizade se conquista. E não é beijando na boca. Juro, essa palhaçada me emputece. A gente pode, simplesmente, só querer uma companhia legal, dar uns beijos de vez em quando. E podemos até ficar amigos depois. Nada demais. Mas atropelar as coisas e discutir relação quando ela não existe realmente estraga tudo.
Às vezes a gente diz exatamente o que queremos dizer. Se eu falo: "estava pensando em você hoje", quer dizer, simplesmente, que eu estava pensando em você, só isso, mais nada. Não tem mensagens subliminares. Chega um momento em que a gente pára de se preocupar e faz o dá vontade. Se quero ligar, ligo. Se quero falar, falo. Se tenho vontade de ver, vejo. Isso é praticidade. Só isso e nada mais.
É uma delícia quando a gente alcança esse status super desejado de mulher bem resolvida. Que simplesmente faz o que tem vontade e não se preocupa com as traduções mal feitas das nossas frases. E assim ficamos, por um longo período. Por que a gente também tem medo de se envolver. Assim como vocês. Mas não temos medo de tentar. De aproveitar bons momentos com alguém legal.
Até que um dia, felizmente, alguém consegue quebrar essa barreira enorme que a gente construiu pra não deixar ninguém entrar. É difícil. Mas uma hora aparece um cara que tem coragem de chegar mais perto. Que não tem medo das nossas esquisitices e nem das nossas frases mal colocadas. E a gente deixa. Porque somos livres. Porque temos o direito de acreditar de novo. O direito de ser brega, boba e bem mulherzinha.
* Esse texto já foi postado por aqui, mas foi modificado e atualizado, com novas informações. Por que a gente sempre aprende com eles.

terça-feira, 6 de maio de 2008

...conto de fadas ao contrário...

Era uma vez uma menina que sonhava muito. Sonhava alto. Estudou, batalhou e estava trabalhando onde queria. Onde ela queria naquele momento. Ganhava bem e adorava comprar. Roupas, sapatos, perfumes, maquiagens, tudo de grife de preferência, e sempre com o seu dinheiro. Aí ela arrumou o namorado perfeito. Eles se davam bem, ele tinha um futuro brilhante pela frente. As famílias se adoravam e as coisas corriam como ela queria. Namoraram bastante tempo . Depois se mudaram para um apartamento com uma vista linda pra cidade e uma decoração de revista.
E ela começou a planejar o casamento. Uma festa com tudo aquilo que tinha direito. Vestido de princesa (clean, por favor), festa de arromba, cardápio sofisticado, DJ da moda, 300 convidados e um ano de organização. Ele concordou. Era a festa dela. Dos sonhos de criança. E tinha tantas revistas de noiva e festa pra comprar, tanta coisa pra escolher e decidir que ela meio que parou de pensar nele. No cara que vivia com ela, com quem ela iria casar. Ela parou um pouco e pensou que não sabia o que ele queria. E, com certeza, ele não queria tudo isso. Mas ela nunca tinha ouvido de verdade. Também começou a ter dúvidas sobre o que, realmente, importava pra ela. E foi aí, bem nesse momento, que ela teve um estalo e entendeu que casamento não é uma festa. Não era a festa dela. Pra casar tinha que estar apaixonada. E ela descobriu que não estava. Descobriu que estava pensando tanto nela, que não sabia direito o que era amar alguém.
A menina percebeu que as coisas não eram tão fáceis como ela pensava. Ela viu que tinha roupas de todos os tipos, sapatos e maquiagens pra dar e vender, mas não tinha nenhum centavo guardado. Não tinha nenhuma coisa que era só dela. Carro pra quê? Ela sempre tinha carona. O apartamento era alugado. Depois de trabalhar cinco anos ganhando um salário de dar inveja, ela não tinha nada. Nada além das roupas, sapatos e alguns móveis que não combinavam mais em nenhum lugar.
E só pra complicar mais um pouco, apareceu um moço. Diferente. Dela e da maioria das pessoas que conhecia. Ele não fazia a barba, detestava cortar o cabelo, não ligava pra grife nenhuma, usava chinelo de hippie e calça larga. Ela olhou e, sem entender por que, achou lindo. Ele tocava violão de olhos fechados, tinha covinhas e sabia falar as palavras certas, ou palavras que pareciam erradas, mas, pra ela, faziam todo o sentido do mundo. Ele parecia livre. E ela perdeu o chão por que achou que ser livre era muito mais interessante do que ter uma vida de comercial de cartão de crédito.
Ela descobriu que estava perdida no meio daquela vida que pra todo mundo, parecia quase perfeita. E estava começando a entender quem era. Ela queria ser livre. Poder sentir tudo sem limites. E ela foi. Largou tudo e resolveu começar de novo. Ela não podia mais comprar todas as coisas que queria. Gastou com mudanças, dividiu os móveis da casa e percebeu que ela podia ter comprado só um pouquinho menos de roupas e guardado algum dinheiro.
Teve sorte também. Sem esperar, contou com ajuda de amigos, que ofereceram casa, comida e roupa lavada quando ela não sabia pra onde ir, nem o que fazer ainda. Depois morou sozinha e viu o quanto é difícil se organizar e ser independente. Dividiu a casa com algumas amigas e viu que se já não é nada fácil conviver com os seus próprios defeitos, mais complicado ainda é conviver com os defeitos e problemas dos outros. Se decepcionou, caiu e se quebrou em pedacinhos várias vezes. De repente, tudo tinha ficado difícil.
Mas, nesse meio tempo, ela também viveu uma história linda com o moço do violão. Uma história cheia de música, sensações e sentimentos que nenhum dos dois conhecia. Era tudo colorido, com direito a frio na barriga e beijos de perder o ar. Assim, igualzinho nos filmes. Só que não tinha meio termo. Era tudo muito intenso. Ou muito bom, ou muito ruim.
E além da confusão da cabeça dos dois, a vida tratou de complicar mais um pouquinho. Além do turbilhão de emoções, eles passaram por alguns dos momentos mais difíceis que alguém pode ter. Coisas que doeram de matar, que não têm explicação. Coisas que fizeram a menina entender que a gente pode ter tudo na vida, mas sem saúde e sem as pessoas que a gente ama por perto, fica bem difícil viver. Ela percebeu o quanto dói ver pessoas queridas sofrerem e o quanto é frustrante ser impotente diante de algumas situações que a vida impõe. Eles se ajudaram, sofreram e aprenderam. Depois se separaram.
O moço foi embora. Mas ela ficou e decidiu reescrever a sua história. Depois de mais uma dúzia de novas decepções e outros vários erros que ela cometeu, a menina descobriu que, aquela lá, do começo, era só um esboço da protagonista que ela queria ser. Aquela menina que gostava de roupas caras, baladas e namorados perfeitos é agora uma mulher simples. Que adora se arrumar, ficar bonita e não gasta mais rios de dinheiro pra isso. Ela ainda arruma o cabelo, adora passar lápis preto no olho, não vive sem rímel e blush. Mas acredita que a beleza está na simplicidade e na felicidade de se aceitar como é.
Ela descobriu que não sonha com uma festa de casamento de arromba. Ela não quer nem casamento, muito menos festa com buffet. Ela quer festa sem motivo. Rir com os amigos. Ela quer alguém que tire o chão dos seus pés. Que goste de coisas bobas e mulheres complicadas.
Alguém que acredite em conto de fadas, mas que seja realista também. Que adore noites estreladas... A lua. E que entenda quanta poesia existe nas coisas simples. Alguém que goste de surpresas. Que não tenha medo (por que ela tem muito medo às vezes).
Ela quer parar de se preocupar e rir até a barriga doer quando achar que não tem outro jeito. Chorar junto com alguém quando sentir vontade. Ela quer sentir os cheiros do mundo. O gosto das coisas, das pessoas...Confessar segredos absurdos. Ela quer uma casa cheia de árvores. Grama e terra pra andar descalça. Com vários cachorros. Jardim e lago.
Quem ela quer, é alguém que acredite, como ela, que um dia tudo vai dar certo. No fundo ela sabe, que se as coisas não acontecerem do jeito que ela sonha agora, podem acontecer de um jeito ainda melhor. Por que a história dessa mulher, ainda não chegou nem na segunda página.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

... coisas que eu sei....

Tenho alguns medos agora. Problemas. Previstos e imprevistos. Mas nada disso me impede de sorrir. Nada me impede de acreditar que as coisas estão voltando pro seu lugar. Eu estou no meu lugar. Que é comigo. Com amigos que entendem que eu não sou perfeita, não me julgam mesmo quando não me entendem, me matam de rir e param de fazer perguntas quando sentem que eu não sei as respostas. Como eu poderia não sorrir sabendo que tenho tão poucos amigos, mas que eles são tão bons, e tão meus?

Não é fácil se conhecer. Olhar pra si mesmo e entender os seus defeitos. Pra mim, sei que ainda falta muito. Mas eu não estou com pressa, tenho o meu tempo. Que corre conforme a minha música. Nos últimos anos o ritmo foi um pouco difícil de acompanhar. Minha música saiu do compasso e acelerou demais. De um jeito que eu não conseguia entender. Vivi várias vidas em alguns meses. Surtei, fiz loucuras, sofri e me acabei.

Muitas vezes acordei sem saber quem eu era. Sem gostar de quem eu era naquele momento. E sem ninguém pra segurar minha mão, olhar pra mim e dizer que eu só era alguém normal, passando por uma fase difícil. Doeu. Mas só por isso agora eu posso me olhar e me sentir mais mulher, mais adulta e começar a me entender. Eu não preciso posar de boa moça pra ninguém. Nem pra mim. Agora eu sei que têm algumas coisas aqui dentro que não são muito legais. Mas que são minhas e que eu tenho que aceitar. Mesmo sabendo que eu continuo errando, tropeçando nos meus próprios pés, eu me aceito. Por inteiro.
Quando me aceito, me sinto livre. Liberdade todo mundo tem. Mas se sentir livre, é outra coisa. Não tem explicação. Depois de ouvir tanta gente me julgar sem entender e pensar que eram essas pessoas que me faziam sofrer, eu consegui, finalmente, entender qual era o problema. Podem falar o que for, podem jogar meus erros na minha cara como se nunca tivessem errado. O problema está aqui, comigo. Eu só posso ser vítima de mim mesma. Ninguém mais tem esse poder. O que dói não é o julgamento dos outros, mas o meu julgamento. Eu não quero mais me julgar. Por que entendi que me perdoar é mais difícil do que perdoar as outras pessoas.

Agora eu me perdôo pelas vezes que eu não me respeitei e passei dos meus limites. Por que fui eu que me machuquei. Mais ninguém. E sabe do que mais?? Não aceito mais julgamentos. Ofensas e críticas sem sentido já não me afetam mais como antes. Não engulo mais que falem de mim como se me conhecessem. Minha garganta já fechou de tanto engolir sapos. E as pessoas que me importam são aquelas que me trouxeram um copão cheio de água pra engolir tudo de uma vez e respirar de novo.
Só eu posso saber como é ser eu. E não adianta vir aqui e tentar me parar. É perda de tempo. Nem tudo está bem, mas eu tenho forças pra correr atrás do que eu preciso. Pode demorar. Posso errar a mão. Posso bater com a cara na porta mil vezes. Cair, me machucar, me quebrar em mil pedacinhos. Mesmo assim eu vou. E não adianta. A dor é minha e a cura quem tem sou eu.


segunda-feira, 7 de abril de 2008

... escolha...

Amor a gente não consegue escolher. Acontece. Talvez fosse mais fácil se tivéssemos escolha. Mas a verdade é que, se eu pudesse escolher, ainda assim escolheria você. Sem hipocrisia. Escolheria você naquele momento mesmo. Que era o nosso. Não tinha jeito. No meio de toda aquela confusão a gente se encontrou como tinha que ser.
Tudo bem, a gente sabia que não seria fácil. Mas também não dava pra saber lidar com tanta coisa ao mesmo tempo. Intensidade, problemas, felicidade, dores, algumas certezas e muitas dúvidas. E o meu coração, que não sabia muito dessas coisas de amor, se juntou ao seu, que se sentia pequeno diante de um sentimento gigante e desconhecido. Aconteceu. Mesmo depois das nossas tentativas de fuga. Mas e se existisse escolha, será que a gente mudaria alguma coisa? Afinal, ninguém gosta de sofrer, de errar como a gente errou. Mas foi errando e sofrendo que a gente aprendeu. A gente entendeu que o que a gente teve quase ninguém consegue ter. E a gente aprendeu uma dura verdade: nada que é bom demais vem de graça.
Nos tempos mais difíceis tivemos um ao outro. Nos ajudamos. Nos apoiamos. E tivemos momentos que fizeram tudo valer a pena. Momentos, cheiros, gostos e frases perfeitas que eu não troco por nada. Que são só nossos e nos fazem cúmplices de um crime perfeito. E cumplicidade, meu bem, não é pra qualquer um não. É pra quem pode. 'Bonnie and Clyde' que nada! Nós que sobrevivemos a uma rajada de balas, eles não. Saímos dessa história machucados, mas vivos. E ainda cúlplices.
Quem eu sou hoje tem muito de você. E eu sei que quem você é hoje tem muito de mim. E também sei que hoje a gente gosta da gente. Eu gosto de mim e você gosta de você. Essa não foi uma conquista fácil. Gostar de alguém é muito mais fácil do que gostar de si mesmo. E foi gostando um do outro que a gente aprendeu que não dá pra amar ninguém sem se amar primeiro. Ainda estamos aprendendo, é verdade. Mas os primeiros passos, aqueles mais difíceis, a gente já deu.
E é por isso que ainda sobrou muita coisa aqui. Sobrou uma parte de nós que quer o melhor pro outro. Não importa como, nem com quem, nem quando. O que sentimos é mais do que amizade. Isso é verdade. Não temos interesses escondidos e não somos parte de nenhuma estatística. Não dá pra colocar a gente num pacote e rotular como todo mundo faz. Não tem a resposta mais simples. Aquela que todo mundo entende ou espera. O melhor é que gente percebeu que não importa o que o resto do mundo pensa. O que importa é o que só nós dois sabemos, entendemos e sentimos. E é inútil tentar explicar.
Temos nossos limites. Mas também temos algumas vantagens sobre alguns amigos. Sabemos muito um do outro. Informações privilegiadas. Coisas que quase ninguém sabe. E a intimidade que a gente teve nos dá liberdade pra conversar sobre assuntos que outras pessoas não conseguiriam entender.
Parece complicado, mas pra mim é só uma questão de sorte. Muita sorte. A gente sentiu coisas demais. Doeu. Aí o tempo passou. Vieram fases, mal-entendidos, brigas, amigos... E hoje, depois da tempestade, a gente ainda consegue conversar por horas e se re-conhecer. Lembrar da parte que tínhamos esquecido no meio do turbilhão. Do quanto a gente se diverte e se dá bem, independente de tudo. Do quanto é bom rir de coisas que só a gente sabe. Entendemos que não tem sentido ocupar espaço dentro da gente com coisas que já perderam a validade e que nos impedem de fazer o que temos vontade.
Hoje não existe nada que nos impeça de cultivar uma amizade que nos faz bem. Por mais improvável que possa parecer. Pode ser improvável, difícil e estranho pra muita gente, mas somos a prova de que não é impossível.
Não dá pra explicar a delícia que é te olhar e ver que hoje você me entende de um jeito que não entendia antes. E como é bom te entender também. A gente cresceu e aprendeu a ouvir o outro. A ouvir sem ruídos. Sem egoísmo. E sem confundir os sentimentos. Não, não tem jeito de saber de tudo, entender tudo. Não precisa ter pressa. A gente ainda tem tempo pra entender o que ainda não entendemos agora. Mas o mais importante a gente já percebeu: o que vale a pena nessa vida é ter coisas lindas pra lembrar e alguém com quem contar. Isso tudo a gente têm.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

... quando explicar perde o sentido...

Queria explicar isso aqui que está dentro de mim. Mas não sei se existem palavras que me traduzam agora. Hoje é um daqueles dias em que nada acontece. As horas demoraram a passar. Saí do trabalho e fui pra casa quase como um robô. Não me lembro muito bem do caminho que fiz. Mas cheguei. Cheguei e me lembrei de você. Liguei a TV, mas não consegui me concentrar em nada daquilo. Parecia que você estava ali. Do meu lado. Eu estava cansada, te contando o meu dia estressante. Você me ouvindo e dizendo que adorava me ver vestida de executiva.
Fecho os olhos e coloco minha cabeça no seu peito. Você segura o meu rosto e me cala com um beijo. E aos poucos eu deixo de ser uma jornalista vestida de executiva. E me transformo numa menina boba, apaixonada e louca. E depois, com as nossas roupas todas emboladas no chão, a gente ri. O mundo pára. A gente não fala mais nada. E você encaixa o meu corpo todo no seu abraço forte. Eu estou nua, exposta, aparentemente vulnerável, mas inexplicavelmente segura. Com a certeza de que aquele era o único lugar em que eu queria estar.
Mas a verdade é que eu estava sozinha. Sozinha no meu quarto ouvindo palavras desconexas que pareciam estar vindo da TV. Fiquei lá, meio inconsciente, meu lúcida. Sem entender direito quem eu era. E o que o seu cheiro estava fazendo lá, no meu quarto. Queria sair, enlouquecer, jogar tudo pro alto, beber e esquecer você. Não deu. Fiquei lá. Procurando alguma coisa em mim que eu não sabia o que era. Alguma coisa só minha, que não tivesse você. E o que encontrei foi uma meia barra de chocolate Hershey's e uma camisa larga que você me deu por que eu gostava de dormir com ela. Ali, no chão. E eu me senti assim. Perdida no meu próprio quarto.
Estaria mentindo se dissesse que não senti raiva. Não gosto de me perder. De não ter controle. E eu percebi que não estava conseguindo lutar. Eu já estava caída na lona. Fui a nocaute no primeiro assalto. Você veio, e de um jeito insuportavelmente despretensioso tirou a chance de todas as bocas, abraços e cheiros. Me tomou como sua sem me dar chance de defesa. E me proibiu de ser de qualquer outro.
Eu precisava falar. Mesmo sem você estar lá pra ouvir. Precisava falar que nenhum beijo tirou o meu fôlego como o seu. Nenhuma língua soube percorrer todos os caminhos do meu corpo como a sua. Não adianta usar o mesmo perfume. O seu cheiro, ninguém tem. Até tentam dizer as palavras certas. Mas, você sabe, comigo palavras certas não funcionam. Gosto da surpresa. De uma cantada ruim, que me deixe com cara de boba. Por que quando alguém te rouba o chão, as palavras simplesmente saem. Parecem não ter sentido. E a gente percebe que o lindo da vida, o que faz diferença, é aquilo que a gente sente, mas não consegue entender.
P.S.: Antes que alguém me pergunte, o que escrevo aqui não reflete necessariamente o que eu sinto agora. Esse texto (além de vários outros) foi escrito muito tempo atrás. Mas, como diz a Fê Mello, o bom de escrever é que as palavras não têm prazo de validade. E sempre vão fazer sentido pra alguém.

terça-feira, 1 de abril de 2008

...Ok, você venceu. Chega de batata frita...

Entre as coisas que eu não entendo no mundo estão as pessoas que gostam de academia. Aqueles que malham por prazer. Na verdade, além de não entender, sinto uma pontinha de inveja. Como alguém pode deixar de lado tantas opções junkie existentes na vida para malhar e depois comer uma maçã?? Já tive minha fase de malhadora compulsiva. Aí cansei e decidi ser sedentária forever. Mas diante da pressão das amigas, da sociedade e das minhas calças jeans antigas me rendi e decidi entregar os pontos.

E olha, não é fácil. Depois de meses cultivando o sedentarismo regado a baladinhas durante a semana, cervejas, petiscos e chocolates, eu parei e pensei: é, não estou mal. Meus músculos não são aparentes, minha bunda não é super durinha, mas ainda to bem. Ainda. Aí que a coisa pega. Quando a gente começa a chegar perto dos 30 nossos hormônios começam a gritar. Se antigamente eles gritavam: corre lá ficar grávida que você nasceu pra ser mãe, hoje em dia eles gritam: se você não correr atrás agora, quando fizer trinta vai ser a mais caída do mundo e aí a sua pose de mulher-vaidosa-inteligente e independente vai pro brejo.

Quando você fica muito tempo parada, voltar a fazer exercícios é altamente desanimador no começo. Aí tudo que você quer é ser transparente. O melhor seria ficar invisível naquele ambiente cheio de mulheres que não comem sobremesa, nem carboidratos à noite. Isso sem falar no medo da avaliação física. Quando eu sei que vou ficar ofegante com 10 minutos de bicicleta e vou querer quebrar tudo quando aparecerem com aquela pinça enorme de medir pneus. Se até nossas amigas mais magrinhas conseguem achar algum pneu apertando suavemente com a mão, imagina quando um profissional aparece com uma pinça gigante que consegue encontrar cada centímetro do pneu. E eu nem achava meus pneus tão grandes assim.

Pra mim virou uma questão de honra. Nem tanto pela cara de “não acredito que você está aqui” de todas as pessoas que eu conhecia na academia, mas por que eu preciso fazer alguma coisa mesmo. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo, mas meu corpo pedia pela ginástica e eu não tinha mais pra onde fugir.

Depois da sensação de dever cumprido (não adianta, mas o melhor da academia sempre vai ser a hora que eu estou indo embora) o corpo inteiro começa a doer. Tem gente que diz que é comum, é um sinal de que está funcionando. Na verdade pode ser uma substância anti-ginástica liberada pelo meu cérebro, tentando me fazer desistir. Junto com a dor, escuto vozes bem baixinhas dizendo: “pára com isso, abre uma cerveja e um saco de salgadinho-isopor-com-sal, depois come um chocolate e vai dormir feliz”.

Ainda não sei o que vai acontecer. Provavelmente vou insistir. As vozes estão menos radicais agora e estão chegando a um denominador comum entre o sedentarismo e a malhação. Não, não dá pra me transformar numa mulher-salada com complexo de Barbie do dia pra noite. Mas dá pra maneirar um pouco. Cervejinha agora só no final de semana. Mas alguém aí me explica: final de semana pode começar na quarta-feira se eu for pra academia todo dia?

quarta-feira, 19 de março de 2008

...Sou branca, mas sou limpinha...

Não é segredo que, aqui no Brasil, e em qualquer lugar do mundo, o preconceito existe. Podem tentar dizer que não, varrer pra debaixo do tapete, mas ele ainda ta lá. E a gente tem que correr atrás dos nossos direitos. Se não, nada feito. Pois bem, eu quero ter o direito de ser branquela no verão. E durante o resto do ano. Não gosto de tomar sol, não adianta. Fico vermelha, com mais sardas e, no futuro, rugas. É só olhar a cara de uva passa da Brigitte Bardot, que hoje, com 60 e alguns anos tem cara de 90. E a Catherine Deneuve, chiquérrima, de 60, que sempre fugiu do sol, continua linda, enquanto a pobre Brigitte paga caro pelos seus anos de corpo dourado.

Tá bom, eu não sou a Catherine e nem vivo na Europa. Moro aqui, no Brasil, país tropical, abençoado por Deus. Cheio de garotas de Ipanema, ostentando seu bronze e de mulatas que nem precisam do sol. Elas tem a genética a seu favor. A cor linda é natural, o corpo escultural vem com o pacote e elas quase nunca tem rugas. Pasmem, graças à melanina, nem celulite elas têm. E nós, as pobres-mortais-branquelas, somos alvo fácil do preconceito dos morenos. Por que, vamos combinar, um ser transparente andando numa praia chama atenção. Fica da cor da areia e quando o sol bate dá reflexo. Sabe cocoon? Aqueles ETs brancos e brilhantes? Então, é isso. Ai que saco.

Eu assumo que já tive meus dias de morena. Na verdade algumas tentativas frustradas de me enquadrar na ditadura do bronze. Quando eu era adolescente, cansada de ouvir os meninos me chamarem de “miss polar” (adolescente é cruel mesmo), decidi provar que eu também poderia ter um corpo dourado. Aí fui à praia com aquele bronzeador, super-na-moda da época, “Raquito de sol”. Idéia da minha prima. O máximo que consegui foi ficar com mais de 40º de febre, uma cor linda de camarão rosa e várias noites sem dormir. Também tentei o bronzeamento artificial, quando era hit da indústria de beleza. Só me deu mais sardas. Creme auto-bronzeador? Não funciona, fico cor de laranja. Tipo Ooompa Loompa.

Olha só como são as coisas. Lá, nos tempos coloniais, a galera se enchia de pó de arroz pra ficar com o rosto branco. Era símbolo de status. Hoje, o povo faz bronzeamento a jato pra ficar marrom. Esse mundo é doido mesmo. E os padrões ficam cada vez mais absurdos.

Então, eu assumo e cultivo minha brancura. Não ligo mais pro clamor popular, pros amigos me mandando tomar um solzinho. Danem-se as fotos com flash! Afinal, sou branca, mas sou limpinha. Tenho um bom coração. E vou seguir assim. Eu e meu filtro solar, fator de proteção mil.

segunda-feira, 10 de março de 2008

...

Não gosto da calmaria. Não consigo ser bege. Quero uma explosão de cores, sensações, gostos e cheiros. E foi você quem descobriu o meu lado mais colorido. Você que já foi intenso, apaixonado e muito corajoso pra me mostrar que uma vida sem cor não tem graça. Não posso mensurar, mas imagino e vi de perto, a sua dor, sofrimento e tudo o que te transformou em quem você é hoje. Ou como está hoje e pensa que, simplesmente, é (mas eu não acredito). Comigo acho que foi diferente. Tudo de ruim que eu vi você viver e depois o que eu vivi, junto com você, me fizeram alguém que acredita ainda mais no amor. E que sabe o quanto é bom ter alguém com quem contar de verdade.
E foram nesses momentos, os piores que já vivemos, que eu descobri quem você é. Que a sua alma é pura e que você não mede esforços para ajudar quem ama. Mas você é um só. E seu coração cansou, eu sei. Tudo bem, você pode ter sofrido, se fechado, mudado os seus conceitos e prioridades. Mas mesmo com o coração cansado, você continua sendo aquele cara. Você ainda é aquele cara que gritou numa rodoviária lotada que eu era a mulher da sua vida e que me mostrou que a gente tem que se entregar quando sente uma coisa bonita. Vai ver esse cara taí, perdido dentro de você. E não é por mim que você precisa encontrar esse cara, mas por você. Você merece e as outras pessoas que aparecerem na sua vida merecem também.
Agora, eu sei onde gosto de estar. Não sei banalizar o amor. Eu quero ser tomada inteira por ele. Não gosto de estar na superfície. Não sei inventar paixão. Não me contento com pouco. E não me dou bem com pessoas descartáveis. Também não quero ser descartável. E eu sei que não vale a pena tentar a todo custo preencher um espaço que ainda não está vazio dentro da gente.
O meu coração precisa de tempo. De oxigênio. E de uma boa dose de adrenalina. Porque eu acredito. Acredito em segundo amor. E quero sentir de novo o que já senti por você. Quero alguém que me deixe louca, boba e irremediavelmente feliz. Alguém imperfeito, mas perfeito pra mim. Que tenha força pra dividir comigo o peso de um amor de verdade. Que não tenha medo de sentir. Que saiba que eu sou complicada e teimosa, mas tenho coragem de me mostrar e dar a cara a tapa. É isso. O que eu quero é coragem. Por que mesmo machucada ainda tenho coragem de amar assim. Infinitamente. Sem medo.
E quando ele chegar quero estar inteira. Não sei me dar em pedaços. Já tentei e não dá mesmo. A verdade agora é que eu não sei o quanto consigo ser inteira de novo. Eu não sei o que esse pedacinho de você ainda faz aqui. E nem que lugar ele ocupa. E também já me cansei de tentar entender. Mas sei que eu sou grande. E eu tenho essa mania insuportável de acreditar que o meu coração é maior do que eu.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

... terapia de papel...

Abandonei a terapia. Assim, na cara de pau. Sumi do mapa. Minha psicóloga deve ter confirmado suas suspeitas de que eu sou meio maluca mesmo. Na verdade não sei o que me deu. Acho que tenho preguiça de esperar resultados. Quero tudo na hora. Sou ansiosa.
Meus dias nunca são iguais. Eu nunca sou igual. Às vezes me espanto com uma insegurança que me pega desprevenida. Dá trabalho. Por que não gosto de me sentir fraca. Não gosto de não gostar de mim. E não gosto de me expor. E nesses momentos, toma conta de mim uma menina insegura com tudo, com a imagem, com os sentimentos dos outros, que quer sempre agradar e não consegue dizer não.
E aí parece que fica faltando alguma coisa na minha vida. Sabe aquela história de buscar a sua cara-metade? Alguém que te complete para que juntos se tornem um só? Então, minha cara metade sou eu. E acho que ela tá escondida em algum canto difícil de enxergar. E eu me quero inteira e quero que ele esteja inteiro pra mim. Por que no amor, não existe metade.
Ah, a terapia. Com tantos conflitos internos uma coisa que talvez eu realmente não deveria ter feito é largado a terapia. Mas não adianta. Minha terapia é aqui. Comigo. Com o meu caderno e uma caneta. Às vezes escrevo azul, às vezes preto, às vezes com lápis pra apagar depois ou com canetinhas hidrocor. E é assim que funciona. Terapia de papel. Agora me dá licença que eu vou deitar no meu divã, cheio de palavras e sílabas soltas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ela era tão linda que não parecia de verdade. Tinha os cabelos escuros e lisos, olhos verdes muito claros, bocona carnuda e um corpo escultural. Parecia saída da capa de uma revista. Quando a olhei pela primeira vez fiquei meio intimidada. Com um pouco de ciúme e medo de que, ali, ao lado dela, ele nem me notasse mais. E confesso que tive um certo preconceito. Fiquei buscando defeitos. Como não achei, comecei a pensar: ah, deve ser burra. Ou chata. Começamos a conversar e... a desgraçada ainda era extremamente simpática. Gostei dela. E foi aí que comecei a notar um quê de tristeza naquela menina. Taí, ela era triste. Colocava uma roupa arrasa quarteirão, estampava um sorriso na bocona, mas seus olhos estavam tristes.

A menina, que tem 22 anos, me contou que havia feito onze cirurgias plásticas. Que malhava três horas por dia. Não comia carboidratos a noite. Tudo bem, a beleza tem um preço. Mas sabe o que me assustou? Ela não estava feliz consigo mesma. Achava defeitos no corpão, no rosto, no cabelo e vivia procurando novas técnicas na medicina estética pra corrigir todos os defeitinhos, que ela insistia em encontrar. Não tem como não ser triste vivendo desse jeito. Não tem como não ficar triste buscando uma perfeição que definitivamente não existe. Por que a verdade é que não existe unanimidade. E que padrões de beleza só servem pra deixar as pessoas loucas e inseguras.
Ela se esculpiu. Ficou linda. Mas falta alguma coisa que ela não sabe o que é. Ficou dentro dela um vazio difícil de entender. Por que não existe lipo pro coração. Nem pra alma.

E foi aí, bem nesse momento, que eu me senti linda. Linda e confiante. Não, eu não tenho aquele corpão, não tenho aqueles olhos, não tenho nada daquilo. Eu tenho quadril largo, uso calça 42, tenho sardas só na bochecha e no nariz, um cabelo que sempre me irrita, unhas que parecem de menino, e três tatuagens. Nunca fiz lipo, não piso na academia, adoro cerveja e como tudo o que me dá vontade. Falo palavrão de vez em quando, não sei me sentar como uma dama e gosto de rir bem alto. Mas eu sou eu. Única. E ali, ao lado de uma mulher perfeita, eu me senti linda. No meio de toda a minha imperfeição.

Eu pensei que quando eu me olho no espelho não vejo só o meu corpo. Eu me reconheço. Me conheço. Me gosto. E eu sei que tem gente que gosta de mim assim, desse jeito. Sem tirar nada. Não preciso me matar de malhar, sofrer numa mesa de operação pra me sentir linda. Eu só preciso me sentir. E entender que a minha beleza também existe onde não se pode ver. E sabe de uma coisa? Ele viu.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

... pega na mentira ...

O tempo vai passando. E a gente aprende que todo mundo mente. Até que se prove o contrário. Desde crianças ouvimos que a verdade é sempre a melhor solução, que dizer a verdade nos liberta, enfim, mil coisas. Mas o fato é: mentir é uma necessidade. Nós mentimos pra nós mesmos por que a verdade geralmente dói demais.

Lá no fundo, talvez ninguém queira ouvir. Às vezes dizemos a verdade por que a verdade é tudo o que temos pra dar. Às vezes dizemos a verdade por que a gente precisa gritar bem alto pra ela chegar aos nossos próprios ouvidos. E aqui está a verdade sobre a verdade: machuca. Então a gente mente.

Eu menti pra você. Menti quando disse que estava tudo bem. Menti quando disse que não me importo mais. Menti quando tentei procurar você em outros beijos. Menti quando disse que não sinto ciúme. Menti quando você me disse que estava confuso e eu respondi que sabia exatamente o que queria. Não, eu não sei. Eu achava que sabia, mas não sei. Eu menti também quando te disse, que ao contrário de você, eu não tenho medo. É mentira. Eu estou apavorada.

Ta bom. Eu me entrego. Sou uma impostora. O que vocês todos estão vendo aqui não é exatamente real. Pra falar a verdade, acho que tudo é mentira nesse mundo. Eu minto pra me sentir mais forte. Pra mostrar que eu sou super bem resolvida e não ligo mais pra todas aquelas baboseiras românticas. Eu minto. Ninguém acredita. Nem eu. Nem você.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O fato é que eu preciso de limites. Enquanto você quer, pirar, enlouquecer e fazer tudo o que dá na telha, eu não passo de uma criança que precisa de limites. E eu preciso. Preciso de amigos chatos, de namorados ou de pais ciumentos que saibam exatamente onde estão os meus limites. E me parem.
Às vezes eu preciso de um breque. Por que senão eu vou. E só páro quando eu der com a cara em uma parede. Daí dá um trabalho. Pegar todos os pedacinhos espalhados no chão e colar. Um por um. E nunca fica igual antes. Todas às vezes que me quebro, tem sempre um pedacinho que insiste em sair do lugar e me incomodar. E é aí que eu vejo que preciso de alguém que me pare. Por que ninguém precisa quebrar a cara sempre.
Eu sou assim. Estranha. Louca. Impulsiva. E livre. Liberdade pra mim é isso. É poder ser todas as pessoas que eu quiser. É me aceitar. Respeitar também tudo aquilo o que eu não gosto em mim. É ser livre pra entender que eu tenho fases. E que às vezes eu simplesmente preciso de limites. De alguém que cuide de mim. Que me proteja. E que me ensine. Dá licença? Eu posso.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

...se acaba, não é amor....

Não acredito em amor que acaba. O amor, quando é de verdade, continua sempre lá, mesmo quando o ser amado foi embora. E isso acontece por um motivo simples. A gente ama sem motivos. Sem explicação e sem condições. Não dá pra escolher. E a gente não ama só por que a pessoa está do nosso lado. A gente ama e ponto. Não tem controle. No amor não cabem vinganças, nem ciúme doentio e nem humilhação. Mas cabem mudanças. O amor é tão grande que cabem muitas mudanças dentro dele. Essa é uma das coisas mais lindas sobre o amor. Ele pode ter mil cores, gostos e formas.
Quando a gente encontra alguém que ama de verdade, não tem medo de dizer que vai amar pra sempre. Por que a gente tem certeza. Absoluta. Se o relacionamento acaba, o amor fica. E muda. Por que geralmente não deixa mágoas. Deixa tristeza. Mas uma tristeza que passa e dá lugar ao seu novo amor. Pela mesma pessoa.
É normal a confusão que fica quando quem a gente ama não está mais do nosso lado. A gente sofre, sente saudades e às vezes faz besteira, lógico. Mas isso passa. E o amor, que continua lá, muda. No começo é difícil. Funciona assim: a gente sente uma coisa, mas não sabe como, nem porquê e tem uma dificuldade enorme em lidar com isso.
E é nessa hora que a gente começa, finalmente, a entender que o amor é um sentimento que transcende. Que não existe pra ser entendido. Não precisa de provas concretas. É maior do que aquilo que se vê. É esquisito, intenso e incondicional. A gente não quer a pessoa de volta. Mas ama. Ama e quer que ela seja feliz. Como e com quem ela quiser. Não dói mais. Não existe mais ciúme. Existe preocupação. Carinho. E um monte de outras coisas que cabem dentro do amor. O amor é infinito, não tem prazo de validade. E muda quantas vezes forem necessárias.
Então eu percebi que eu te amo. Talvez falar isso pareça muito forte pra algumas pessoas. Mas não é. Pra mim parece muito simples. Nosso amor mudou. Nós mudamos. Eu tenho a minha vida. Você tem a sua. E temos algumas coisas, pessoas e sentimentos que nos unem. De uma forma que não faz mal. Nem nos prende. Nosso amor é livre.
E o meu coração é grande. Ele é grande e tem uma capacidade de regeneração impressionante. Tanto que dentro de mim cabem vários outros amores além do seu. Inclusive aquele que eu ainda não conheço e que vai fazer o meu mundo girar de novo. Ainda amo minha casa, meus amigos, minha família, meus cachorros. E cada amor é um. Nenhum é igual ao outro. Mas todos eles, todos os meus amores, valem a pena e não têm fim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

... histórias e cicatrizes....

As pessoas têm cicatrizes. De todos os tamanhos, e dos tipos mais absurdos. São elas que contam as histórias. Algumas cicatrizes estão curadas, não doem mais, viraram só cicatrizes. Mas algumas não. Algumas cicatrizes que a gente carrega são fortes. O corte não está mais lá. Mas a dor, a dor fica.
A gente pode ignorar o quanto for. Tomar morfina, colocar band-aid, cobrir com corretivo. Mas essas cicatrizes, e as histórias que vêm junto com elas, sempre arrumam um jeitinho de doer. Num momento em que a gente resolve tirar o curativo só pra ver como ela está. Aí começa a latejar. Também, quem mandou mexer?? E a gente, que já tinha se acostumado com ela quietinha fica sem saber o que fazer. Que remédio tomar.
Bom, eu acho que sem história, nossa vida acabaria num nada. A gente não teria nada que valeria a pena contar. Ou escrever. E às vezes, ter uma cicatriz que dói de vez em quando pode ser um privilégio. Pode significar que o que se viveu é especial e que nem todos têm essa sorte. E não é vergonha nenhuma ter uma cicatriz que quase todo mundo sabe que ela ta lá. Mesmo quando você não mostra. Isso é pra quem pode.
É difícil não ser assombrado por essas marcas que o nosso passado deixou. De tempo em tempo elas sempre voltam. Mas um dia a gente chega num ponto em que temos que escolher. Entre voltar ou seguir em frente. Entre viver de verdade ou ficar parado esperando uma cura para aquela cicatriz que pode não chegar nunca.
Eu escolho seguir em frente. Por que eu não sei o que me espera. Não sei quantos outros machucados eu vou ter que curar. E nem por quanto tempo ainda vou cultivar aquela cicatriz. Mas sei viver, sei tentar. Sei quebrar a cara, consertar e começar tudo de novo. Continuo sem medo de sentir e de amar sem limites. E acredito que a história mais importante de todas é aquela que eu estou começando hoje.

...dia seguinte...

Ela tira a roupa e se olha no espelho. O cabelo estava do jeito que ele deixou. A maquiagem borrada. O corpo dela ainda tinha o cheiro dele. E as marcas que ele deixou. Mas ela estava sozinha. Sozinha, no seu banheiro, olhando o próprio rosto no espelho. Tentando descobrir quem era. Quem ela era depois dele.

Então entrou no chuveiro e chorou baixinho. Se perguntou por que aquilo estava acontecendo. Por que é tão difícil se despedir. Por que as coisas têm que ser assim. Tão complicadas. Tão doloridas. Tão sem explicação.

Tirou a maquiagem. Lavou o cabelo, o corpo e deixou a água correr. Correr e lavar aquele sentimento estranho de não se encontrar mais.

Depois, voltou ao espelho. Se olhou, e não se encontrou. Só ele. Ele ainda estava lá. Banho definitivamente não lava a alma.